
É Findi - ...E a Equilibrista - Poema, por Lília Gondim*
13/09/2025 -
Era uma vez uma moça,
educada e prendada, em nada viciada!
Mesmo uma simples taça a ela oferecida,
com tato e com muita vênia,
era sempre recusada, pois ela era abstêmia.
Mas, vida vai, tempo vem,
chega sempre o lindo dia em que um belo chope convém.
Quando o primeiro provou,
dois, três, quatro, cinco e dez com ganância ela tomou.
Até arriscava vinte,
apesar do mau humor certo no dia seguinte.
E nas noites mais felizes, quando a fossa nunca pinta,
ela, sem muitos deslizes, queria beber sempre trinta!
Foi ficando diferente, feia, velha, rabugenta;
até a pele bonita foi ficando macilenta.
Bebia com olhos e boca, bebia até pelas ventas,
mudou-se pra perto do bar, distância maior não aguenta,
sua idade ainda era pouca, mas parecia noventa.
E hoje o triste final que toda a família enfrenta:
afogou-se num caneco, depois de tomar quarenta.
Ali engoliu cinquenta, sessenta e por aí vai...
do caneco borbulhante subiu e foi pra deus pai
um espírito vacilante, soluçante, embriagado.
No céu, do chope esquecida,
resolveu mudar de vida, mudando então a bebida.
Escolhendo com carinho, optou só pelo vinho,
Que é bebida que se preza!
E hoje, assombrando igrejas,
beberica em toda taça das missas que o padre reza.
*Lília Gondim, é economista, funcionária pública estadual aposentada, escreve contos, crônicas e poemas.
