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É Findi – Série: Personalidades Sepultadas no Cemitério de Santo Amaro - por Carlos Bezerra Cavalcanti*

14/11/2025 -

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Daremos continuidade às biografias das Personalidades Sepultadas no Cemitério do Bom Jesus da Redenção em Santo Amaro - Recife.


Setor 08 - Capiba

Lourenço da Fonseca Barbosa, em 28 de novembro de 1904 nascia no antigo distrito de Surubim, no interior de Pernambuco, o menino Lourenço Barbosa, oitavo filho do casal Maria Digna da Fonseca Barbosa e Severino Atanásio de Souza Barbosa, professor de música e mestre da Banda Municipal, arranjador, maestro, tenor de igrejas clarinetista e violonista.

Passou a infância e a adolescência na Paraíba e, aos vinte e seis anos de idade, veio para o Recife após se classificar no concurso do Banco do Brasil. Na capital Pernambucana e já com grande bagagem musical, fundou a Jazz Band Acadêmica de Pernambuco.

Capiba, como era chamado,foi quem primeiro levou a música instrumental ao estúdio da Rádio Clube de Pernambuco, onde fez dupla com seu irmão Marambá.

Como para dirigir a Banda era necessário ser acadêmico, ele fez vestibular de Direito e foi aprovado.
Em 1937, recebeu o título de Sócio Benemérito da Casa do Estudante de Pernambuco e, no ano seguinte, formou-se.
Já com alguns sucessos no carnaval recifense, lançou, naquele ano, “Quem vai pra farol é o bonde de Olinda”, no ano seguinte, “Guerreiro de Cambinda” e “Casinha Pequenina”, em 1939. Desta forma, sucessivamente, lança “Gosto de te ver cantando”, “Linda Flor da madrugada”, “Quem Dera”, “Maria Betânia” e “Não agüento mais”, em 1945 e “Madeira que cupim não roí”, já em 1963.

Em 1948, surgiu com uma trilogia que homenageia as três primeiras localidades históricas de Pernambuco:
Igarassu, Cidade do Passado
Olinda, Cidade Eterna,
Recife, Cidade Lendária.

Em 1958, torna-se membro da Academia Brasileira de Música Popular e lança, no ano seguinte, outro grande sucesso “A Mesma Rosa Amarela”.

Nove e meia da manhã, do último dia do ano de 1997, foi também o derradeiro para esse grande compositor pernambucano, de fama nacional, que faleceu no Recife, aos noventa e três anos,na UTI do Hospital Jayme da Fonte onde se internara no dia dois de dezembro.

Tendo sempre ao lado a viúva dona Maria José (Zezita), seu corpo foi velado durante a virada do ano na Assembléia Legislativa e posteriormente sepultado no Cemitério de Santo Amaro.

Escreveu mais de duzentas canções, em sua maioria frevo, além de sambas e até música erudita. Também musicou poemas de Carlos Drummond e Vinícius de Morais.




Setor 09 - Dr. José Maria

Dr. José Maria de Albuquerque e Melo, foi presidente da Câmara dos Deputados e governou Pernambuco em 1891, durante três dias, antes da nomeação de Antônio Epaminondas de Barros Correia, o Barão de Contendas.
Formado em Direito. Era companheiro de ideais de José Mariano.

Indomável batalhador da democracia, nasceu no Engenho Utinga, em 29 de fevereiro de 1850. Era filho do bacharel José Maria de Albuquerque E Melo e de dona Lodorina Cisneiros e Albuquerque.

Matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife, onde formou-se em 1880, depois de uma passagem pela capital do Império, onde fora tentar os estudos na Escola Militar e de medicina, sem conseguir formatura.

Lego cedo, após publicar um livro no Rio de Janeiro 'De Galho em Galho', voltou ao Recife, gozando de certa fama e aqui foi eleito Deputado Provincial, com apena 21 anos.

Segundo o Professor Jorge Fernandes, no primeiro volume de Vidas que não Morrem': “Arregimentado no Partido Liberal, pregava destemidamente as idéias republicanas e foi um ardoroso abolicionista”. Postou-se ao lado de Joaquim Nabuco de Araujo, quando este pleiteou a sua eleição para a Câmara Geral, contra o Partido Conservador. Com a proclamação da República, José Maria aderiu à orientação do Barão de Lucena. Já então estava casado com D. Maria Adelaide da Gama Lobo, que lhe deu quatro filhos, mas continuava com o mesmo ardor de jornalista e político. Eleito para a Constituinte, foi dos que protestaram contra a pressão do governoe contra a dissolução da Assembleia.”

Como o terceiro na lista de sucessão ao governo do estado, na condição de Presidente da Assembléia, ele acaba por assumir o governo de Pernambuco, mesmo que pelo rápido período de três dias, com a desistência do titular, desembargador José Antonio Correia da Silva e o impedimento momentâneo do vice, Epaminondas de Barros Correia, o Barão de Contenda.

José Maria era conhecido pelo seu temperamento e bravura, sempre reivindicando os princípios democráticos, com muito ímpeto e persistência, tanto como diretor do jornal “A Província”, como na tribuna, a exemplo de seu companheiro de partido e ideais Dr. José Mariano Carneiro da Cunha.

Em 4 de março de 1895, dia da eleição para prefeito da Capital, José Maria dirigiu-se para a 16ª secção, instalada na casa nº 33 da antiga Rua Dias Cardoso, na época chamada de 24 de Maio, para onde fora chamado para intervir no impasse entre os fiscais, contra o seu partido. Gerou-se então um entrevero, tiros atingiram José Maria no braço que, mesmo assim, conseguiu fugir para uma casa vizinha, perseguido por partidários do então governador Barbosa Lima, ele foi finalmente atingido por dois disparos de arma de fogo que ceifaram a sua vida.




Setor 10 - Dona Leonor Porto

Leonor Porto, embora não se saiba, com precisão, a data de nascimento da pernambucana, abolicionista e filantropa Dona Leonor Porto, sabe-se que foi atuante na libertação dos escravos no Recife, na década de 1880.

Era modista e exímia costureira estabelecida com um atelier na Rua Larga do Rosário, nº 26, segundo andar, freqüentado pela fina flor da sociedade recifense da época. Em 1897 foi para o Rio de Janeiro, onde também alcançou projeção e onde faleceu em 6 de fevereiro de 1901, viúva, com 9 filhos, contava 65 anos de idade. Como uma justa homenagem, seu nome foi colocado em uma Rua no Bairro de Santo Amaro, e em um estabelecimento de ensino na cidade de São Lourenço da Mata.

Mesmo convivendo no meio da alta sociedade, Dona Leonor sempre desenvolveu o seu lado cristão, sendo uma das mais bravas defensoras do abolicionismo, ao ponto de criar com outras colegas, a “Sociedade Ave Libertas”, em 20 de abril de 1884, de onde foi sua primeira presidente, e cujas reuniões aconteciam em Casa Forte. Além disso, foi membro da Associação Abolicionista “Clube do Cupim” localizado na rua do mesmo nome, no atual bairro do Espinheiro.

Segundo a psicóloga e pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco Semira Adler Vainsencher:a “Ave Libertas” lançou em 1885, um jornal homônimo, cuja primeira capa estampava o retrato de Leonor Porto. E, no ano de 1886, por ocasião do primeiro aniversário da abolição da escravatura no Ceará, as mulheres lançaram outro periódico: o 'Vinte e Cinco de Março', nele, Leonor Porto conclamava as famílias para aderirem à luta em prol do fim da escravatura, apresentando também textos e poesias escritos por mulheres e homens abolicionistas. Desse periódico participaram, inclusive, as senhoras Maria Amélia Queirós e Inês Sabino. A libertação de duzentos escravos foi uma das grandes vitórias da Ave Libertas. Neste sentido, as mulheres conseguiram que os senhores de engenho assinassem duzentas cartas de alforria. O acontecimento foi comemorado com festa e muita alegria. Em outra ocasião, elas promoveram uma passeata pelas ruas do Recife, com mais de cem abolicionistas, e a participação de vários homens que simpatizavam com a causa. O evento obteve destaque nos jornais da cidade. Após o 13 de maio de 1888, dia da abolição da escravatura, Leonor e suas companheiras “arregaçaram as mangas” e deram início à alfabetização do(a)s ex-escravo (a)s, bem como ao ensino de técnicas de trabalhos manuais, para que ele (a)s pudessem se capacitar, e tivessem melhores condições de se inserir no mercado de trabalho”.

“A Província” de 13 de maio de 1913 traz em sua edição: “efetivamente foram reais e admiráveis os serviços humanitários prestados por Dona Leonor Porto, mais de uma vez vimo-la desprender-se de jóias de valor para mitigar a fome de escravos foragidos ou auxiliar, pecuniariamente, a liberdade de outros na propaganda abolicionista,ninguém era mais firme e mais entusiasta, e a cujo esclarecido patriotismo deve-se render o devido preito de veneração à sua santa e sedutora memória”.



Setor 11 - Chico Science

Francisco de Assis França Caldas Brandão, conhecido no mundo musical como Chico Science, nasceu em Olinda, em 13 de março de 1966 e faleceu às 19 horas do dia 13 de março de 1997, em um desastre de carro no complexo de Salgadinho entre as cidades de Olinda e Recife.

Deixou um legado na cultura popular e um caminho muito rico a ser percorrido por seus sucessores. Um mistura de Rock com mais valorização aos ritmos de batuques regionais, num movimento batizado como Mangue Beat, através de sua banda Chico Sciense & Nação Zumbi onde deixou dois discos gravados: Da Lama ao Caos e Afrociberdelia que teve os álbuns incluídos na lista dos 100 melhores discos da música brasileira da Revista Rolling Stones, elaborada a partir de uma votação com 60 jornalistas, produtores e estudiosos de música brasileira quando “Da Lama ao Caos” ficou na 13ª posição e Afrociberdelia na 18ª posição.

Chico Science participou de grupos de hit hop em Pernambuco no início dos anos de 1980.

No final da década integrou algumas bandas de músicas como Orla Orbe e Loustal, inspiradas da música soul, no ska e no hip hop.

Suas principais influências eram James Brown, Grandmaster Flash e Kurtis Blow, entre outros artistas de destaque do soul music norte-americana. A fusão com ritmos nordestinos, principalmente o maracatu, veio em 1991, quando Science entrou em contato com o bloco afro Lamento Negro, de Peixinhos, subúrbio de Olinda. Misturou o ritmo da percussão com o som de sua antiga banda e formou o Nação Zumbi.

Em 1993, numa rápida turnê por São Paulo e Belo Horizonte, chamou a atenção da mídia. O primeiro disco “Da Lama ao Caos” teve boa receptividade da críticae projetou a banda nacionalmente. O segundo, Afrociberdélia, mais pop e eletrônico, confirmou a tendência inovadora de Chico Science e Nação Zumbi que excursionaram pela Europa, onde encontraram Os Paralamas do Sucesso e pelos Estados Unidos, onde fizeram sucesso de público e crítica e tocaram juntamente com Gilberto Gil.

A Nação Zumbi lançou um CD duplo em 1998, um ano depois da morte de Chico Science, com músicas novas e versões ao vivo remixadas por DJs.

Sua versão Maracatu Atômico foi o clipe que encerrou as atividades da MTV Brasil, em 30 de setembro de 2013. A Ex-VJ Cuca Lazarrotto, que assim como no primeiro clipe da emissora em 1990, foi quem apresentou o videoclipe.


Setor 12 - Augusto Lucena

Dr. Augusto da Silva Lucena, nasceu em 14 de Fevereiro de 1916, na cidade paraibana de Guabiraba.

Aos vinte e um anos de idade, Lucena chega ao Recife para realizar os estudos preparatórios para o Curso de Direito, no Ginásio Pernambucano, corria o ano de 1937, marcado pelo Golpe de Getúlio que daria início a uma nova fase de seu Governo e que ficaria na História como “Estado Novo”.

Diplomou-se em Direito, em 1944 e foi advogar no foro recifense até 1948, quando dá início a sua carreira na Polícia Civil de Pernambuco assumindo as Delegacias de Acidentes, de 1948 a 1951, de Investigação e Capturas, de 1951 a 1952 e de Trânsito, de 1952 a 1955.

Em 1954, é eleito para a Assembléia Legislativa de Pernambuco, reelegendo-se em mais duas oportunidades, (1958 e 1962). Em 1963, elegeu-se Vice-Prefeito, assumindo posteriormente a Prefeitura, com a cassação do titular Dr. Pelópidas Silveira.

Em 1971, agora nomeado, assume, mais uma vez, o Executivo Municipal, ficando no cargo até 1975.
Foi um dos mais laboriosos e mais polemizados prefeitos da capital pernambucana. Construiu o edifício sede da Prefeitura da Cidade do Recife, um dos seus grandes sonhos e o Colégio Municipal, duplicou a Avenida Caxangá, abriu as avenidas Nossa Senhora do Carmo, Agamenon Magalhães, Domingos Ferreira, Abdias de Carvalho e Dantas Barreto, criou a Companhia de Abastecimento do Recife, (COMPARE), a Companhia Municipal de Habitação e a Fundação de Ensino Guararapes, alargou e/ou construiu várias pontes como a de Limoeiro, da Capunga, de Jiquiá e de Caxangá, multiplicou a iluminação da cidade, com lâmpadas mercúrio, tornando-a uma das mais iluminadas do país, quando ficou conhecida como “Paris dos Trópicos”, e, finalmente, instalou a Empresa de Urbanização do Recife - URB.

Foi deputado federal em 1970 e 1978, e vereador em 1968 e 1975.

Augusto Lucena faleceu em 22 de Outubro de 1995, como sempre viveu, de forma modesta, residindo em sua casa na Ilha do Leite, com Dona Yeda, perto de completar oito décadas de vida.


*Carlos Bezerra Cavalcanti, Presidente Emérito da Academia Recifense de Letras
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