Severino Lopes*

Considerada estratégica para o desenvolvimento do Nordeste, e com as obras paralisadas desde o final de 2016, a Ferrovia Transnordestina no trecho de Pernambuco deve ser retomada até o dia 30 de outubro. Após a concessionária original ter devolvido a concessão do trecho, o Governo Federal anunciou a retomada das obras para 2025, agora com recursos públicos e previsão de licitação.

O anúncio

Esta semana, o ministro dos Transportes, Renan Filho, anunciou o início dos serviços durante reunião com prefeitos pernambucanos.

Edital

A Infra S/A lançará o edital para continuidade das obras do lote SPS-4 da ferrovia, que liga os municípios de Custódia e Arcoverde, totalizando 73 quilômetros de extensão. O investimento previsto é de R$ 200 milhões.

O ministro lembrou que a região está sem frentes de trabalho há mais de uma década.

Economia local

“Há mais de 10 anos não são feitas obras na região. A Infra S/A publicará o edital até o dia 30 de outubro para dar continuidade aos serviços, com o objetivo de entregar esse trecho, gerar emprego e movimentar a economia local”, disse.

De acordo com dados do Ministério dos Transportes, o trecho da ferrovia que vai de Salgueiro a Fortes já tem 179 quilômetros concluídos, o que representa 38% do total da obra em Pernambuco.



PAC

A retomada das obras da Transnordestina, que integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é tratada pelo Governo Federal como prioridade. Para o ministro, o projeto vai além da questão logística.

Segundo ele, os municípios precisam estar preparados para receber esses investimentos, que terão impacto direto na vida da população local, tanto pela sua viabilidade econômica, como por serem instrumentos de promoção do desenvolvimento regional no Nordeste.

O ponto de partida é a cidade de Salgueiro, cuja posição estratégica, equidistante de várias capitais do Nordeste, a transformou em epicentro da Transnordestina.

Porto seco

O ministro Renan Filho também anunciou que a Infra S/A dará início aos estudos para construção de um porto seco com hubs logísticos no Sertão, na região de Salgueiro; e no Agreste, contemplando os municípios de Quipapá e Agrestina.

Terminal

O porto seco funciona como um terminal intermodal para ferrovias e rodovias, sendo uma estrutura de conexão dos modais a um porto marítimo. Um porto seco pode incluir instalações para armazenamento e manutenção de mercadorias.

A instalação desse tipo de estrutura permite aliviar a pressão por espaço alfandegário nos portos marítimos. Além de facilitar o escoamento de produção em cidades do interior do estado, o porto seco deve reduzir custos logísticos, aumentando o desenvolvimento regional.



O início

Iniciadas em 2006, as obras deste trecho da Transnordestina estão paralisadas, pelo menos, desde 2016. Em setembro do ano passado, o Governo Federal, via Infra, contratou um consórcio para fazer os projetos básico e executivos do trecho pernambucano da ferrovia por R$ 15,2 milhões .

Os trilhos da ferrovia Transnordestina passam por sobre o canal da transposição do Rio São Francisco. Uma obra para integrar e fortalecer a economia do Nordeste.

A paralisação

De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), o contrato atual da obra previa que a ferrovia deveria ter sido concluída no fim de janeiro. Em uma década, no entanto, apenas 600 km de trilhos foram colocados em 1.753 da extensão total.

O trecho Salgueiro-Suape terá cerca de 534 km, sendo que mais de 170 km já foram implantados entre as cidades de Salgueiro e Custódia. Falta a implantação de cerca de 370 km que têm um preço estimado em R$ 5 bilhões.

*Severino Lopes é editor regional de O PODER