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Adilson Gomes, patrimônio da política Pernambucana, torna-se amanhã cidadão de Camaragibe

08/10/2025 -

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Por José Nivaldo Junior

A data é 09 de outubro de 2025. Às 18h. O local é o Plenário da Câmara Municipal de Camaragibe. A solenidade é a entrega do título de Cidadão Camaragibense a uma das grandes referências da política Pernambucana. Adilson Gomes, um dos mais persistentes, coerentes e operosos militantes democráticos de Pernambuco. São 81 anos de vida, sempre no lado certo da história.

Depoimento pessoal

Conhecemos, Leonardo Cavalcanti e eu, Adilson e seu então parceiro Bezerrinha altas horas de um dia de semana. Início de 1973. Na época, nós dois, mais Dionary Sarmento, éramos os diretores do legendário jornal 'Reflexo', da Faculdade de Direito do Recife. A primeira publicação estudantil, após o AI5 e a Uniao dos Estudantes de Pernambuco ser fechada, a circular, sem se submeter à censura prévia imposta pela ditadura. Pois bem, rodar o 'Reflexo', em mimeógrafo a tinta, com melhor qualidade, era uma novela e uma aventura. Procuramos Jarbas Vasconcelos, então presidente do MDB, o único partido de oposição ao governo militar. Jarbas recomendou procurar Adilson, tarde da noite, na sede do partido, na Avenida Conde da Boa Vista. Nos esgueiramos nas sombras, batemos na porta. Abriu uma fresta, nos identificamos, entramos rapidamente. Era Adilson.
Saímos com a primeira de algumas edições do jornal rodadas naquelas circunstâncias. Ou seja, admiramos Adilson à primeira vista. A longa estrada desde então só fez acrescentar os sentimentos positivos e aprofundar uma amizade, quase sempre sem convivência salvo em ambientes políticos, mas emoldurada por um profundo respeito a um ser humano extraordinário.

Adilson

Atuou quase sempre nos bastidores, até fugindo dos holofotes. Cumprindo missões partidárias e políticas com a dedicação de um apóstolo. Colocando os interesses pessoais sempre em segundo plano. Merece ser reconhecido como cidadão de camaragibe, do Brasil, do planeta inteiro. Como bem defibiu Brecht, os seres humanos especiais lutam a vida inteira.



Perfil retirado dos nossos arquivos

Adilson Gomes Silva, pernambucano de Moreno, filho de Milton Gomes Silva e Iracema Gomes Silva, casado, pai de dois filhos e avô de sete netos, nasceu no dia 16 de outubro de 1944. Com uma infância sofrida, agravada com o falecimento de sua genitora quando ainda tinha sete anos de idade, serviu ao Exército brasileiro no 14º Regimento de Infantaria, em Jaboatão dos Guararapes, chegando ao posto de Cabo.

Começo humilde

Ingressou na Assembléia Legislativa do Estado de Pernambucano em junho de 1962, na função auxiliar de serviços e responsável pelo gabinete privativo dos deputados, batizado pela imprensa de “buraco frio”. Em novembro do mesmo ano, é efetivado na função de ascensorista, sendo promovido à função de assistente de plenário, trabalhando nos gabinetes da Maioria (então líder, deputado Marco Maciel) e posteriormente no gabinete da Minoria (então líder, deputado Jarbas Vasconcelos). Neste período, teve a oportunidade de exercer o cargo de Chefe de Gabinete da Liderança da Minoria, vindo a se aposentar deste Poder Legislativo em 1995.

Enfrentando o golpe

Logo após o Golpe Militar, no ano de 1965, houve uma eleição suplementar para preencher uma vaga de deputado federal no estado, tendo em vista as inúmeras cassações ocorridas. Adilson Gomes foi designado delegado do PTB para as eleições em Moreno.

Fundador do MDB

Atuante militante político, Adilson foi um dos fundadores do Movimento Democrático Brasileiro – MDB, em Pernambuco, no ano de 1966. No ano de 1972 elege-se vereador da cidade de Moreno, sendo o mais votado do partido, tendo nos operários das tecelagens locais e estudantes sua maior base eleitoral. Ressalte-se que, à época, vereador não recebia subsídio.

UVP

No exercício do mandato, além de se destacar como uma das vozes mais incômodas à gestão do então prefeito Ozias Gomes de Mendonça, ajuda a fundar a União dos Vereadores de Pernambuco – UVP, ocupando a 1ª vice-presidência de sua primeira gestão (o presidente era o vereador do Recife, Expedito Corrêa).

Nos momentos difíceis

O destaque em sua atuação na Câmara Municipal do Moreno faz com que, nas eleições de 1976, seja convocado pelo partido para disputar a eleição de Prefeito por uma das sub-legendas. Entretanto, os nomes do MDB não obtiveram êxito.

Campanhas democráticas

Com ativa presença na formação do MDB, começa a percorrer o estado em companhia das principais lideranças de oposição ao regime golpista. Integra as coordenações das campanhas majoritárias de José Ermírio de Morais (senador, 1970), Marcos Freire (senador, 1974) e Jarbas Vasconcelos (senador, 1978).

Arraes e Marcos Freire

Em 1979, participa da organização da recepção ao ex-governador Miguel Arraes após o exílio. O comício, no Largo de Santo Amaro, ocorrido no dia 16 de setembro, intitulado ArraesTaí, atraiu mais de 50 mil pessoas. Em 1980, o MDB passa a se chamar PMDB (com seu registro definitivo sendo concedido em junho de 1981). No ano seguinte, Adilson participa das campanhas de Marcos Freire (governador) e Cid Sampaio (senador), sacrificando sua tentativa de retorno à vereança de Moreno naquela eleição vinculada. Nesta eleição, finalmente, a oposição municipal chega ao poder em Moreno através do professor Edvard Bernardo. Adilson Gomes é nomeado para o cargo de Assessor Adjunto do Gabinete do Prefeito, onde é instalada uma mesa de trabalho ao lado da de Edvard, para marcar a importância do aliado no processo histórico da cidade.



Miguel Arraes

Chegamos ao ano de 1985 e com ele a volta das eleições para prefeito das capitais no Brasil. Os deputados federais Jarbas Vasconcelos e Miguel Arraes se insurgem contra uma intervenção governamental no PMDB estadual e o primeiro é lançado candidato a prefeito do Recife, abrigado no PSB. A confirmação da vitória dá mais força à campanha pelo retorno no ano seguinte do governador Miguel Arraes, que fora deposto em 1964.

Campanha de Lula

Com bastante experiência em campanhas majoritárias, aliado ao profundo conhecimento do interior do estado, Adilson Gomes recebe o convite de Miguel Arraes para ser um dos coordenadores de sua campanha. Após a histórica vitória nas urnas, Arraes convoca Adilson para fazer parte de sua Assessoria Especial. Em 1989, participa da coordenação estadual da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva, na primeira eleição presidencial após a redemocratização, ao lado de Francisco Rocha, Rochinha (PT).

PSB

Um ano depois, acompanha o governador Miguel Arraes na desfiliação do PMDB e ingressa no Partido Socialista Brasileiro – PSB. A partir de então, passa a integrar os Diretórios do PSB (nacional e estadual), bem como da Fundação João Mangabeira (no Conselho Curador). Integrou todas as Comissões Executivas Estaduais do PSB até os dias atuais (em sua maioria, como Secretário Geral, posto atual).

Ação no interior

Em 1994, novamente é convocado por Miguel Arraes para atuar em sua coordenação do interior. Arraes eleito, mais uma vez recruta Adilson Gomes para o seu Governo, desta feita ocupando o cargo de Chefe Adjunto de Gabinete do Governador. Deixa o Governo em 1998 para atuar, novamente, na coordenação do interior na reeleição, sem sucesso, do governador Arraes.

Eduardo Campos

Passa a integrar o gabinete do então líder do PSB na Câmara dos Deputados, o deputado federal Eduardo Campos. Atua destacadamente ao lado de diversos companheiros no trabalho de recuperação política do PSB em Pernambuco, que culminou com a expressiva e histórica vitória de Eduardo Campos ao Governo do Estado nas eleições de 2006.



Assessoria especial

Convocado pelo Governador Eduardo Campos, passa a integrar sua Assessoria Especial, ajudando-o no processo de retomada do desenvolvimento pernambucano, iniciado pelo ex-presidente Lula e continuado pela presidenta Dilma Rousseff.

Paulo Câmara

Em 2014, atuou na coordenação da vitoriosa eleição de Paulo Câmara, o escolhido por Eduardo para liderar a Frente Popular de Pernambuco. No governo Paulo, atuou como Gerente de Articulação Regional da secretaria da Casa Civil durante os 8 anos de mandato. Paulo Câmara foi reeleito em 2018.

Senado

Por falar em 2018, Adilson recebeu a convocação da Frente Popular para ser segundo suplente de senador de Jarbas Vasconcelos, seu amigo de cinco décadas. Com a renúncia do senador Jarbas Vasconcelos, tornou-se 1º suplente do Senador Fernando Dueire. O mandato encerra-se em 2026.

Projeto

Um homem como Adilson nunca para de sonhar e combater. Seu projeto agora: João Campos, governador de Pernambuco. Como Eduardo. Como Arraes.

*José Nivaldo Junior, advogado, historiador, publicitário é diretor de O Poder. Da Academia Pernambucana de Letras. Fã de carteirinha de Adilson Gomes.
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