A Libido no Idoso

Apimentar a Relação

Eles se casam no flor da idade, não é preciso estímulos para Eros se apresentar, pois os corpos são hormônios em brasa. Mas vem o tempo, vêm os filhos, as dívidas, os cartões de crédito, as preocupações. O sexo já não se inflama como antes, é preciso apimentar a relação com criatividade e muita, muita safadeza. Trilhar caminhos nunca antes percorridos pela libido, ser inventivo.

Sexo na Velhice

No entanto, a idade avança, vêm os netos, o pendão moralista rebenta com toda força. A cama, nessa altura, é para um bom sono, e não para severgonhice de velho. Tudo se acomoda, o sexo do casal atrofia. A libido está prestes a ganhar aposentadoria compulsória. Não há muito o que fazer, é o percurso natural da vida, pensam vovô e vovó. Na sociedade há um certo tabu quando o assunto é sexo na velhice. Velho é pra tomar conta dos netos, não pra fazer sexo.

É Bom Procurar o Médico

Há muito tempo conheci uma senhora de 75 anos que falava de sexo com muita vontade, naturalidade e vigor. Por isso era duramente criticada pelas amigas e parentes. Quem já se viu uma velha com esse fogo, é bom procurar um médico, diz o senso comum. Até o prazer foi arrancado a fórceps dos velhos. Por que um idoso, uma senhora, não pode falar das suas taras, das suas solitárias masturbações, da descoberta do brinquedinho, do seu desejo, ter prazer do jeito que pode, com joelho inchado, cheia de dores nas articulações? Parece haver um bloqueio psíquico com o sexo nessa altura da vida, o qual é confundido com o envelhecimento do corpo físico. O medo de não poder, não conseguir ereção, em grande parte está na cabeça e não nos vasos cavernosos.





Estimular a Libido

Inspirado nessa senhora e no meu saudoso pai que aos 80 anos se divertia como podia com uma mulher nova, escrevi um conto "O Tesão idoso". Criei uma personagem cheia de personalidade e irreverência, uma senhora de 75 anos que vai de encontro à corrente que diz que velho é pra vestir pijama, cuidar dos netinhos e fazer tricô. Depois de sofrer com a viuvez de um casamento que durou 53 anos, ela conhece um idoso de 65 anos, aparência de 55. Em seis meses de convívio ela experimentou sensações eróticas que nunca sonhou existir nos seus 53 anos de casada. Ao lado do novo amor, aprendeu a estimular a libido com muita criatividade no café da manhã, nas compras do supermercado, no carro, nas conversas com as amigas falando de sacanagem sem culpa e com muito prazer. O novo namorado sessentão lhe proporcionou intimidade na cama, na cozinha, na rede, no mar, que não cabia freios e nem contrapesos. O sexo se revelou como estrela no até então apático céu da anciã.


*Romero Falcão, é um cronista que se arrisca a fazer poema torto, autor do livro: Asas das Horas, com prefácio do Prof. José Nivaldo.


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