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A multiplicação dos cursos de medicina Por Roberto Vieira *

23/09/2025 -

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Agora em setembro de 2025, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, suspendeu trechos da Resolução nº 2.434/2025 do Conselho Federal de Medicina (CFM). Essa resolução concedia aos conselhos regionais o poder de interditar cursos de medicina.





A suspensão

A suspensão atendeu a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) apresentada pela Associação dos Mantenedores Independentes Educadores do Ensino Superior (Amies). Mas será que medicina é questão de justiça?

Primeiro

O primeiro curso de medicina no Brasil foi a Escola de Cirurgia da Bahia, criada por D. João VI em 18 de fevereiro de 1808, em Salvador, no antigo Hospital Real Militar. Sua fundação ocorreu após a chegada da Corte Portuguesa, tendo sido a primeira instituição de ensino superior dedicada à formação de médicos no país, com aulas práticas de anatomia e obstetrícia e duração de quatro anos.

1980

Em 1980, havia cerca de 80 cursos de medicina no Brasil. A maioria dessas escolas estava concentrada nas regiões mais desenvolvidas do país, principalmente no eixo Rio de Janeiro-São Paulo-Minas Gerais. Em 1982, iniciei meu curso de medicina na UFPE. Pernambuco tinha dois cursos de medicina, o outro era na antiga FESP.





Explosão

Em um período de aproximadamente 20 anos, o Brasil mais do que triplicou o número de escolas médicas, saltando de 143 em 2004 para 448 em 2025, segundo a Educa Cetrus. As vagas disponíveis também cresceram de forma expressiva, passando de 13.820 em 2004 para 48.491 em 2024. Muitos ficam ricos com a multiplicação dos cursos, mas cabe lembrar o mestre canadense William Osler: medicina é uma arte, não um comércio.

Qualidade

A qualidade dos melhores cursos médicos no Brasil é boa. O problema é a metástase de entidades oferecendo diplomas em troca de quase nada naqueles piores. Tanto que, nossos dirigentes políticos fogem para o Einstein ou Sírio-Libanês, sempre que precisam.






Decidiu

Agora que o ministro decidiu que o CFM não manda nada, o Conselho também pode fazer uma sugestão ao ministro. Da próxima vez que precisar de um médico, ministro, faça como nosso povão é obrigado a fazer: procure profissionais dos piores cursos de medicina do país. Esta realmente é uma questão de justiça.

* Preceptor da Residência de Oftalmologia da Fundação Santa Luzia/Casa Forte e da Uninassau


Roberto Vieira é médico e cronista.
 
NR - Os textos assinados expressam a opinião dos seus autores
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