
João Azevêdo em seu labirinto: como ser candidato de Lula apoiando adversários do presidente
16/10/2025 -
O governador da Paraíba, João Azevêdo, tem reiterado que é candidato ao Senado.
Contradições e conflitos políticos nacionais no conjunto político onde está inserido são tamanhos que lançam dúvida até sobre a disposição de João Azevedo renunciar ao cargo em abril, conforme registra a imprensa da Paraíba. O assunto até já extrapolou as fronteiras do Estado e ganhou espaço na mídia nacional. O clima anda tenso. Uma atenta parede da Granja Santana,
residência oficial do governador da Paraíba, localizada no bairro de Miramar, em João Pessoa, garante: o governador, durante arroubo de impaciência com tanta futrica que o cerca, desabafou. E teria dito algo assim: se for para ser desse jeito, eu fico no cargo até o final do mandato, faço minhas entregas à população e vou para casa. Como se sabe, paredes são elementos arquitetônicos dotados de ouvidos. Seria esse um possível embora ainda improvável cenário.
Outra hipótese
Mais calmo, João reiterou esta semana, durante evento em Campina Grande, que sai em abril, passa o governo ao vice, Lucas Ribeiro (PP), que teria o seu apoio para concorrer ao governo sentado na cadeira e com a caneta na mão. E ele próprio disputaria o Senado, como vem anunciando ha tempo. Este é o cenário, digamos, oficial. E aí começam as dificuldades. Política, qualquer profissional do ramo sabe, se define na política. E a moldura política nacional desse cenário é complicada.
Primeiro problema
Registrando o que é do conhecimento geral, os momentos políticos têm a volatilidade das nuvens. Além disso, ainda falta um ano para o pleito. Muita coisa pode acontecer. Mas conversas a meia voz em Brasília, registram reações incomodadas a esse arranjo nos ambientes do poder federal. O raciocínio: Lucas Ribeiro, filho da senadora Daniella e sobrinho do importante deputado do PP, Aguinaldo Ribeiro, é do partido do tio. O PP, de Aguinaldo , comandado no país por Ciro Nogueira, está federado nacionalmente ao União Brasil, capitania de Antônio de Rueda. Juntos, formaram a federação União Progressista. Ambos ordenaram um desembarque completo, integral e ruidoso do governo Lula. Desses que não é facil reverter. O que na prática impossibilita a presença de Lula no palanque de João.

Complicado
Não se imagina o presidente da República, caso dispute mesmo a reeleição, levantando o braço de Lucas, ao lado de Aguinaldo. Imagem impensável vista da janela do hoje. Assim, todos os corredores do labirinto de João, conduzem a um só lugar: o profundo poço das contradições.

Mineiramente, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (sem partido) vai costurando apoios para viabilizar, política e eleitoralmente, o seu projeto de enfrentar Lucas. O mais recente possível aliado é o presidente da Assembléia, o bem articulado deputado Adriano Galdino (Republicanos). As conversas avançam bem. E o Republicanos já está, pelo menos, rachado. Segundo garante o jornalista Gutenberg Cardoso, Felipe Leitão, mais cinco deputados e 30 prefeitos, zeraram o jogo na conversa de apoiar Lucas e admitem marchar com Cícero. Mais pedras no sapato de João Azevêdo.
O que seria natural
Chapas harmônicas e coerentes, com os candidatos e partidos que apoiam Lula no mesmo conjunto e os adversários formando outras chapas, é tema enfaticamente rejeitado por todos os lados. Por enquanto.
( O Poder).