
Um verdadeiro fenômeno. Nelson Barbalho, historiador mor de Caruaru - Artigo, por Malude Maciel*
24/09/2025 -
Com admiração, compulsava as páginas do jornal Vanguarda, à época, em busca da coluna denominada: Nelseanas, assinada por nada mais, nada menos que Nelson Barbalho, historiador mor de Caruaru, com fama reconhecida, inclusive ele se referia à nossa cidade como "o país de Caruaru". Eu, jovem e entusiasmada, era a maior fã daquele estilo literário, tão despojado e até humorístico que nos brindava semanalmente o magnífico autor com os mais variados assuntos, sem papa na língua e inteirado no cotidiano geral. Seus textos fugiam do lugar comum demonstrando conhecimento das coisas e especialmente da história da nossa terra.
Admirada com aquela maneira interessante com que ele conduzia seus escritos, despertei um desejo de projetar um livro, inspirada também nas demais leituras feitas, como de costume. Ousei procurar o monstro sagrado que residia no bairro de Encruzilhada, no Recife. Foi então que descobri uma pessoa simples, atenciosa e altruísta, descendo de um pedestal que ele nunca deu valor, acolhendo-me como um mestre. Incentivou-me, orientou-me e levou a sério minha pretensão.
Entrar naquele mundo particular, onde com d. Geni me recebeu, foi um privilégio. Ver suas inúmeras produções, não somente nos escritos, mas também nas pesquisas, músicas e composições deixou-me perplexa. Ele tinha muita facilidade em falar, escrever e dominar quaisquer assuntos com desenvoltura e conhecimento, fenomenal mesmo.
Depois do primeiro contato, recebi correspondência semanal até seu falecimento, em 22/10/1993.
Caruaru, nossa terra natal, foi sempre seu tema preferido. Havia muita paixão e apego à "terrinha santa" e Sr. Nelson fazia questão de alardear tal sentimento com ênfase.
Quisera que nossos jovens aprendessem com o legado deixado por Nelson Barbalho que dá nome ao Colégio Estadual de Caruaru, sendo um grandioso patrimônio.
Publicou mais de cinquenta livros e outros a serem lançados, dos quais tenho treze em minha biblioteca todos autografados. Entre eles: Caruaru de Vila a Cidade; Caruaru, cidade Princesa; Caruaru do Cel. João Guilherme; Caruaru do Meu tempo; Baú de Sovina; O Mundo Livre do Major Sinval; Caruaru Nomes e Cognomes; Nordestinidades; Altinho; Recife versus Olinda; Luiz Luna; Os Amigos, etc.
Sua amada filha, Dra. Valéria (Articulista de nosso Jornal O Poder), tem se dedicado à publicação de preciosidades que seu pai não levou ao público, como: José Condé, o romancista de Caruaru, cujo lançamento foi o maior sucesso.
Por tudo isso, são muitas as homenagens ao saudoso Nelson Barbalho e sua famosa música: A morte do vaqueiro, cantada por Luiz Gonzaga, tem sido ao longo dos anos, tema da cerimônia da missa do vaqueiro, em Serrita, sertão nordestino.
Nelson Barbalho representa para nós, caruaruenses, o filho da terra que mais divulgou o nome de Caruaru historicamente e, temos obrigação de sermos gratos pela sua fenomenal existência.
*Malude Maciel, Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras, ACACCIL, cadeira 15 pertencente à professora Sinhazinha.
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