Noite de halloween: bailarina e ex-diretor revelam detalhes de histórias de assombração no Teatro Municipal Severino Cabral; psicólogo dá versão da ciência
31/10/2025 -
Por Severino Lopes
Concertos e fantasmas. E as lendas urbanas. Tradicionalmente, a noite deste 31 de outubro é marcada por uma das festas mais emblemáticas do mundo: o Halloween, também conhecido como o Dia das Bruxas. A festa, nascida entre os séculos XIV e XVIII, durante a colonização das Ilhas Britânicas, inevitavelmente, traz à tona, histórias de arrepiar que desafiam o imaginário popular e causam medo.
Lendas urbanas
Algumas dessas lendas urbanas resistem ao tempo. E cada vez que são contadas desperta curiosidade e arrepio. Medo. O Teatro Municipal Severino Cabral em Campina Grande, é um desses espaços em que as lendas urbanas alimentam a imaginação popular.

No escuro do Teatro
E quem se arriscaria ficar a noite de 31 de outubro sozinho com as luzes apagadas dentro do Teatro. Bailarina que aparece dançando no palco e depois desaparece; piano que toca músicas clássicas sem instrumentista, portas que se abrem e se fecham, elevador que sobe e desce sem ninguém dentro, e luzes que acendem misteriosamente.
O Poder conversou na manhã de hoje, sexta-feira (31/10), com o ativista cultural, Erasmo Rafael da Costa, ex-diretor do Teatro Municipal, que relembrou detalhes das inúmeras histórias de assombração que rondam as antigas paredes do Severino Cabral. Templo da artes em Campina Grande é palco de inúmeros espetáculos de comédia, drama e até terror, o Teatro Municipal, convive há anos com histórias assustadoras e inexplicáveis.
As histórias
Erasmo Rafael, que passou 7 anos na direção do Teatro, de 1994 a 2000, disse que as histórias de assombração surgiram a partir de relatos de funcionários da Casa de espetáculo, a exemplo da recepcionista, o vigia e o porteiro.

O elevador
Uma das histórias misteriosas e assustadoras envolveu o elevador do Teatro. Segundo o ex-diretor, diversas vezes o elevador subiu para o último andar do Teatro sem nenhuma pessoa dentro. Geralmente na hora do almoço. Alguém me chamava. Quando as portas se abriram, o elevador estava vazio. No Teatro, não havia mais ninguém além dos funcionários. O próprio Erasmo estava no Teatro e presenciou o elevador subir e descer sem ninguém dentro.
“No Teatro Municipal eu ouvi muitos relatos principalmente dos funcionários. Às vezes estavam apenas eu, a recepcionista, o vigia e o porteiro do Teatro no horário de almoço. Não tinha mais ninguém no Teatro. De repente o elevador subia e descia sozinho. Alguém chamava ele para o 4 andar e depois ele descia para o térreo. Sem ninguém dentro. Isso acontecia com muita frequência” relatou Erasmo Rafael.
O vigia
Em uma dessas histórias assustadoras, um vigia do Teatro relatou que ouviu o piano tocando uma música belíssima. Assustado, ele teria se deslocado da recepção até o palco, e ao chegar no local, percebeu que o piano estava fechado. Silencioso.
Coisas inexplicáveis
Outras coisas inexplicáveis deixaram Erasmo intrigado como acender e apagar misteriosamente as luzes da plateia do Teatro, bem como, o relato de frequentes choro de crianças.
“Algumas vezes quando ele subia para tomar café, as luzes da plateia estavam acesas também. O que é estranho é que as luzes eram acesas dentro da cabine de luz. Então, a pessoa precisava ter a chave para abrir a porta. Tinha muito isso “, relatou.
Músicas clássicas
Ele contou ainda que muitos atores e funcionários antigos relataram ter ouvido músicas clássicas durante os ensaios, bailarinas dançando e o piano tocando sozinho. Um vigia, por exemplo, teria visto uma bailarina dançar no palco do municipal. Ele estava dormindo e acordou com o barulho de música vinda do palco. Ao se aproximar ele teria visto uma bailarina “rodopiano” no palco. Rafael também contou que alguns funcionários teriam ouvido cadeiras sendo arrastadas da plateia e as luzes do Teatro acesas misteriosamente.
Energias
O ex -diretor ressaltou que no Teatro existem muitas energias visto que os atores dão vida a um personagem. Ele observa que quando o ator dá vida a uma personagem, de certa forma traz ela de volta. Então, às vezes acaba o espetáculo, mas a energia daquela personagem fica rondando.
Os funcionários
Entre tantos funcionários que trabalhavam no Teatro há mais de meio século, Erasmo Rafael, destaca a trajetória de um assessor conhecido como Joel. Já falecido, ele era apaixonado pelo Teatro e tinha um carinho e apego ao velho piano da Casa de espetáculo. Respeitado por todos, ele tinha a chave do camarim, do piano e de todos os compartimentos do Teatro.
“Ele andava com a chave do Teatro no bolo. Ele cuidava do Teatro com muito carinho.
Os aplausos para a bailarina
E os aplausos de um admirador misterioso da bailarina Gisele Sampaio?. Outra história misteriosa. O Poder também conversou na manhã deste 31 de outubro com Gisele Sampaio que relatou uma das cenas que mais lhe deixaram intrigada no palco do Teatro Municipal.

O ensaio
Ela estava ensaiando um espetáculo quando viu uma pessoa sentada na plateia a aplaudindo. Misteriosamente, ao mudar a vista, a pessoa sumiu.
“Falar sobre as experiências vividas no Teatro Municipal enquanto artista, diante da sobrenaturalidade, isso que é um termo muito latente para hoje, quando se comemora ou quando se festeja o Halloween, que apesar de não ser algo iminente da nossa cultura, ela é oriunda de festas pagãs, é uma cultura celta, dos povos celtas, no Brasil a culturou-se junto com muitas dessas questões lendárias também”, observou Gisele Sampaio.
Ambiente
Para ela, o Teatro Municipal é um ambiente muito bucólico, muito iminente dentro desse imaginário, o dessas superstições.
“E nós, enquanto artistas, vivemos algumas experiências, dentre elas de estar atuando, ensaiando o Teatro Municipal. Em altas horas da noite, muito tarde inclusive, passando o texto e tivemos a sensação de estar sendo observada por alguém que estava na plateia. Era na figura de um homem, usava um chapéu branco e atento, observando, e foi uma sensação muito estranha, porque eu fiquei na dúvida se era o cansaço, se era o meu imaginário ou se era real ", relembrou.
O Teatro
O Teatro Municipal Severino Cabral foi inaugurado em 1963 e já foi palco de grandes espetáculos encenados por artistas locais e nacionais. Com 62 anos de história, o Teatro tem a sua trajetória marcada histórias reais, fictícias e de “terror” .
As histórias do Teatro Santa Roza
Além do Teatro Municipal, o Teatro Santa Roza, em João Pessoa, também tem os seus “fantasmas”. Inaugurado ainda no Império e, portanto, um dos mais antigos do Brasil, não escapa ao círculo das tão humanas histórias fantasmagóricas.
Sons estranhos, ventos repentinos, sombras ou mesmo emanações gasosas continuam, mesmo com todos os avanços da ciência, sendo atribuídos a presenças sobrenaturais.
A mulher de branco
O Teatro Municipal Severino Cabral e o Santa Roza não são apenas palco das histórias de assombrações. A lenda da mulher de branco povoa a imaginação dos turistas que visitam a Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo. Conta a lenda que quando os visitantes se despedem e as portas se fecham, o mistério toma conta da Fortaleza. O silêncio e a escuridão deixam o local ainda mais sombrio.
Aparição fantasmagórica
A aparição fantasmagórica de uma bela mulher usando um vestido branco está presente no imaginário da população de Cabedelo. A mulher de branco, ilustrada em um quadro em exibição na fortaleza, é uma lenda bem conhecida dos funcionários do forte e da população ao redor do local.
A ‘mulher de branco’ continua impressionando pessoas de todas as idades, até os que se dizem corajosos, mas que se arrepiam até mesmo diante de uma ventania mais forte.
A lenda
Segundo a lenda, há muitos e muitos anos, uma jovem participava de uma festa em um engenho próximo à João Pessoa, quando um grupo de homens, mais de 100, dizem que invadiu o local, matando várias pessoas e raptando a meiga senhorita. Ela teria sido trazida para a Fortaleza, onde foi morta e decapitada próximo à fonte, a qual fica bem no centro do Forte. Desde então, seu espírito ronda o local, por não conseguir se desprender da vida terrestre.
O quadro fica na sala onde morou o capitão-mor no século 16.
A versão da psicologia
Diante dessas histórias assustadoras, o Poder conversou na manhã de hoje, sexta-feira (30/11), com o psicólogo José Pereira da Silva, que procurou dar uma explicação para os casos à luz da ciência. Pereira, que também é diretor do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), explicou que “do ponto de vista da psicologia, as expectativas que o indivíduo cria sobre as coisas, e a relação com o sobrenatural termina gerando esses efeitos.
“A gente sabe que a ciência vai dizer que não existem esses fenômenos. Porém a experiência humana permite que eles existam porque a gente termina projetando na realidade aquilo que é indagação e aquilo que é a expectativa de cada um de nós. Então se eu vou para um local e eu já sei que aquele local é um local mal assombrado, é um local que isso já acontece, é óbvio que a minha sensibilidade vai estar aguçada para perceber provavelmente isso” explicou.
Explicou
Na conversa com O Poder, o psicólogo explicou a mente humana, tem essa capacidade de projetar no universo coisas que a gente imagina que existam.
“Então. Essa questão das lendas urbanas elas falam muito sobre, na verdade, a nossa vida, as nossas expectativas. E os nossos medos. Não necessariamente elas existiram ou existem. Mas elas povoam esse universo que é um universo que a gente termina entendendo e tendo contato com ele como seres humanos. E os medos, os nossos medos, as nossas expectativas, é aquilo que a gente quer também explicar” observou o psicólogo José Pereira.
Os locais
Locais como florestas densas, cavernas ou ruínas antigas, prédios antigos, sempre inspiraram medo e lendas. Lugares associados a tragédias, como campos de batalha, hospitais desativados ou antigas prisões, tendem a gerar relatos de aparições. Desde cortinas de veludo até subterrâneos labirínticos, cada canto desses prédios parece guardar segredos que transcendem o tempo, alimentando lendas que mesclam realidade e imaginação.
Despertando medo
Real ou não, essa é a história repassada oralmente para quem visita o Teatro Municipal Severino Cabral e Fortaleza de Santa Catarina, e continua despertando medo e curiosidade nos visitantes. E voltam a tona sempre no dia do halloween.
A origem do Halloween
Os historiadores apontam que a origem do Halloween se deu pela fusão de um festival celta com os valores do cristianismo, entre os séculos XIV e XVIII, durante a colonização das Ilhas Britânicas. Chamado de "Samhaim", a festa marcava o fim do verão e possuía um significado místico.
Os celtas acreditavam que, durante o festival, que acontecia anualmente em 1 de Novembro, a barreira do mundo dos mortos e dos vivos se quebrava, e as almas dos mortos do último ano poderiam vagar pela Terra.
O Poder
Fotos: Gabriella Loiola, Emanuel Tadeu e divulgação
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