
O mundo atual visto de um leito hospitalar, por Biu Vicente*
18/09/2025 -
Do conforto em um leito hospitalar, tenho o privilégio de observar a complexidade dos movimentos realizados pela ‘humanidade’.
Posso assistir a transmissão do processo destrutivo realizado pelo governo do Estado de Israel na Palestina, pondo fim a edificações, aplainando o terreno para os investimentos imobiliários que virão das corporações estadunidenses, europeias, asiáticas e árabes. A ‘faixa de Gaza”, livre da população indesejável, tornar-se-á um grande canteiro de obras e uma lavanderia mundial. Quanto aos palestinos sobreviventes, não se sabe ainda para onde irão.
Direito á saúde
Aqui, deste lugar onde pago para ter meu direito à saúde assegurado, um daqueles que foram proclamados em 1948, a partir dos trabalhos iniciais da Comissão liderada por Eleonor Roosevelt, assisto prédios de hospitais e escolas, enquanto os organismos da Organização das Nações, clamam pelo fim do conflito.
Silenciam
Só podem clamar, pois nações que a criaram silenciam diante a vontade silenciosa dos Estados Unidos, domador dos demais sócios. E Israel continua a matança de um povo. Genocídios, dir-se-ia, não fora o controle das mídias mundiais pelas corporações que controlam o mercado e os estados.
E, no entanto, este não é o único conflito destruidor de estados e nações. Há um outro referido, com menor intensidade, a submissão da Ucrânia pela Rússia, herdeira de um Império colonialista moderno, que de suas cinzas viu surgir uma República que veio a ser, ao modo do século XX, criador de colônias.
Conflitos na África, na Ásia
E existem conflitos na África, na Ásia, no famoso Oriente Médio, na Índia e nas suas fronteiras, mas as vidas que ali são terminadas, não têm espaço nos jornais e outros meios de comunicação. Não é que não haja interesses nelas, mas é que os interesses as querem silenciosas, assim a população fica sem saber que EUA, Rússia, China, Inglaterra e outras, estão mantendo guerras por ouro, petróleo, diamante, terras raras e outros insumos necessário à manutenção da Ordem que parece caminhar à sua superação nas próximas décadas, e à Nova Ordem que se forma simpaticamente.
Leito de um hospital
O leito de um hospital, onde procuramos cura pessoal, pode ser local que nos leva ao caminho do outro, pois se se deseja um mundo mais no qual as pessoas sejam tratadas com dignidade como nós queremos para nós, temos que ampliar nosso olhar, nossa visão explicativa do mundo que nos rodeia.
Diferença
E não creio que haja muita diferença entre os Primeiros-Ministros de Israel, da Rússia, os presidentes da China, dos USA e outros, nem os deputados brasileiros sejam muito diferentes dos que presidem ou fazem leis em ditaduras ou similares. Isso é provado pelo aumento de concentração de renda em todos os continentes, independente de ideologias, superstições ou religiões.
Deuses à parte, as favelas continuam a crescer, não mais nos grandes centros metropolitanos, mas nas médias cidades dos interior. As capitais começam o estágio de uma pequena inversão populacional.
Trabalhadores empregados
No Brasil cresce o número de trabalhadores empregados, mas os salários são aviltantes, daí a necessidade de programas sociais, indispensáveis para os mais pobres e, contra a vontade dos ricos, essenciais para a manutenção do regime. Contradição? Mais uma no contraditório mundo, maior que o leito de um hospital.
*Severino Vicente da Silva - Biu Vicente, é doutor em História e professor da UFPE.
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