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Armando Monteiro Filho, 100 anos - Naquela Mesa está Faltando Ele, por Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti*

10/09/2025 -

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No dia 11 de setembro de 2025, amanhã, portanto, o meu pai faria cem anos. Transcrevo hoje, com imensa saudade, o artigo que escrevi pouco depois de sua morte.

A mesa está posta “com cada coisa em seu lugar”, como na Consoada de Manuel Bandeira. Toalha e guardanapos de linho branco. Pratos brancos com borda azul marinho. Talheres de prata com monograma, cuidadosamente arrumados – garfos à esquerda; facas à direita, com gumes voltados para dentro; colher, garfo e faca de sobremesa na frente de cada prato. Copos acima e à direita. E lavanda de prata à esquerda. Meu pai na cabeceira e minha mãe sempre do seu lado esquerdo. Foi assim por toda uma vida. Mas agora, “Naquela mesa tá faltando ele/ e a saudade dele tá doendo em mim”, como na música que Sergio Bittencourt compôs quando seu pai, Jacob do Bandolim, morreu.

“Naquela mesa ele sentava sempre
E me dizia sempre o que é viver melhor
Naquela mesa ele contava histórias
Que hoje na memória eu guardo e sei de cor
Naquela mesa ele juntava gente
E contava contente o que fez de manhã
E nos seus olhos era tanto brilho
Que mais que seu filho
Eu fiquei seu fã”

Naquela mesa aprendemos, com ele, lições preciosas, que reconhecemos e proclamamos como nosso bem mais precioso. Aprendemos sentimentos de generosidade, solidariedade, lealdade e caráter. Aprendemos que vale sempre a pena ser correto no proceder, e fiel a nossos princípios, em todas as circunstâncias. Aprendemos que devemos praticar o gesto, não porque seja útil ou recompensador; mas apenas, e sobretudo, porque ele deve ser praticado. Aprendemos a reconhecer todos como iguais. A lutar contra as desigualdades sociais que nos oprimem. E a assumir sempre o compromisso com um mundo mais solidário, fraterno e justo. Aprendemos a confiar no tempo que corre; entendendo a importância dos erros e acertos do passado; aceitando, em toda sua amplidão, as dádivas do presente; mas, sobretudo, compreendendo as promessas generosas do futuro. Aprendemos, também, a sonhar. Apenas pelo prazer de sonhar, confiando na grandeza da natureza humana. Alguns desses sonhos foram só sonhos por ter sido breve o tempo ou por não querer o destino.
Ficaram as lições e o exemplo. O orgulho e o privilégio de ser sua filha. Mas também ficou um enorme vazio. Uma tristeza sem fim. A saudade de seu jeito doce e firme, carinhoso e forte, simples e altivo. “Eu não sabia que doía tanto... Naquela mesa tá faltando ele/ E a saudade dele tá doendo em mim”.

*Maria Lecticia Monteiro Cavalcanti é da Academia Pernambucana de Letras.

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