
É Findi - Livro e Criança: Binômio Inseparável - Crônica, por Maria Inês Machado*
11/10/2025 -
12 de outubro de 2025 — Encerramento da Bienal do Livro. Dia da Criança. Coincidência?
Questionamento pertinente. Parece capricho do destino; todavia, há encontros que o acaso disfarça de acaso, mas que, na realidade, se constituem em binômios inseparáveis.
A leitura tem o cheiro da aprendizagem. O livro é recurso que acompanha a vida humana. Para tanto, reveste-se de mil folhagens, mas não permanece na superficialidade.
Quando se adentra na leitura desse precioso tesouro, a aprendizagem e as descobertas ganham teor magnífico. É através, pois, da leitura, entre outros processos, que a criança visualiza e internaliza conteúdos que irão pautar todo o seu desenvolvimento.
A Bienal do Livro é um laboratório de descobertas. É a magia da infância.
Caminhando pelos corredores da feira, embora ela esteja se esvaziando, percebe-se o eco dos risos de crianças que descobriram, nas páginas dos livros, uma nova forma de existência. Percebo uma menina abraçando um livro: parece que segura um brinquedo desejado. Ao lado, um menino folheia cada página em ritmo lento; parece querer guardar no coração as palavras que irão virar lembranças.
O livro, nas mãos de uma criança, ganha outra dimensão. É a magia de transformar o simples em infinito. Ali não estão apenas a tinta e o papel: trata-se de um território de descobertas, espelho que reflete as emoções, convite ao entendimento do mundo sem a necessidade de decifrá-lo por completo.
Quando a criança adentra pela leitura, vai ao encontro do reconhecimento das emoções: medo, alegria, surpresa. Ali, ela reinventa o próprio olhar. Parece que as feridas encontram acolhimento e as alegrias criam asas.
Ler e contar histórias para as crianças é um ato de amor silencioso, sem aplausos.
Qualquer modalidade de leitura: individual, em grupo, entre outras é plantação de frutos invisíveis: sementes de empatia, (cognitiva e afetiva) sensibilidade, criatividade, imaginação, prudência, liderança e amor. Incontáveis... O aplauso é interno, da alma.
Logo mais, quando os apertos e as decepções naturais da vida surgirem, o alimento virá desses frutos.
Despedida da Bienal. Recolhimento dos livros, estandes, cartazes e sonhos.
Porém, a criança que saiu de lá com um olhar curioso e interrogador leva consigo uma biblioteca inteira. Mundos foram abertos e, provavelmente, nunca mais se fechem, porque ler é brincar de ser eterno.
E a infância é o nosso primeiro capítulo.
*Maria Inês Machado é psicóloga, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e em Intervenção Psicossocial à família. Possui formação em contação de histórias pela FAFIRE e pelo Espaço Zumbaiar. Gosta de escrever contos que retratam os recortes da vida. Autora do livro infantojuvenil 'A Cidade das Flores'.
