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O Napoleão de Hegel e Marx na guerra contra o narcoestado no RJ, por Natanael Sarmento*

13/11/2025 -

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“Como Napoleão Bonaparte enfrentaria o narcoestado no Rio” de matéria exclusiva de O Poder, em 12/11, traz o sucesso do livro do médico e cronista Roberto Vieira, entre os mais vendidos da edição digital da Amazon. A obra “Como vencer a Guerra no Rio” é uma verdadeira antologia dos maiores especialistas em análises e táticas da história militar. O título sugere que o escopo do cidadão intelectual é trazer luzes e contribuir para o enfrentamento do grave problema da segurança pública e que tem implicações com temas políticos clássicos, papel do estado, soberania, legitimidade e uso da força, etc. Está na minha lista de leituras obrigatórias do mês.

Controvérsia

A temática do livro é controvertida. O Poder tem publicado debates de concepções antípodas sobre a natureza do Estado e a questão da segurança pública no Rio e no Brasil. O campo de batalhas ideológicas foi demarcado entre hegelianas e marxistas, em síntese. Ressaltamos que é uma raridade jornais publicarem temas desta natureza e profundidade e estimular o contraditório, razão pela qual insisto permanecer na ágora, não obstante discordar de muitas publicações desta folha virtual.

Napoleão Bonaparte

O General Napoleão é uma das personalidades mais conhecidas da história moderna. Na arte da guerra e da política. Foi cônsul e proclamou-se imperador dos franceses, em 1804. Militar e estadista ascendeu no curso da revolução da burguesia francesa contra a realeza e a nobreza feudal. Estudou, comentou e praticou lições da obra fundante da ciência política ocidental, O Príncipe, de Maquiavel. De forma autoritária promove as reformas Na liderança e expressão política da burguesia francesa promoveu as guerras de conquistas do chamado “império Napoleônico”, na modernização burguesa que elevou a França a potência europeia. Colecionou vitórias e conquistas até a derrota de Waterloo e Napoleão juntamente com a França caem do cavalo da hegemonia na Europa.

Napoleão de Hegel

Ao tempo em que escrevia a “Fenomenologia do Espírito”, o filósofo idealista Hegel descrevia Napoleão no figurino dialético “ideal”, imaginado, fantasioso: “Vi o imperador, essa alma do mundo, cavalgar pela cidade, em visita de reconhecimento; suscita, verdadeiramente, um sentimento maravilhoso a visão de tal indivíduo, que, abstraído em seu pensamento, montado a cavalo, abraça o mundo e o domina”. (Os Pensadores, Abril Cultural, 1980, XI).

Bonapartismo em Marx

Com a concepção materialista-dialética da história Marx explica o papel dos dois Bonapertes, diferentemente. A era do tio Napoleão e do sobrinho Luís ele denomina de bonapartismo. Caracterizado como regime autoritário e reacionário da burguesia. Que emergiu da luta de classes depois do triunfo da Revolução francesa de 1789, pela reação burguesa, agora como clasase dominante e exploradora e não mais como classe progressista e revolucionária. Já fez a sua revolução. O bonapartismo aparenta atender demandas populares, mas na realidade, atende aos interesses da burguesia. No campo da ideológica o bonapartismo recorria à valorização de tradições, apelos à austeridade e segurança, enaltecimento do patriotismo nacionalista. Meras cortinas de fumaças para justificar o poder autoritário e controle da sociedade, a brutal exploração e opressão dos trabalhadores, gerar mais lucros e tornar mais ricos os burgueses capitalistas e imperialistas.

Cada qual com sua ciência

Já se disse que “na guerra a primeira vítima é a verdade”. Filosofias quais baionetas têm muitas serventias. A frase “baionetas servem para tudo, menos para sentar em cima” é atribuída a Napoleão, mas há quem diga que o autor verdadeiro foi o tribuno Emílio Castelar. O milagre vale mais que o santo. O sentido, o moral, as interpretações das frase. Fico com o significado do questionamento da legitimidade da base instável da ordem social mantida sob armas. Mas o genial Millôr já dizia nos tempos da Ditadura que se torturava e matava pessoas que pensavam diferente: “livre pensar, é só pensar”,

Napoleão de Ariano

Findarmos com a anedota contada pelo saudoso Ariano Suassuna sobre o diálogo de dois malucos. No corredor do manicômio, o primeiro a falar pergunta: - “Quem é você?” O outro responde: “Napoleão Bonaparte!” O primeiro maluco questiona: - “Conversa, tu lá é Napoleão! Quem te nomeou General?”. O segundo emendou: “Foi Jesus!”. O primeiro a perguntar, não convencido da resposta, rebate: “Mentira da gota! Eu nunca te nomeei nem soldado!”

*Natanael Sarmento é professor e escritor. Do Diretório Nacional do Partido Unidade Popular Pelo Socialismo – UP.

NR - Os textos assinados expressam a opinião dos seus autores. O Poder estimula o debate e acolhe o contraditório.

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