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A Cachaça nossa de cada dia - Do engenho ao copo

30/09/2025 -

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Por Zé da Flauta*


A cachaça é mais do que um destilado, é a alma líquida do Brasil. Nasceu nos engenhos coloniais, como quem chega de mansinho entre tachos fumegantes e o doce cheiro da rapadura. Ganhou apelidos de respeito e de malícia: pinga, branquinha, aguardente. Foi moeda de troca, calmante de dor, lenitivo de amor não correspondido, é a prova de que a cana, antes chicoteada para virar açúcar de exportação, encontrou sua libertação na forma de gole.

Fama internacional

Hoje, fala-se em bilhões de litros de produção, em registros do MAPA, em exportações tímidas que mal arranham a fama internacional. Mas quem bebe cachaça no Brasil sabe que a estatística nunca cabe no copo. Pernambuco, por exemplo, não entra na conta apenas com números, entra com história.


Engenhos

Dos engenhos da Zona da Mata, que já foram palco de suor, canavial e revolta, nasceu a tradição de transformar a cana em poesia engarrafada. Ali não se fabrica apenas bebida, mas memória. Cada dose é uma aula de história, do açúcar que financiou batalhas ao gole que hoje brinda nossa cultura.





Sotaque do Recife

Basta dizer, se a cachaça fosse rainha, Pernambuco seria seu trono. É lá que o forró encontra seu parceiro inseparável, que o carnaval se aquece antes do frevo, que a ressaca filosofa sobre a vida ao nascer do sol em Olinda.

Cachaça pernambucana

A cachaça pernambucana não é só combustível da festa, é documento cultural. É no gole de uma pitú, de uma caranguejo, de uma artesanal guardada em barril de jequitibá, que se reconhece o sotaque do Recife e a coragem de um povo que nunca recusa um brinde.

Reflexão

Fabricar cachaça é um ato técnico; bebê-la, um ato social; mas compreendê-la, aí sim, é um ato filosófico. Pois quem levanta um copo de cachaça em Pernambuco não está apenas bebendo, está compartilhando uma ideia, a de que alegria também é patrimônio, que festa também é política, e que, se a vida é dura, o gole pode ser doce.

Até a próxima!

*Zé da Flauta é músico, compositor, filósofo e escritor.



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