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Entre a Cruzada e o Algoritmo: O desafio de permanecer humano em tempos de medo, pressa e desinformação

15/10/2025 -

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Por Meraldo Zisman


Em outubro de 2025, o historiador Yuval Noah Harari, a jornalista Maria Ressa, laureada com o Prêmio Nobel da Paz, e o ex-político britânico Rory Stewart reuniram-se para pensar o impensável: como viver bem em tempos difíceis. Não era apenas uma conversa, mas um espelho do nosso tempo.


O medo

Falaram sobre o medo, a pressa e a divisão; sobre um mundo que, mesmo cercado de informação, parece cada vez mais perdido em ruídos. Harari lembrou que o desafio humano continua o mesmo: viver com lucidez sem perder a alma. Ressa falou do poder da palavra e do perigo de sua manipulação. Stewart, da necessidade de recuperar o diálogo e a confiança. No fundo, todos buscavam o mesmo: como permanecer humanos em meio às máquinas e aos medos que nós mesmos criamos.

Em tempos antigos, as cruzadas marchavam com espadas e estandartes. Hoje, avançam com dados e algoritmos. Ontem, lutava-se em nome de Deus; agora, em nome da verdade — ou do que cada um decide chamar de verdade.

Templos

Os templos mudaram: saíram das catedrais e migraram para as telas luminosas. Ali, fiéis modernos ajoelham-se diante de ídolos invisíveis - curtidas, seguidores, tendências. Harari, Ressa e Stewart falavam disso sem o dizer: do perigo de uma fé sem transcendência e de uma tecnologia sem alma. Vivemos como se o mundo estivesse gritando notícias e ninguém mais escutasse.

Conexão

Corremos atrás da conexão, mas perdemos o vínculo. Sabemos tudo sobre os outros e quase nada sobre nós mesmos.O intelectual de hoje não empunha espada nem carrega estandarte. Empunha a dúvida - e por isso é combatido. Num tempo em que cada clique fabrica uma crença, pensar tornou-se um ato de resistência. A verdade, outrora construída em diálogo, fragmentou-se em bolhas digitais que se alimentam de certezas instantâneas. Os novos inquisidores não vestem armaduras; vestem perfis.


A fogueira

Não queimam corpos, mas reputações. E a fogueira se chama “comentário”. A cada sentença precipitada, a cada rótulo, morre um pouco da escuta — e nasce mais uma cruzada. O perigo não está mais em quem mente, mas em quem acredita sem pensar. Vivemos a era da velocidade mental, mas da lentidão moral.


A inteligência artificial

A inteligência artificial calcula tudo, menos o sentido. E a alma humana, que um dia foi bússola, hoje parece apenas um dado estatístico. Talvez seja hora de reaprender o silêncio — não o silêncio da omissão, mas o da escuta. De desacelerar o pensamento para que ele volte a ser humano. A tecnologia pode ampliar o olhar, mas não substitui o encontro.

A ternura de um gesto

Nenhum algoritmo compreenderá a ternura de um gesto, o arrependimento de uma lágrima ou a coragem de uma palavra dita no momento certo. Harari, Ressa e Stewart encerraram o debate falando sobre esperança.

Esperança

Esperança não como otimismo ingênuo, mas como ato de resistência. E talvez seja esse o novo desafio da humanidade: não deixar que a pressa das máquinas apague a delicadeza humana. Entre a cruzada e o algoritmo, entre o medo e a esperança, continua pulsando o que nos faz ser — simplesmente — humanos.

Meraldo Zisman é Médico Psicoterapeuta

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