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O coração pulsante da Torre - Do açúcar ao algodão Por Zé da Flauta*

02/10/2025 -

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Poucos recifenses sabem que, por trás da pressa dos carros e da pressa dos dias, o bairro da Torre guarda um passado de ferro, suor e fé. Onde hoje se erguem edifícios, antes havia o Engenho do Rosário, erguido no século XVI. Um engenho como tantos, até ganhar a alcunha que o eternizou: Engenho da Torre, por causa da torre da igrejinha de Nossa Senhora do Rosário, que ainda resiste.
 
Pela chaminé
 
Com o tempo, a cana cedeu lugar ao algodão, e ali nasceu um dos maiores símbolos da industrialização pernambucana: a Fábrica da Torre. De suas máquinas barulhentas saíam tecidos que corriam pelo mundo. Ao redor, multiplicaram-se vilas operárias, ruas alinhadas, iluminação a gás, bonde cortando o bairro como fio de costura. Era um Recife moderno, que respirava pela chaminé da Torre.
 
Garantia
 
No auge, mais de 1.400 trabalhadores cruzavam os portões todos os dias. Muitos perderam dedos, visão, saúde, mas não perderam a esperança. Criaram devoções, ergueram cantos a Santa Luzia, acreditaram que o futuro podia ser tecido com linhas de algodão. A fábrica era dura, mas era também a garantia do pão, da escola para os filhos, da vida comunitária em torno das vilas.
 
Ruínas
 
Em 1982, o silêncio tomou o lugar das máquinas. As portas se fecharam, e a Torre acordou sem seu coração pulsante. Parte do que sobrou virou ruína, outra parte cedeu ao apetite da especulação imobiliária. Mas não tudo. A igrejinha continua de pé, a antiga casa-grande virou escola, e a velha chaminé, magra e altiva, ainda aponta para o céu como quem não aceita o esquecimento.
 
O eco
 
O bairro da Torre hoje é nobre, valorizado, mas sua verdadeira riqueza está em sua memória. Cada pedra guardada, cada parede tombada, é a lembrança de um Recife que ousou se reinventar. O passado não é um estorvo, é identidade.
 
E quem caminha pela Torre, se escutar com atenção, ainda pode ouvir o som das máquinas, os cantos de fé, o burburinho das vilas. O eco de uma cidade que, como o frevo, nunca para.
 
Até a próxima!
 
*Zé da Flauta é músico, compositor, filósofo e escritor.

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