Alá em Nova York, por Roberto Vieira*
06/11/2025 -
A eleição de Zohran Mamdami, acho que se escreve assim mesmo, o primeiro prefeito muçulmano de Nova York, parece um terremoto político. Vinte e quatro anos após a queda das Torres Gêmeas, o coração do 11 de Setembro elege um líder que desafia a islamofobia. A vitória socialista do ex-rapper Mamdani (Mr. Cardamom) é o fim do mundo? Será? Vejamos.
LaGuardia
LaGuardia foi o primeiro prefeito de ascendência italiana no duro. Filho de imigrante, este republicano com sua energia entrou para a história e virou nome de aeroporto. Seu pioneirismo antecedeu a eleição de Rudolph Giuliani em quase sessenta anos, estabelecendo um legado de eficiência e paixão pela cidade que ele ajudou a construir.
Grant
Grant é o primeiro prefeito claramente identificado com ascendência irlandesa. Sua eleição, no final do século XIX, simbolizou o sucesso e grana da comunidade irlandesa, que havia superado a discriminação. Grant abriu as portas para que os imigrantes começassem a dominar a política, bombeiros e polícia da cidade.
Dinkins
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David Dinkins (1990–1993) foi o primeiro prefeito negro de Nova York. Sua eleição em 1989 foi um triunfo histórico, representando o ápice da luta por direitos civis na maior metrópole dos EUA. Ele cunhou o termo "mosaico maravilhoso" para celebrar a diversidade da cidade. Sua gestão enfrentou recessão e violência, mas abriu caminho para um futuro Obama.
Beame
Abraham Beame (1974–1977) foi o primeiro prefeito judeu de Nova York. Sua eleição representou a ascensão da maior comunidade judaica do mundo fora de Israel ao posto máximo da cidade. Ele naufragou na crise de 1975 e quase levou Nova York à falência. Mas Beame e seus sucessores (Koch, Bloomberg) consolidaram a influência judaica na liderança urbana.
Sinatra
De italianos pioneiros a afro-americanos, judeus e agora muçulmanos, a história de Nova York é a história da democracia. Mas, toda vez que alguma minoria chegava ao poder no voto, manchetes apocalípticas.
E nada do mundo acabar. A eleição de Mamdani, apesar de seus "delírios econômicos" progressistas que podem gerar o caos, prova que o mundo não acabou nem em 2001. A cidade cantada pelos filhos de imigrantes como Frank Sinatra e Liza Minelli never sleeps. And never dies. Difícil mesmo é ver um ianque como prefeito de Teerã...
*Roberto Vieira é médico e cronista
NR - Os textos assinados expressam a opinião dos seus autores. O Poder estimula o livre confronto de ideias e acolhe o contraditório. Todas as pessoas e instituições citadas têm assegurado espaço para suas manifestações.


