
Obra de Jackson do Pandeiro e Casarão de José Lins se tornam Patrimônio Cultural Imaterial da Paraíba
20/09/2025 -
Por Severino Lopes
O resgate da memória de paraibanos inesquecíveis e a preservação da história. Que relação pode existir entre o paraibano Jackson do Pandeiro que ficou conhecido como o “rei do ritmo”; a Escadaria da Penha que há anos serve de passagem de peregrinos na Capital do estado, e um casarão antigo que serviu de refúgio e inspiração para o escritor José Lins do Rego, um dos maiores romancistas do Nordeste no farto período da cana de açúcar.
Patrimônio
Esta semana, Jackson do Pandeiro, José Lins do Rego e da Escadaria da Penha, se tornaram Patrimônios Culturais Imateriais da Paraíba. A Lei aprovada pela Assembleia Legislativa da Paraíba e publicada no Diário Oficial do Estado (DOE-PB), reconhece o valor cultural e imaterial desses ícones.
A obra de Jackson
A obra de Jackson do Pandeiro, artista e multi-instrumentista paraibano, foi a primeira considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Paraíba.
O rio do ritmo
Conhecido como o “rei do ritmo” José Gomes Filho (1919 - 1982), Jackson do Pandeiro, nasceu na cidade de Alagoa Grande, no Brejo da Paraíba e se mudou para Campina Grande ainda na infância, após a morte do pai.
Em Campina Grande, o nome Jackson do Pandeiro se tornou referência para a cultura e música local, e da cidade ele despontou para palcos de outras regiões do Brasil.
Talento
Pelo talento musical, evidenciado por Jackson cantando ou tocando instrumentos, ele ficou conhecido, então, como Rei do Ritmo, e até hoje é lembrado por milhares de músicos que tocam pandeiro e vários outros instrumentos musicais.
Sucessos
Ao longo da carreira, Jackson gravou sucessos como "Sebastiana", "Chiclete com Banana", "Alô Campina Grande", "O Canto da Ema" e vários outros. Obra cantada por nomes como Elba Ramalho, Gal Costa, Luiz Gonzaga e Gilberto Gil.
O casarão de José Lins
Entrar no universo do paraibano José Lins do Rêgo, inevitavelmente passa pelo casarão onde o escritor nasceu na cidade de Pilar no Brejo paraibano. Foi lá, onde José Lins buscou inspiração e escreveu as suas maiores obras como “Menino de Engenho”, “Cangaceiros” e “Fogo Morto”.
"José Lins do Rego nasceu em 03 de junho de 1901, no engenho Corredor. No mesmo ano, perdeu a mãe, a qual, antes de falecer, pediu que a criança não fosse criada com o seu pai. Assim, os avós ficaram responsáveis pela educação do menino, enquanto o pai, João do Rego Cavalcanti, morava em outra fazenda."

Conjunto Arquitetônico Engenho Corredor
Esta semana, o Conjunto Arquitetônico Engenho Corredor, casa onde nasceu o escritor José Lins do Rego, localizado em Pilar, foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O conjunto arquitetônico inclui quatro edificações: a casa sede, recuperada e restaurada; a casa de purgar, a casa de engenho, que está em ruínas; e a senzala, que também foi restaurada. O tombamento também abrange a área de entorno, que inclui parte da várzea do rio Paraíba, conectando o engenho aos modos de transporte fluvial e ferroviário da época.
Construção do século XIX
O Engenho Corredor é um conjunto arquitetônico construído no século XIX, formado por quatro edificações principais: casa sede, casa de purgar, casa de engenho e senzala.
O local foi o ponto de produção e extração de açúcar e é considerado relevante por preservar a memória do ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste.
Sede
A casa sede é onde nasceu José Lins do Rego, autor de obras como "Menino de Engenho" e "Fogo Morto”, que retratam a vida no engenho e a sociedade da época.
Hoje, o espaço funciona como museu, oferecendo visitas guiadas e preservando a memória literária e cultural da região.

O nascimento
José Lins do Rego nasceu em 1901, em Pilar, na Paraíba, e se tornou um dos escritores mais importantes da literatura brasileira. Suas obras retratam a vida no Nordeste, especialmente o cotidiano dos engenhos de açúcar e a sociedade da época.
Os livros
Entre seus livros mais conhecidos estão "Menino de Engenho" e "Fogo Morto", que mostram os desafios e as tradições das famílias envolvidas na produção açucareira.
Ele morreu em 12 de setembro de 1957, no Rio de Janeiro. É patrono da Academia Paraibana de Letras e ocupou a cadeira n.º 25 da Academia Brasileira de Letras.

Escadaria da Penha
Em meio a polêmica, a Escadaria da Penha, em João Pessoa, também virou Patrimônio Histórico e Cultural Imaterial do estado, conforme lei promulgada pela Assembleia Legislativa da Paraíba.
O reconhecimento foi feito apesar do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico da Paraíba (Iphaep) apontar erro na proposta original. O órgão destaca que a escadaria não se enquadra no conceito de patrimônio imaterial, por se tratar de uma estrutura física, e que deveria ser considerada patrimônio material.
Bens imateriais
Segundo o Iphaep, bens imateriais estão ligados a tradições, saberes, práticas e manifestações culturais, como festas religiosas, músicas, danças, culinária e modos de fazer transmitidos de geração em geração. Já os bens materiais correspondem a construções, edificações e objetos físicos, como igrejas, casarões, monumentos e, naturalmente, escadarias.
O Poder
Fotos: Avervo/Museu José Lins do Rego/Funesc, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e Reprodução / Capa do álbum 'Nossas raízes'