
Ministério da Justiça: Governo não descarta ligação do metanol com crime organizado
07/10/2025 -
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse hoje que o governo federal não descarta a participação do crime organizado nos casos de intoxicação por metanol. A hipótese, citada depois de reunião com o setor produtivo, já foi negada pelo governo de São Paulo. Em fala a jornalistas, o ministro ressaltou que as investigações estão embrionárias, mas que a PF atua em duas frentes: verificar se o metanol tem origem vegetal ou fóssil. “Se esse metanol tiver origem em combustíveis fósseis, trata-se de outra hipótese de investigação. Todos sabem que recentemente tivemos uma grande operação na área de combustíveis, em que muitos caminhões foram abandonados. Essa é uma das versões que está sendo investigada pela Polícia Federal”, afirmou Lewandowski, se referindo às Operações Tank e Carbono Oculto, que mirou a lavagem de dinheiro no setor de combustíveis e fintechs.
O ministério público para explorar a vertente criminosa
O ministro declarou que, quando se fala em crime organizado, não necessariamente está relacionado a facções “cujas siglas não gosto de repetir”. O PCC está diretamente envolvido nas operações. Disse ainda que pode “solicitar eventualmente a cooperação do ministério público para explorar a vertente criminosa”. Segundo Lewandowski, o governo também apura eventuais fraudes aduaneiras e comércio irregular pela internet. A prioridade é “separar o joio do trigo” e punir quem adulterou bebidas intencionalmente. Como encaminhamento, o Ministério da Justiça anunciou a criação de um comitê informal para troca de informações, monitoramento de providências e integração de laboratórios e órgãos de fiscalização. Uma página no site do ministério também será criada para divulgar encaminhamentos. Participaram do encontro a Abrabe, a ABBD, a CNI, o FNCP e a ABCF, além de representantes dos ministérios da Agricultura, Saúde, Indústria e Comércio e da Receita Federal.

30 estabelecimentos suspeitos
O governo federal identificou 30 estabelecimentos suspeitos e 25 distribuidores ou associações foram notificados para prestar informações sobre possíveis irregularidades. Segundo o secretário Paulo Henrique Pereira, a maioria das ocorrências está concentrada no Estado de São Paulo, mas também há registros em Pernambuco e no Paraná. As empresas têm 48 horas para apresentar informações. As punições previstas incluem multas, interdição e cassação de alvarás. A Senacom estruturou 3 frentes de trabalho para lidar com o caso: informação – comunicação rápida entre autoridades e setor privado; fiscalização e repressão – identificar fornecedores de bebidas adulteradas; e soluções técnicas – articulação com centros de pesquisa e desenvolvimento de testes rápidos.