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Entre o símbolo e a ordem: A Palestina radicalizada, o lumpemproletariado da esquerda e a bifurcação de Trump

03/10/2025 -

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Por Jorge Henrique de Freitas Pinho*
 
 
"Paz sem ordem é trégua; justiça sem limite é caos."
 
1. Preâmbulo — A questão palestina como teatro ideológico
 
O conflito entre Israel e os palestinos não é apenas uma disputa de territórios: é um teatro político. Ao longo de décadas, a dor real do povo palestino foi convertida em símbolo, transformando sofrimento em capital político útil a ideologias alheias à vida concreta de quem sofre.
 
Ruína
 
Cada ruína em Gaza vira cartaz; cada corpo tombado, manchete e bandeira para causas da esquerda mundial. A guerra tornou-se uma máquina de indignação estratégica, alimentada pelo ódio e pela miséria, sempre imputada aos conservadores e a Israel.
 
Quem mais lucra com esse teatro não é Israel, mas os grupos radicais palestinos — sobretudo o Hamas — e a esquerda mundial, que encontrou na Palestina o lumpemproletariado perfeito: eterno, sofredor e politicamente útil.
 
2. Shalom e a inteireza traída
 
Na tradição judaica, shalom não é ausência de guerra, mas inteireza. Para que haja paz, é preciso tzimtzum (contenção do excesso) e tikkun (reparo do que foi quebrado).
 
Em Gaza, não há contenção: há excesso de ódio e manipulação. Não há reparo: a dor é cultivada como ativo político. A Palestina radicalizada tornou-se um vaso estilhaçado (Shevirat ha-Kelim), incapaz de conter a luz da vida, aprisionada numa casca ideológica (kelipá).
 
Não é o povo palestino
 
O problema não é o povo palestino em si — a diáspora prova que ele pode florescer em sociedades abertas, como no Brasil —, mas a ideologia que o impede de se reconstruir.
 
3. Realismo clássico: paz pela força e pela autoridade
 
A filosofia política clássica não tinha ilusões. Para gregos e romanos, paz não era conciliação sentimental, mas ordem imposta pela autoridade. A pax romana só existiu porque Roma tinha força para impor limites.
 
Aplicando esse realismo ao presente: Israel não é o polo radical, mas o ator de contenção. O núcleo incendiário está em Gaza, no Hamas e em parte da liderança palestina que perpetua o conflito.
 
Por isso, a paz não depende de concessões adicionais de Israel, mas da capacidade palestina de aceitar a proposta de paz dos Estados Unidos. Se não o fizer, restará apenas a contenção pela força legítima.
 
4. Os Acordos de Abraão: pragmatismo contra o ressentimento
 
Os Acordos de Abraão, firmados entre Israel e países árabes como Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão, mudaram a moldura histórica do problema.
 
Ao normalizar relações, esses países romperam a narrativa de que “todos os árabes são inimigos de Israel”. Criaram pontes de segurança, comércio e tecnologia, isolando os radicais palestinos e desmontando o capital simbólico da esquerda mundial.
 
Em vez de trincheiras ideológicas, surgiram contratos e cooperação. Foi o primeiro tijolo de uma arquitetura de futuro.
 
5. A bifurcação de Trump: escolhas em vez de slogans
 
O plano de Trump para Gaza foi a tradução prática dos Acordos de Abraão. Nada de promessas vagas: uma engenharia de escolhas claras.
 
Aceitar: desarmamento do Hamas, governança de transição com participação árabe e internacional, reconstrução de Gaza com bilhões em investimentos, dignidade e prosperidade.
 
Rejeitar: legitimidade para Israel agir com firmeza contra o Hamas, com apoio tácito ou explícito dos signatários árabes.
 
Sem meio-termo, sem slogans. Pela primeira vez em décadas, os palestinos deixavam de ser tratados como vítimas eternas e passavam a ser chamados à responsabilidade por seu destino.
 
6. O lumpemproletariado como capital simbólico da esquerda
 
Desde a Guerra Fria, a esquerda descobriu que o lumpemproletariado — a massa marginalizada — podia ser transformado em ícone político. O palestino em Gaza tornou-se esse ícone: não interessa que prospere, interessa que sofra.
 
O Hamas explora essa engrenagem internamente; a esquerda mundial, externamente. Cada cadáver vira bandeira, cada escombro, cartaz. O palestino deixa de ser pai, mãe ou trabalhador e passa a ser peça de propaganda em um espetáculo de indignação.
 
7. Diáspora e realidade: palestinos em paz no Brasil
 
A experiência brasileira prova o contrário: palestinos aqui prosperaram. Tornaram-se comerciantes, profissionais respeitados, cidadãos integrados — convivendo em harmonia com judeus.
 
Eles sabem que o problema não é a etnia, mas a radicalização em Gaza. A confusão nasce de uma esquerda militante que insiste em manter a chama do ressentimento acesa, mesmo longe da realidade.
 
8. Inversão estratégica: do ícone à pessoa responsável
 
O plano de Trump faz a inversão: o palestino deixa de ser ícone intocável para ser sujeito responsável. Aceitar leva à reconstrução; rejeitar, ao isolamento.
 
O sofrimento não é mais capital político, mas consequência de escolhas. Essa é a ruptura filosófica: da vitimização simbólica à responsabilidade concreta.
 
9. Força legítima e limites morais
 
Israel, como ator de contenção, tem o dever de usar a força. Mas essa força só é legítima quando respeita três pilares: proporcionalidade, proteção de inocentes e auditoria externa.
 
É o que Israel busca: avisos prévios antes de bombardeios, corredores humanitários, aceitação de monitoramento internacional.
 
O Hamas, ao contrário, pratica violência ilegítima: usa civis como escudos, constrói túneis sob escolas e hospitais, fabrica tragédias para convertê-las em propaganda. O resultado é devastador para o próprio povo palestino.
 
A distinção é clara: Israel busca conter; os radicais palestinos ultrapassam todos os limites morais.
 
10. Governança de transição: a prova da seriedade
 
Nenhum plano de paz sobrevive sem instituições. O de Trump prevê uma administração transitória em Gaza: tecnocratas palestinos sem vínculos militares, supervisionados por parceiros árabes e observadores internacionais.
 
A reconstrução seria condicionada: recursos só liberados conforme metas verificáveis — água, energia, escolas, hospitais. Caso haja desvios, suspensão imediata.
 
Não é retórica: é uma arquitetura de futuro.
 
11. Dialética do ressentimento e sua ruptura
 
Hegel chamava de “má infinidade” o ciclo sem síntese. O Hamas opera nessa lógica: cada derrota vira combustível para nova revolta, cada mártir, bandeira.
 
Romper exige dois movimentos: quebrar a máquina militar dos radicais e oferecer vida digna à população. Só quando prosperidade superar o ressentimento, o ciclo se rompe.
 
12. Conclusão — O fim da indústria da indignação
 
O que se disputa em Gaza é mais que paz regional: é o fim de uma indústria global que converte tragédia em capital político.
 
Acordos de Abraão
 
Os Acordos de Abraão abriram a moldura pragmática. O plano de Trump ofereceu a bifurcação decisiva: aceitar e reconstruir ou rejeitar e assumir a guerra.
 
Agora, a responsabilidade não repousa sobre Israel, mas sobre a fração radicalizada palestina e a esquerda mundial que lucra com o sofrimento.
 
O símbolo esgotou-se; o sujeito reaparece.
 
13. Epílogo — Entre a torcida e a abundância
 
Não surpreende que a mídia esquerdista internacional trate o plano com sarcasmo. Mais do que análise, o que se vê é torcida: o desejo de que nada funcione.
 
Mas a realidade é teimosa: os EUA conduzem uma agenda que alia pragmatismo à prosperidade. A abundância tem força filosófica própria: dissolve ressentimentos, desfaz slogans.
 
O Brasil mostra isso: mesmo sob desastres de governos de esquerda, sua energia criativa sobreviveu, desmontando a ilusão de que slogans substituem pão ou educação.
 
Gaza
 
O mesmo pode ocorrer em Gaza: prosperidade é mais forte que ódio, vida mais poderosa que retórica.
 
A encruzilhada é clara: ou se multiplica a miséria, ou se ergue uma arquitetura de vida.
 
13.1. Entre o Céu e o Inferno
 
Conta a tradição rabínica que um homem foi conduzido, após a morte, a ver o céu e o inferno. Em ambos, uma mesa farta de banquetes. Mas havia uma condição: cotovelos rígidos impediam cada um de levar alimento à própria boca.
 
No inferno, todos tentavam comer sozinhos, em desespero. No céu, cada um alimentava o outro — e todos se saciavam.
 
Essa parábola é também a história de Israel. Em 1948, ressurgindo dos escombros, sem abundância, escolheu partilhar: transformou deserto em tecnologia, ameaça em resiliência, pedra em colheita.
 
Enquanto radicais transformam abundância em desespero, Israel prova que é possível transformar escassez em prosperidade.
 
Os judeus de Israel escolheram o céu em 1948; os palestinos de Gaza ainda podem escolhê-lo hoje.
 
*Jorge Pinho é advogado, ex-PGE do Amazonas e pensador.
 
NR - Os textos assinados refletem a opinião dos seus autores. O Poder acolhe e estimula o livre e democrático confronto elevado de ideias.

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