
O teatro do absurdo ou como o bizarro consegue ocupar espaços na mídia brasileira destaca Angelo Castelo Branco*
21/10/2025 -
O surrealismo fantástico continua sendo uma das marcas registradas de certos personagens latino-americanos. É como se a região insistisse em manter-se na vitrine do bizarro, do ridículo e do inverossímil — um espetáculo que, não raro, transforma a política em caricatura.
O episódio
O episódio protagonizado pelo atual líder do MST, João Pedro Stedile, ao anunciar que levaria brigadas do movimento para enfrentar uma hipotética invasão das forças armadas norte-americanas na Venezuela, é mais um capítulo dessa tragicomédia continental.
Ultrapassa
A declaração ultrapassa o limite do razoável e expõe, mais uma vez, a pobreza estratégica e o delírio ideológico que dominam parte da retórica política na América Latina. O ridículo substitui a razão; a bravata, a inteligência. E o resultado é previsível: o descrédito internacional, a imagem do Brasil novamente associada ao anedotário das “repúblicas de banana”.
Afronta direta
Do ponto de vista jurídico e institucional, a proposta é uma afronta direta à soberania nacional. Nenhum cidadão brasileiro pode ser conduzido a integrar forças paramilitares para atuar fora do país, e menos ainda em nome de causas estrangeiras, sem a autorização expressa do Estado. Um gesto desse tipo configuraria ilegalidade e desmoralizaria não apenas as Forças Armadas, mas também o próprio governo brasileiro.
Encenação grotesca
É triste constatar que, em pleno século XXI, ainda haja espaço para esse tipo de encenação grotesca. O Brasil, que aspira a ser tratado como nação madura e protagonista no cenário internacional, não pode conviver com discursos que flertam com a insensatez.
Piada
A piada, inevitável, é que talvez — diante da “ameaça” das brigadas do MST — o Pentágono já esteja revendo seus planos, temendo que as enxadas brasileiras venham a abalar o poderio militar dos Estados Unidos.
*Angelo Castelo Branco é jornalista e escritor. Da Academia Pernambucana de Letras.