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Bancas de jornais e revistas de Campina Grande resistem e mantêm viva a cultura impressa

11/10/2025 -

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Severino Lopes*

Uma cidade onde ainda se folheia. Uma tradição antiga, que atravessa gerações mas resiste à modernidade. Antigamente, elas eram poderosas. Durante muito tempo faziam parte da rotina de várias cidades. Vendiam dezenas de jornais e revistas por dia. Davam um bom lucro. Mas, com a chegada da internet, as bancas de jornais e revistas precisaram se reinventar, afinal, pouca gente está aparecendo para comprar periódicos.

Mesmo com a modernidade e o advento das mídias digitais e das redes sociais, algumas registem e ainda seguem vivas. Reinvenção é a palavra que define o momento atual desses estabelecimentos no Brasil, local que, no passado, era a principal fonte de venda desses impressos.

Marcaram época

As tradicionais bancas de jornal marcaram época em Campina Grande e mesmo diante das transformações trazidas pela era digital, continuam atraindo público. No tempo em que os três principais jornais do estado circulavam na cidade, elas atraiam muita gente. Logo cedo o movimento era grande com as manchetes estampadas nas páginas dos periódicos. O tempo passou. Os jornais deixaram de circular e outros migraram para a parte online. Elas permanecem.

Na semana em que Campina Grande completa 161 anos de emancipação política, O Poder visitou algumas das bancas de revistas que ainda sobrevivem nas ruas centrais de Campina Grande, e constatou que mesmo com os tempos modernos, elas seguem em funcionamento.
Algumas, no entanto, não tiveram o mesmo destino. Por não acompanhar o ritmo do tempo, os seus proprietários optaram por migrar para outros ramos. Os espaços antes ocupados por jornais e revistas, se transformam em lanchonetes, conveniências e, principalmente, locais de venda de produtos carregadores e capas de celulares.



A banca do Orlando

Entre a chegada da modernidade, o fim dos jornais impressos e o surgimento de novos serviços, as bancas de revistas sobrevivem e não perdem o ar nostálgico. Que diga o experiente José Orlando Dantas, com exatos 52 anos de banca, sempre no mesmo local, na Praça da Bandeira, em frente ao prédio dos Correios e Telégrafos.

Sempre de bom humor, sorriso no rosto e paciência para atender os clientes, seu Orlando conversou com O Poder, e falou sobre a satisfação em manter o seu negócio funcionando há muito tempo. Ele lembra com detalhes o primeiro dia de trabalho no estabelecimento, em 1973, na rua Marquês do Herval.

“São 52 anos. Eu comecei no dia 10 de maio de 1973. Isso aqui faz parte de minha vida. Criei toda a minha família. Graças a Deus posso tratar bem o pessoal, e tenho me saído bem assim. Quanto `a parte da imprensa, como revista, as vendas caíram 90%. Para você ter uma ideia, eu vendia aqui O Jornal do Brasil, o Globo e todos os jornais de Pernambuco. Hoje em dia está resumido só na União “, observou.

Balanço da profissão

Sentado em sua inseparável cadeira de meio século, ele fez um balanço nostálgico da profissão, enquanto atendia alguns estudantes recarregando o cartão de passagem. Relatou que durante muito tempo, a sua banca, bem no coração de Campina Grande, se tornou ponto de encontro de leitores e intelectuais. “O comércio de revistas caiu muito. O que mais sai hoje é só cocktail, caça-palavras, cruzada. Mas foi daqui que criei meus filhos, e agradeço a Deus por isso”, afirmou.

A tradição desses empreendimentos, sem dúvida, passa de pai para filho e filhas. A banca da Suane é um exemplo. O estabelecimento existe há mais de 30 anos, e a proprietária, Suane Barbosa Dantas, é filha de José Orlando Dantas. Herdou do pai a paixão pelo trabalho.

Para manter o negócio, ela apostou na variedade de produtos: doces, refrigerantes, água e itens de tabacaria. “Eu tive que botar outras coisas tipo uma loja de conveniência. Mas ainda ainda temos clientes fiéis, entendeu? Que preferem o papel. Porque pegar o papel, folhear o papel, é bem diferente “, ressaltou.

Preservam a tradição

Apesar dos desafios e incertezas sobre o futuro, as bancas ainda preservam um ar de tradição e saudosismo. Para muitos clientes, não são apenas pontos de venda, mas espaços de convivência e memória cultural. O comerciante David Silva Luna, que herdou a banca do pai Jessé Souza Luna, no ramo desde a década de 1970, contou que cresceu no balcão entre jornais e revistas.

Proprietário da Revistalândia, bem no Centro da cidade, David admitiu que a chegada do digital trouxe forte impacto, mas afirma perceber um retorno de parte do público. “No começo a gente sentiu bastante, mas tenho visto que a procura tem voltado. Muitas pessoas preferem o papel. Até para presentear, um livro físico tem um valor diferente de um digital”, disse.

Os jornais

Segundo David, além dos jornais, continuam em alta os passatempos, caça-palavras, livros e até a recente febre das revistas de colorir. David Silva disse que ainda acredita na força desses empreendimentos, visto que algumas revistas impressas estão voltando a circular.

A solução dos proprietários de bancas de revistas e jornais que ainda sobrevivem em Campina Grande foi diversificar os produtos, como explicou o seu Orlando. Hoje, boa parte dos clientes são estudantes que aproveitam o espaço para recarregar o cartão de passagem e comprar outros produtos disponíveis no estabelecimento.

Se alguns dos donos de bancas estão tentando se reinventar para sobreviver, outros desistiram. Em diferentes pontos da cidade, há estruturas fechadas e com novos proprietários. Mas as que resistem mantêm o ar de nostalgia.

*Severino Lopes é editor regional de O Poder

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