Imagine apertar o play e baixar um filme em 4K de 50 GB em apenas 0,000083 segundo.
Essa é a velocidade teórica dos novos satélites V3 da Starlink, com uma capacidade agregada de 60 terabytes por segundo (60 TB/s) para a rede inteira — suficiente para transferir 1.200 filmes de 50 GB, 2.400 de 25 GB ou 600 de 100 GB no piscar de olhos.
Em apenas 1 segundo a rede poderia baixar 120.000 e-books de 500 KB, 12.000 horas de videoaulas em Full HD (5 GB por hora) ou 3 milhões de fotos em alta resolução (20 MB cada) — o suficiente para encher servidores inteiros em um instante.

Na prática,

As velocidades individuais devem variar entre 1 e 2 Gbps, visto que ainda não temos infraestrutura adequada, bem como depende da demanda.
Ainda assim, em apenas 1 segundo a 2 Gbps, é possível baixar 2,5 GB — o suficiente para um episódio em 4K de "Stranger Things" (4 GB em 1,6 segundos), cerca de 5.000 músicas em alta qualidade (500 KB cada) ou 20 horas de aulas em Full HD (125 MB por hora).
Para gamers, um jogo como "Cyberpunk 2077" (100 GB) levaria menos de 1 minuto.

A Revolução dos Satélites V3

Os satélites V3 da Starlink não são apenas números impressionantes — eles redefinem como consumimos mídia e nos conectamos. Há poucos anos, transmissões ao vivo exigiam caminhões de link, antenas e contratos milionários. Hoje, o serviço Direct to Cell da Starlink permite que smartphones comuns, como iPhone 12 ou superior e a maioria dos Androids LTE, transmitam jogos, shows ou campeonatos em qualidade profissional, sem depender de redes terrestres. Já disponível para mensagens nos EUA e Nova Zelândia via parcerias como a T-Mobile, o serviço deve suportar voz e dados em 2025, conectando áreas remotas e zonas de desastres.

Transformação Além do Entretenimento

A revolução V3 impulsiona experiências como jogos com downloads instantâneos, shows em 8K ao vivo, eventos esportivos com narrações multilíngues feitas por fãs e realidade virtual imersiva sem buffering — tudo em tempo real, sem armazenamento local. Em emergências, como terremotos ou expedições em áreas isoladas, o Direct to Cell garante comunicação via texto, com voz e dados previstos para 2025, oferecendo um serviço de utilidade pública global.

Impacto no Mercado e na Regulação

Essa disrupção sacode as emissoras tradicionais e o modelo de publicidade baseado em grades fixas e intervalos comerciais. Quando qualquer pessoa pode se tornar uma emissora global, a audiência se fragmenta, o custo por visualização perde previsibilidade, e os investimentos migram para patrocínios nativos e anúncios dinâmicos, desafiando os modelos financeiros tradicionais. Além disso, a conexão direta de smartphones aos satélites V3 contorna o monopólio da "última milha" das operadoras móveis e desafia a regulação. Em regimes autoritários, a censura enfrentará um obstáculo intransponível: tentar bloquear comunicações que ignoram redes terrestres e fronteiras.

A Nova Era da Televisão Orbital

A “TV do século XIX”, com sinais unidirecionais do ar para o lar, é história.
Com os satélites V3, a Starlink inaugura a era da televisão orbital, onde cada usuário é um canal, cada clique é uma estreia e cada segundo carrega um universo de possibilidades.
A revolução já começou — você pode não ter visto, mas já está sentindo.

*Emanuel Silva é professor e articulista.

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