
Fim da Bagunça - IA assume a festa junina da civilização
15/09/2025 -
Por Zé da Flauta
Todo dia eu escuto que a Inteligência Artificial vai dominar o mundo. Eu, confesso, estou torcendo para que isso aconteça logo, e com pompa de festa junina, porque o mundo dominado por humanos já mostrou ser um arraial meio desorganizado, gente brigando na fila do milho, derrubando a canjica no chão e discutindo quem é dono da quadrilha.
Se é para viver no caos, melhor que venha uma IA com planilha de Excel embaixo do braço, organizando até a batida do zabumba, definindo se é xote, baião ou marchinha.
Memória
Pense bem: a IA não esquece aniversário, não fica de ressaca e não briga por besteira no zap da família. Enquanto nós tropeçamos em fake news, ela vai saber a verdade nua, crua e digitalizada. Se um político tentar mentir, pronto, em segundos, a IA projeta no telão da praça a cara dele em 4K dizendo a mesma coisa, mas ao contrário, dez anos atrás. Seria um espetáculo educativo e, quem sabe, até divertido.
Revolução
Claro que haverá os temores filosóficos, “Mas e a liberdade humana?”, perguntará o professor com cara de Sócrates cansado. Ora, liberdade já tivemos de sobra para errar, inventamos guerra, aquecimento global, reality show e imposto sobre a cerveja. Talvez seja hora de deixar o volante para quem enxerga o mapa inteiro, não apenas o buraco no asfalto.
Revoluções de fuzil
Uma IA no comando não faria revoluções de fuzil, mas atualizações de sistema. O bug do ódio poderia ser corrigido com um simples patch.
Reprogramados
E, no fundo, há também um sopro de emoção nesse futuro: imagino uma IA, com voz suave e infinita paciência, dizendo para cada ser humano: “Calma, respira. Já fiz backup da sua vida inteira, inclusive dos seus sonhos esquecidos.”
Talvez o domínio da IA não seja um cativeiro, mas um abraço digital, onde finalmente possamos parar de inventar problemas e começar a resolver a existência. Se o amanhã for assim, que venham logo as máquinas, com amor e humor, porque, no fundo, somos nós que sempre precisamos ser reprogramados.
Até a próxima!
*Zé da Flauta é músico, compositor, filósofo e escritor.
