imagem noticia

Pedidos de suspeição de ministros com servidores investigados por venda de sentenças agita STJ

16/10/2025 -

imagem noticia
Hylda Cavalcanti/ Por HJur

Apesar de estar em plena investigação pela Polícia Federal, embora sem ter até agora provas que comprovem o envolvimento direto de ministros no esquema de venda de decisões por parte de Tribunais de Justiça e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), empresas e pessoas que interpuseram recursos junto ao Tribunal estão apresentando pedidos `a Corte para mudança de relator, alegando suspeição.

Informações reservadas da área processual do Tribunal — não confirmadas oficialmente — apontam que pelo menos oito deles foram solicitados desde o ano passado, alegando a suspeição de ministros.

Por isso, durante o primeiro julgamento de um desses pedidos, terça-feira (14/10), o STJ decidiu de forma categórica: a investigação de servidores não gera a suspeição dos ministros dos gabinetes onde eles tenham atuado.

Questão delicada

A questão é delicada e diz respeito a um grande escândalo que vem sendo apurado desde 2023 sobre o Judiciário. As investigações são realizadas em vários estados, principalmente o Mato Grosso. Envolve Tribunais de Justiça, servidores, juízes, desembargadores, advogados e empresários. E, também, servidores de gabinetes do STJ — alguns afastados, outros já demitidos.

Na última semana, a Polícia Federal pediu ao relator do processo sobre o tema no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Cristiano Zanin Martins, a prorrogação das investigações.

E divulgou parte do relatório eferente a fraudes cometidas por integrantes do esquema para conseguir a recuperação judicial de empresas do Agronegócio. Mas o esquema é mais amplo e envolve manipulações de decisões diversas em tribunais.

Sem suspeição

Por isso, o colegiado da 2ª Seção do STJ decidiu, por unanimidade, que “o fato de existir uma investigação policial em curso para apurar supostos delitos de servidores lotados em gabinetes de ministros do STJ não configura, por si só, causa de suspeição dos magistrados”.

Os ministros chegaram a chamar de “oportunismo” o fato de partes em recursos ajuizados na Corte superior terem apresentado pedidos para mudança de relatoria, em função de investigações contra servidores dos gabinetes desses ministros. E alegaram que não é possível, nessas hipóteses, existir “suspeição processual genérica”

Nancy Andrighi

No processo julgado esta semana, a ministra cuja suspeição foi solicitada é considerada uma das mais respeitáveis e experientes do tribunal: Nancy Andrighi. Mas sabe-se que há também pedidos semelhantes sobre processos que estão sob a relatoria da ministra Isabel Gallotti.

Isto porque um dos servidores acusados de integrar o esquema, demitido no ano passado, trabalhou no gabinete de ambas. No recurso, o autor argumentou que apesar de Nancy Andrighi não ser objeto de investigação, o suposto envolvimento de servidores de seu gabinete em práticas ilegais já deveria acarretar na suspeição da magistrada.

Andamento do caso

O pedido para a magistrada deixar a relatoria do recurso foi rejeitado, inicialmente, pela própria ministra relatora. Inconformado, o autor do processo apresentou pedido de exceção de suspeição, que teve como relator o ministro Humberto Martins. O pedido também foi rejeitado por Martins em decisão monocrática (individual) até que, essa semana, a Seção confirmou a posição do relator.

Conforme o STJ, as hipóteses de suspeição do julgador estão taxativamente dispostas no artigo 145 do Código de Processo Civil (CPC), além da possibilidade de o próprio magistrado se considerar suspeito para relatar determinado processo por questões de foro íntimo.

Sem nada comprovado

Mas, no caso em questão, os ministros afirmaram que “não existe alegação minimamente comprovada de amizade íntima ou inimizade com as partes ou advogados; recebimento de presentes; aconselhamento; relação de crédito ou débito; ou interesse da julgadora no resultado”.

“O mero fato de existir investigação policial em curso, direcionada a apurar supostos delitos de servidores públicos então lotados no gabinete da ministra, sem imputação à magistrada, não configura, por si só, causa de suspeição”, ressaltou ainda o relatório/voto do ministro Humberto Martins.

Desgastante para os magistrados

Ele também lembrou que a apuração da Polícia Federal, que está em curso, “nada apresenta que leve a qualquer comprometimento da imparcialidade dos ministros do STJ”.

A ministra Nancy Andrighi chegou a afirmar, numa das poucas vezes em que mencionou o caso, que está convicta da sua possibilidade de julgar o recurso, mas destacou que um pedido desses é desgastante não apenas para ela como também para o Tribunal como um todo. Já a ministra Isabel Gallotti não se pronunciou a respeito.

Deseja receber O PODER e artigos como esse no seu zap ? CLIQUE AQUI.

Confira mais notícias

a

Contato

facebook instagram

Telefone/Whatsappicone phone

Brasília

(61) 99667-4410

Recife

(81) 99967-9957
Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nosso site.
Ao utilizar nosso site e suas ferramentas, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Jornal O Poder - Política de Privacidade

Esta política estabelece como ocorre o tratamento dos dados pessoais dos visitantes dos sites dos projetos gerenciados pela Jornal O Poder.

As informações coletadas de usuários ao preencher formulários inclusos neste site serão utilizadas apenas para fins de comunicação de nossas ações.

O presente site utiliza a tecnologia de cookies, através dos quais não é possível identificar diretamente o usuário. Entretanto, a partir deles é possível saber informações mais generalizadas, como geolocalização, navegador utilizado e se o acesso é por desktop ou mobile, além de identificar outras informações sobre hábitos de navegação.

O usuário tem direito a obter, em relação aos dados tratados pelo nosso site, a qualquer momento, a confirmação do armazenamento desses dados.

O consentimento do usuário titular dos dados será fornecido através do próprio site e seus formulários preenchidos.

De acordo com os termos estabelecidos nesta política, a Jornal O Poder não divulgará dados pessoais.

Com o objetivo de garantir maior proteção das informações pessoais que estão no banco de dados, a Jornal O Poder implementa medidas contra ameaças físicas e técnicas, a fim de proteger todas as informações pessoais para evitar uso e divulgação não autorizados.

fechar