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Panteão da Pátria e da Liberdade: A exclusão das mulheres, por Gau Silva e Natanael Sarmento*

11/10/2025 -

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O “Panteão da Pátria e da Liberdade” em Brasília eterniza 52 heróis nacionais. Apenas 9 mulheres:

-Antonia Alves Feitosa – A cearense “Jovita”, traveste-se de homem e se alista no Exército para a Guerra do Paraguai. Foi descoberta e afastada;

-Ana Nery. A baiana liderou a enfermagem e atendimento dos feridos da Guerra do Paraguai. Identificou doenças, evitou contágios e mortes;

-Anita Garibaldi, lutou ao lado do marido Giuseppe Garibaldi nas guerras Farroupilha dos fazendeiros gaúchos contra impostos do Império do Brasil e dos republicanos italianos na unificação daquele país;

-Bárbara Pereira de Alencar, participa da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador. Movimentos de classes abastadas contra tributação, contra o absolutismo monárquico;

-Clara Camarão, indígena catequisada pelos jesuítas. Liderou nativas potiguares ao lado do marido Felipe Camarão na luta contra os holandeses;

-Maria Quitéria de Jesus Medeiros. A baiana usa o nome do cunhado, alista-se como soldado do exército brasileiro na guerra pela independência;

-Maria Felipa Oliveira. Baiana, pescadora, negra, líder do batalhão de mulheres contra à reação dos portugueses à independência do Brasil;

-Soror Joana Angélica de Jesus XVII. Freira assassinada à baioneta na porta do convento em Salvador por tentar impedir a invasão das tropas portuguesas em perseguição aos independentistas brasileiros.

-Zuleika Angel Jones. Mineira, famosa estilista “Zuzu” que denunciava o crime da ditadura militar contra o seu filho Stuart torturado e assassinado. Morta em suspeitoso acidente de carro em 1974.



Ausências

No livro do Panteão há omissões relevantes.
Listamos apenas como exemplo:
Dina Oliveira, Iara Iavelgerg, Helenira Resende, Heleny Telles Guariba, Ana Kucinki, Amélia Teles dentre as 51 mulheres combatentes da liberdade assassinadas pela ditadura militar de 1964. Representam 12% dos 434 mortos e desaparecidos levantados pela CNV – Comissão Nacional da Verdade.

Antes

Não dispomos de registro de mulheres mortas na luta contra a Ditadura do Estado Novo. Todavia, são emblemáticos os assassinatos de Olga Benário e Katharina Shissler. As duas revolucionárias internacionalistas deportadas pelo governo brasileiro para os campos de concentração da Alemanha nazista.

Lutadoras

Mulheres participam, ativamente, da luta revolucionária de 1935 da conquista do poder popular em Natal-RN. Formam 42% dos processados pelo Tribunal de Segurança do Getúlio Vargas. Entre as muitas heroínas do povo: Amélia Reginaldo, Antonio Gomes, Celina Maura Barreto, Ester de Assis, Iracema Pinheiro Amorim, Leonila Félix, Luíza Laurentino, Maria da Cruz Nunes, Maria Meireles, Maria Mendes, Maria Otília, Marieta Bezerra Alves Feitosa, Raimunda Pires e Vitalina Alice.



Mais atrás

Nos séculos XVII e XVII, destacamos o heroísmo de Dandara, líder guerrilheira do quilombo dos Palmares, combateu pela liberdade ao lado de Zumbi; das três Marias: Clara, Camarão e Joaquina, lideranças da batalha de Tejucupapo, da guerra contra holandeses em Pernambuco.

Desigualdades

Os efeitos da ditadura econômica e social do capitalismo no Brasil atingem mais as mulheres. A população declarada pelo IBGE em 2024 é de 212 milhões. Mulheres, a maioria: 51,5 %. Mais de 108 milhões de mulheres. Porém, há menos mulheres no mercado de trabalho. Homens absorvem 73% dos empregos. E mulheres recebem 30% a menos pelos mesmos trabalhos. Elas Trabalham mais porquanto há a dupla jornada das tarefas domésticas, sobretudo, nas camadas pobres que representam 80% da população brasileira. É muita distorção e injustiça.

Tarefa histórica

Homens e mulheres têm o compromisso histórico de lutar contra todas as formas de opressão e injustiça. Ao nosso ver, isso significa lutar pela igualdade social material e culturalmente. Possível com a conquista do poder popular e socialista. Revolução capaz de combater e abolir todas as distorções da herança da sociedade de exploração e desigualdades. Erradicar de vez a cultura machista e patriarcal com luta ideológica sem trégua na edificação da sociedade socialista nova, mais justa e humanizada.

Conquistas da Revolução

A revolução antifeudal da França de 1789 representou importantes conquistas de direitos, mas não a igualdade real e a cidadania plena às mulheres. As maiores e efetivas conquistas femininas de igualdade com homens foram produtos da luta da revolucionária dos Bolcheviques da Rússia. Obviamente toda literatura e história burguesia omite essa equalização revolucionária nas condições materiais e culturais: igualdade de trabalho e salários, participação política e emancipação para trabalhadores e trabalhadoras.



Embromação

As bazófias liberais diversionistas tipo “guerra dos sexos e dos gêneros” e outras ondas “feministas” emanadas nos pântanos do imperialismo Norte Americano, de “luta feminina” esvaziada da luta de classes é cilada ideológica. A falaciosa propaganda “mulher vota em mulher” esconde e reduz a complexa questão histórica da opressão feminina. Obviamente, existem as intercessões entre forma e conteúdo, “classe em si” e “para si”, mas os determinismos históricos já disseram a quem serve, a lógica dialética materialista ajuda a desmascarar os ideólogos e serviçais da burguesia. Pode desenhar essa reflexão?

Tiro no pé

A votação do Projeto de Lei de Igualdade Salarial recebeu 36 votos contrários: 10 mulheres da direita e reacionárias. 70% delas do partido do Bolsonaro – PL: Bia Kicis, Carla Zambelli, Silvia Waiãpi, Julia Zanatta, Chris Tonietto, Carolina de Toni. Do União Brasil Dani Cunha e Rosângela Moro; do Cidadania Any Ortiz.

Impeachment da Dilma

A primeira mulher eleita Presidente do Brasil foi derrubada no contexto da guerra híbrida dos EUA, o conluio imperialista com a burguesia entreguista, políticos, elementos do judiciário e MP, mídia venal. Golpe contra a democracia, o povo brasileiro e as mulheres. 29 deputadas, significativos 60% da “representação feminina” atuaram e votaram na trama golpista.

Olho neles e nelas

Em outubro de 2025 a Câmara Federal derrubou o projeto governista de taxação dos ricos e das Bets. Deputados da maioria reacionária favoreceram os milionários e sacrificaram mais ainda os pobres necessitados da assistência social e das políticas públicas. Em 2026 teremos eleições gerais e 150 milhões de eleitores estão aptos a mudar esse Congresso inimigo do povo. Olho neles e nelas! Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, uní-vos!

*Gau Silva, médica, militante do Movimento de Mulheres Olga Benário e do Diretório Municipal do Partido Unidade Popular Pelo Socialismo - UP.
Natanael Sarmento, professor e escritor, do Diretório Nacional do Partido Unidade Popular Pelo Socialismo UP.


NR - Os artigos assinados expressam a opinião dos seus autores. O Poder estimula o contraditório e acolhe ideias divergentes, inclusive de sua linha editorial. Todas as pessoas e instituições citadas têm espaço para suas manifestações.
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