
Registro histórico - Livro sobre o fotógrafo que eternizou as imagens de Padre Cícero e Lampião” será lançado hoje em Pernambuco
20/09/2025 -
Dois personagens que enriqueceram a cultura nordestina. Um foi padre Cícero, um dos sacerdotes mais populares da região, e o outro foi Lampião, famoso por propagar o cangaço.
Admirado
Admirado por Virgulino Ferreira da Silva (1898-1938), vulgo Lampião, e por outros cangaceiros, o religioso se tornou político — foi o primeiro prefeito de Juazeiro do Norte, no Ceará —, era próximo dos coronéis que ali atuavam e tem uma biografia recheada de controvérsias.
O único encontro
Padre Cícero e Lampião encontraram-se uma única vez, em 1926, em Juazeiro do Norte, quando Lampião foi convidado a integrar o "Batalhão Patriótico" para combater a Coluna Prestes, uma proposta que não foi totalmente cumprida. Lampião, que respeitava o Padre Cícero e nunca atuou na área de influência dele, recebeu o título de capitão e armas, mas voltou ao cangaço, mais forte e armado.

Lampião
Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, foi um cangaceiro que liderou um bando de cerca de 40 homens por quase 20 anos. Durante esse período, ele atacou fazendas, cidades e até mesmo delegacias de polícia. Era conhecido por sua crueldade e violência, e temido por muitos.
Herói
Por outro lado, Lampião também era visto como um herói por muitos sertanejos. Ele era conhecido por sua lealdade à sua gente, e muitas vezes defendia os pobres e disputava contra os ricos mais poderosos que ele. Era um homem religioso, que participava de missas e procissões.
O livro de Frederico Pernambucano
Padre Cícero e Lampião, são os personagens principais do novo livro do escritor Frederico Pernambucano.
Trata-se de uma obra que reúne centenas de fotografias e resgata a biografia pouco conhecida desse protagonista da história. O lançamento do livro "Benjamin Abrahão: entre Padre Cícero e Lampião" está marcado para hoje, sábado (20/09) , às 18h, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe).
A obra
A obra, escrita por Frederico Pernambucano de Mello, aborda a trajetória de Benjamin Abrahão, o fotógrafo que registrou imagens do cangaço e foi secretário do Padre Cícero, resgatando a história do cangaço e da cultura do Nordeste brasileiro.
Força do personagem
As primeiras frases do escritor e historiador Frederico Pernambucano de Mello, na introdução do novo título da Cepe Editora, traduzem a força do personagem central do livro: “Na crônica da região mais velha do Brasil, poucas vidas riscaram de modo tão incisivo os traços duros de uma encruzilhada quanto a do imigrante Benjamin Abrahão”.
Desembarcou
Fugindo do alistamento militar, o sírio Benjamin Abrahão desembarcou no Recife em 1915, aos 15 anos de idade, dando início a uma das trajetórias pessoais mais emblemáticas do Nordeste no início do século 20. Ele se tornaria o secretário particular do maior líder religioso da região, padre Cícero Romão Baptista, e autor das imagens que eternizaram Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e seu bando de cangaceiros.
O lançamento
A obra Benjamin Abrahão: entre Padre Cícero e Lampião ganha lançamento a partir das 18h, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe). O evento integra a programação do Cariri Cangaço Recife 2025.
Chega nas livrarias
A edição chega às livrarias mais de uma década depois da primeira publicação da obra. Em 384 páginas, Frederico Pernambucano de Mello, considerado o maior especialista na história do cangaço, revela os caminhos de Benjamin Abrahão (1890-1938) a partir de uma pesquisa cuidadosa realizada ao longo de 40 anos.

Centenas de fotografias
O livro reúne quase uma centena de fotografias e resgata a biografia pouco conhecida desse protagonista da história a partir de livros, revistas, jornais, documentos e entrevistas, como as realizadas pelo autor com os cangaceiros Manoel Dantas Loiola (Candeeiro) e Sérgia Ribeiro da Silva (Dadá). Traz ainda percepções do próprio Benjamin Abrahão registradas em sua caderneta de campo – material recolhido pela polícia quando foi morto, aos 37 anos, com 42 punhaladas, em 7 de maio de 1938, na cidade de Águas Belas (hoje Itaíba).
Revela
Ao enveredar nas trilhas do personagem, Frederico revela as circunstâncias que moviam Benjamin Abrahão e o mundo que o circundava. De início, ao fazer o recorte da chegada do imigrante à capital pernambucana, o autor mostra a Síria sob a violência da Primeira Guerra Mundial (1914-1918); o Recife como um centro econômico regional; os familiares que acolheram o viajante, de formação cristã; e o quanto uma viagem à cidade de Rio Branco, hoje Arcoverde, mudou os rumos de Benjamin, em 1916. Na viagem, após ver centenas de romeiros a caminho do Ceará, ele voltou ao Recife determinado a se mudar para Juazeiro do Norte.
Desenrola
Capítulo após capítulo, o autor desenrola o novelo histórico de Benjamin, que começou a ganhar a vida como comerciante e, a partir de um convite, tornou-se secretário particular de Padre Cícero. Essa relação direta com o sacerdote o levou ao contato com personagens e fatos relevantes da época, como a evolução política do Juazeiro do Norte, a passagem da Coluna Prestes pelo semiárido, os movimentos de Lampião e a ditadura do Estado Novo.

Esforços
Com a morte de Padre Cícero, em 1934, Benjamin Abrahão concentra esforços e coloca em prática o projeto de fotografar e filmar Lampião e seu bando em deslocamentos pelo Nordeste. Essa façanha gerou fama, uma relação com o próprio Lampião (que em bilhete carimbado lhe confere a condição de prestador de serviço, atestando ter sido o sírio a primeira pessoa a filmá-lo), sendo ainda o responsável por deixar para a posteridade a mais completa documentação em imagem sobre o cangaço.
Fôlego narrativo e documental
Para o editor da Cepe, Diogo Guedes, Benjamin Abrahão: entre Padre Cícero e Lampião é mais uma obra de fôlego narrativo e documental do autor. “Frederico Pernambucano de Mello reconstrói a incrível trajetória de Benjamin Abrahão, comerciante incansável e talentoso, que parece ter sempre esbarrado com os grandes eventos históricos do Nordeste nos anos 1920 e 1930 — por acaso ou pelo seu aguçado tino. Esse é um livro essencial para se entender o Nordeste e o cangaço do período”, destaca.
Sobre o autor
Recifense, Frederico Pernambucano de Mello possui formação em história e direito. É membro dos Institutos Históricos de Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe, do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Desde 1988, ocupa a cadeira 36 da Academia Pernambucana de Letras (APL).
Publicou mais de 10 livros sobre a temática do cangaço. Além de Benjamin Abrahão: entre Padre Cícero e Lampião, publicou pela Cepe Editora os livros Guerreiros do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil e Estrelas de couro: a estética do cangaço.
SL
O Poder

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