
Entrevista - Natanael Sarmento lança novo livro ambientado nos 'anos de chumbo'
08/10/2025 -
Muito já foi dito sobre a ditadura que assolou o Brasil entre abril de 1964 e março de 1985. Porém, muito ainda há para dizer. O professor, escritor e militante politico Natanael Sarmento lança uma obra instigante para quem se interessa pelo tema. Fomos conversar com ele.
O Poder - 'A morte simulada de um espião da ditadura e outras trampas' é o seu novo livro. Como o define?
Natanael - Considero um folhetim ficcional, baseado em fatos reais, com cenário no período da Ditadura de 1964. Sob o terror da repressão e o contraponto das lutas da resistência democrática e revolucionária do povo brasileiro, abordamos a luta dos melhores ou imprescindíveis como diria Brechet.
O Poder - Dá pra falar das " outras trampas'?
Natanael - Basicamente o conluio criminoso das classes dominantes brasileiras, grandes empresários, multinacionais e o imperialismo na espoliação das riquezas nacionais, alienação da soberania, endividamento externo, brutal exploração da classe trabalhadora, terrorismo de Estado nos crimes de torturas e assassinatos, a corrupção desenfreada do “Milagre brasileiro”, a propaganda fascista enganadora da nação, a censura e manipulação da imprensa, em linhas gerais.

O Poder - O Senhor fala em " mistérios do aquém a serem desvendados. Adoramos a frase. O que quer dizer exatamente com ela?
Natanael – Como os Segredos de Polichinelos que todos sabiam mas não podiam comentar porque era crime “contra a Segurança Nacional” denunciar os casos de corrupção e demais crimes da Ditadura. A lembrar a frase do Ministro Armando Falcão “Nada a declarar”, ficava a versão oficial de “misteriosos” desaparecimento de pessoas ou de vultosas quantias em bancos suíços e paraísos fiscais e ficava por isso mesmo, sem solução.
O Poder - Como o senhor define sua militância estudantil contra a ditadura?
Natanael - Defino como uma cidadania ativa em defesa da liberdade, da democracia e de uma sociedade mais justa e igualitária, sem as abissais e imorais disparidades desse projeto de civilização sem civilidade alguma, exploradora, capitalista, de poucos ricos e muitos pobres e miseráveis.
O Poder - E como se define hoje?
Natanael - Um marxista-leninista septuagenário que enfrenta as mesmas lutas políticas e ideológicas com mais experiência e maior convicção. Quando jovem era contestado pela inexperiência, os inimigos do socialismo diziam que eu abandonaria “essas ideias” quando amadurecesse. Hoje idoso na forma da lei escuto que me mantenho comunista apenas para não negar a minha história que no fundo “eu não acredito”. Isso é luta ideológica! A burguesia e seus ideólogos não aceitam e desprezam o pensamento científico e revolucionário de um comunista, porque mexe com seus privilégios, e não porque se é jovem, ou idoso teimoso.

O Poder - Como o livro está sendo comercializado?
Natanael - O livro está sendo comercializado por compras solicitadas virtualmente, FB, Instagran, WhatsApp durante a pré venda. Teremos um cronogramas de lançamento presencial dezembro, no Recife e outras cidades pelo Brasil.
O Poder – O que gostaria de acrescentar?
Natanael - Acredito no poder transformador das palavras e da cultura. O dinheiro arrecadado deste e outros livros é destinados à causa do socialismo, ao Centro Cultural Manoel Lisboa, uma trincheira cultural socialista, a movimentos sociais quais Frente Negra Revolucionária, Movimento Luta de Classes, Movimento de Mulheres Olga Benário, Movimento Luta de Bairros e Favelas, União da Juventude Rebelião e outros presentes na luta do nosso povo em defesa do poder popular e do socialismo.
Breve perfil
Natanael Sarmento, nasceu em Natal-RN, 1953. Radicado no Recife desde 1972. Professor, advogado e escritor. Colabora com os jornais A Verdade e O Poder. Militante comunista desde a juventude, atualmente atua no Diretório Nacional da Unidade Popular Pelo Socialismo – UP. Tem obras publicadas em história, sociologia, economia política, direito e literatura editadas em São Paulo, Rio Grande do Norte e Pernambuco e Lisboa. Dentre outras, 'A Breve História da Nova Lusitânia' (1999); 'Perfume de Gardênia' (2005); 'O Hipopótamo'
(2009); 'Aventuras do Soldado Zé de Bia' (2014); 'O Bandido Que Virou Santo' (2015); 'Às Armas Camaradas' vol. 1º (2016) e vol. 2º (2017); 'Marxismo e Direito' (2018); Porque Ser Comunista' (2021); 'Memorial do Paquiderme' (2022) e 'As Ideias Políticas Na História – Das Cavernas às redes digitais' (2024). 'A Morte Simulada de Um Espião da Ditadura e outras Trampas' é o 21 livro do autor.
