Três lançamentos literários movimentam a terça-feira (11) no Recife
09/11/2025 -
São três livros com a marca do talento do escritor Paulo Caldas. O primeiro, uma coletânea de textos de integrantes da Oficina Literária Paulo Caldas. Outro, escrito por Aldemiro Miranda. E o terceiro, da lavra do próprio Paulo.
O lançamento conjunto das publicações está programado para acontecer na próxima terça-feira (11/11), no Salão Capiba, localizado na sede da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), na entrada pela Avenida Dr. Malaquias, bairro das Graças. O evento terá início a partir das 20h.
Resumo das publicações
Destino Cidade — O que motiva a pessoa natural do interior vivenciar a saga da busca aglomerados urbanos? Destino Cidade, publicação da Oficina Literária Paulo Caldas, este ano, reúne relatos revelados do real ao fantástico, do cotidiano à memória, do lirismo à crônica do dia a dia.
Na concepção do escritor André Albuquerque, não são poucos os exemplos dos que deixam a terra mãe pelo desconhecido de cidade. Eis um tema explorado em prosa e verso tantas vezes, com variados níveis de sucesso; de Ascenso Ferreira, saudoso de Catende, escreve uma carta à amada distante, falando no ritmo da metrópole, “tudo corre tão depressa, se você tropeça, não vai levantar...uma engrenagem de pernas pro ar...” mas no final, entrega a melancolia que gerou os versos: “...vou danado pra Catende, vou danado pra chegar...”. Roberto Carlos derreteu-se em tristeza cantando a saudade de seu “pequeno Cachoeiro”.
Tantas são as saudades, quantos são os viventes. Cada um, saiu à sua forma, e resolveu ou resolveu-se, quem sabe, em fazer uma catarse em forma de ficção, para mostrar ao mundo a extensão e profundidade de suas raízes. Outros terão optado em retratar os seus tipos inesquecíveis, em retratos vívidos, porque a memória pode ser também uma proustiana busca do tempo perdido, com o cheiro de rapadura e do café forte, torrado e moído em casa, com o seu costumeiro aparato.
Sertão nordestino
No sertão Nordestino, Lírios e Rosas Brotam das Pedras é o título da publicação assinada pelo escritor Aldemiro de Lima. No conteúdo, versando sobre a singularidade Sertão Pernambucano, cheio de contrastes e beleza, o autor segue abraçado à ficção, contudo faz incursões à realidade conduzida com o linguajar simples do cotidiano.
Assim, de acordo com o Professor Luiz Carlos Cavalcanti, busca mostrar conceitos e preconceitos que, ainda, rotulam as imagens do semiárido nordestino, revelando evolução baseada nos esforços dos sertanejos e a convicção de: onde se coloca a fé e o trabalho a serviço da vontade, opera-se a transformação e, desse modo define o perfil do indivíduo do Sertão: além de forte, trabalhador e perseverante, é extremamente gentil e receptivo.
Faces do Mangue
O mangue, que corre nas veias do Recife, é apresentado de forma pulsante neste livro. Bem mais que um cenário, é o caminho por onde trafegam a História e as histórias aqui cruzadas e, de tão vívido, também se assemelha a um grande personagem.
O bioma se entrelaça à cultura da manguetown, cantada por Chico Science e escrita por Josué de Castro, a exemplo da obra Homens e caranguejos, invocada por Paulo Caldas neste Faces do mangue.
Assim, enquanto acompanha o jovem protagonista, – também Josué –, imergir na narrativa e na biografia de Castro e do malungo Science, o leitor fará a sua própria travessia pelo mangue e será atravessado pelas contradições que ele ilustra.
A estratégia de Caldas sintoniza, desse modo, algo tão caro à Literatura: seu viés de reflexão, revelador de muitas faces.

