
Aniversário - Campina Grande completa 161 anos de emancipação política, sob o signo do desenvolvimento e da inovação
11/10/2025 -
Severino Lopes*
Uma cidade venturosa. Em que o progresso se expande. Um recanto abençoado do Brasil. Capital do trabalho e da paz. Oficina de ilustres varões e Canaã de leais forasteiros. O hino composto por Fernando Silveira (autor da letra) e imortalizado pelo maestro Antônio Guimarães (autor da música), retrata bem a história de Campina Grande.
A data
Considerada uma das cidades mais importantes do Nordeste, Campina Grande celebra neste sábado (11/10), 161 anos de existência. Conhecida também como a Rainha da Borborema, a cidade é palco de histórias que misturam tradição e modernidade, além de guardar um patrimônio cultural que emociona quem nasceu aqui e encanta quem chega para visitar.
Berço do saber, fonte de inspiração para poetas, passagem obrigatória dos tropeiros, cidade de vanguarda, e interposto comercial, Campina não para de surpreender. Cantada em versos e prosas por poetas e compositores, a cidade tem características próprias que a tornam uma das mais acolhedoras do Nordeste e refúgio para “ilustres forasteiros”.

Ruas e avenidas
Passear pelas ruas, avenidas, praças e monumentos da Rainha da Borborema é fazer um mergulho na história e descobrir uma riqueza que transcende os prédios históricos e a bravura do seu povo.
Campina da Feira Central, do Teatro Municipal Severino Cabral, do Parque Evaldo Cruz, da Praça da Bandeira, do Parque do Povo, do Açude Velho, cartão postal da cidade com o seu emblemático monumento aos Pioneiros; do Parque da Criança, do açude de Bodocongó, da avenida Floriano Peixoto, da Maciel Pinheiro, da Marquês do Herval e Venâncio Neiva e dos Museus Históricos e do Algodão.
Museu
O Museu do Algodão preserva a história da cultura algodoeira que tornou Campina Grande um importante centro econômico regional. Instalado em antiga fábrica têxtil, exibe máquinas históricas e documentos da época áurea.
A Feira Central funciona desde 1864 e oferece produtos artesanais, roupas e alimentos típicos nordestinos. É uma das maiores feiras livres do Brasil, movimentando economia local e preservando tradições comerciais. Turistas encontram couro, redes e especiarias regionais.
Floriano Peixoto
A Avenida Floriano Peixoto faz parte da história da cidade. Um dos maiores corredores viários da Rainha da Borborema, a avenida surgiu nas proximidades da Catedral Diocesana Nossa Senhora da Conceição, no Centro, em meados de 1698 — e tem cerca de oito quilômetros de extensão cortando parte da cidade.
Os principais prédios antigos existentes em Campina Grande, seguem preservados e estão na Floriano Peixoto. É o caso do Museu Histórico de Campina Grande, que já foi Senado da Câmara, Museu do Telégrafo e Cadeia Municipal. No prédio construído mais de 200 anos atrás, entre 1812 e 1814, Frei Caneca, um dos líderes da Confederação do Equador, ficou preso por uma noite, antes de ser levado para ser fuzilado no Recife.
As torres da Catedral
As torres do que hoje é a Catedral de Nossa Senhora da Conceição são visíveis em vários pontos de Campina Grande. Naquele mesmo local, a primeira Igreja foi construída no alto do lugarejo, há mais de dois séculos e meio, em meados de 1.769.
Em entrevista a O Poder, o presidente do Instituto Histórico de Campina Grande, (IHCG), Vanderley Brito, enfatizou que a cidade soube tirar vantagem de muitos momentos históricos e de sua posição estratégica para se reinventar, tornando-se uma cidade futurista, moderna, com característica de metrópole e um dos municípios que mais cresce no interior do Nordeste.
“Desde os seus primórdios, Campina Grande tem essa capacidade de se reinventar em todas as oportunidades que surgem. A cidade já nasceu sob o signo do comércio, desde os tempos dos indígenas. A feira de Campina Grande sempre foi famosa, dinâmica e pulsante. Quando chegou a ponta da linha do trem em 1907, Campina mais uma vez soube tirar proveito daquele momento histórico” observou.

Percorreu
O historiador enfatizou que para chegar à condição de uma grande cidade que domina a região da Borborema, Campina Grande, percorreu todo um trajeto. A chegada da linha férrea, o apogeu do algodão e outros fatores foram importantes para coloca-la nos trilhos do desenvolvimento e promover o progresso. Mas a mola propulsora de tudo, conforme destacou Vanderley Brito, foi a sagacidade e luta do seu povo.
A fundação
Fundada em 1697 e elevada à categoria de cidade em 11 de outubro de 1864, Campina Grande celebra 161 anos de história e inovação. Essa combinação única faz da cidade um lugar especial, onde a rica cultura nordestina se encontra com o desenvolvimento tecnológico. Sagacidade, perspicácia e luta, são marcas indeléveis do povo da cidade que escreveu uma história marcada por lutas, conquistas, desafios e feitos históricos.
Nascida em berço de ouro branco e enquanto estratégico ponto comercial dos tropeiros, a antiga Vila Nova da Rainha, Campina não para de se reinventar, e atualmente envia talentos da tecnologia para outros países, respira cultura e se alimenta da própria memória.
Seis momentos históricos
Ao longo do tempo, Campina viveu pelo menos seis importantes fatos que foram decisivos para o seu crescimento, desde a chegada de Teodósio de Oliveira Ledo em 1697 e o consequente aldeamento; a emancipação política em 1864; a saga dos Tropeiros; a conquista da luz elétrica que impulsionou o progresso; a chegada do trem em 2 de outubro de 1907, e o ciclo da cultura e do algodão.
A cidade também é destaque na cultura, tendo como o seu carro chefe, o Maior São João do Mundo, além do Festival de Inverno, e os eventos religiosos realizados durante o período do carnaval.

Polo tecnológico
Campina Grande abriga o maior polo tecnológico do Nordeste, com empresas de software e startups inovadoras. A cidade se destaca pela formação de profissionais qualificados e pela criação de soluções tecnológicas, o que a posiciona como uma das mais inovadoras do Brasil.
A Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) formam profissionais que atuam em grandes empresas nacionais e internacionais. Graças a esse potencial, Campina Grande chegou a ser reconhecida como um "Vale do Silício nordestino" ou "Vale do Silício brasileiro" devido à sua forte tradição histórica e atual em tecnologia e inovação, abrigando o maior polo tecnológico do Nordeste com universidades de excelência, um parque tecnológico e diversas startups de ponta.
Oásis de oportunidades
A revista norte-americana Newsweek chegou a destacar a cidade como um oásis de oportunidades e empregos ligados a empresas de tecnologia. O Parque Tecnológico concentra incubadoras de empresas e projetos de pesquisa aplicada. Campina Grande exporta soluções tecnológicas para todo Brasil e exterior.
Sob o signo do desenvolvimento e do progresso, Campina Grande chega aos seus 161 anos como cidade de vanguarda, um comércio pujante, e um polo educacional e tecnológico consolidado. Entre a riqueza do passado, e a memória de seus desbravadores, ela fixa os olhares para o futuro, sempre reservado para o seu povo, as oportunidades para superar crises, vencer desafios e recomeçar na busca por novos sonhos.
*Severino Lopes é editor regional de O Poder