Por Roberto Vieira*

O Conselho Deliberativo do Náutico encerrou a noite mais tensa dos últimos anos com uma decisão clara: a chapa de Bruno Becker e Ricardo Malta está liberada para disputar as eleições. Em uma votação nominal histórica, o plenário rejeitou o recurso de impugnação da oposição por uma margem decisiva.

O placar final da primeira preliminar foi de 59 votos pelo sim contra 20 votos pelo não. O voto sim prevaleceu, significando a rejeição da impugnação e a aceitação da tese jurídica da defesa.

A vitória

É um triunfo da estratégia encampada pelo ex-presidente André Campos e pelo conselheiro Newton Moraes. Eles conseguiram blindar Becker com o argumento de que a inelegibilidade não se aplica sem a rejeição formal de contas. Moraes, inclusive, elevou o tom ao questionar a "desonestidade intelectual" de quem votasse contra a chapa, injetando pressão política máxima.

Apesar da violência das brigas passadas, o placar de 59x20 é um triunfo do Estatuto. O próprio ex-presidente João Guerra me narrou esta noite que, nos anos 1960, as disputas entre Wilson Campos e José Porfírio eram tão frontais que extrapolavam a oratória: em uma dessas assembleias acaloradas, diante de uma divergência política irreconciliável, a reação foi imediata e perigosa — um revólver foi sacado e exibido para tentar encerrar a discussão. Hoje, o voto nominal e redes sociais são as novas "armas" da política alvirrubra.

Lendas

O cenário de litígio inevitável ecoa uma conversa lendária entre Rubem Moreira e João de Deus, resumida na frase: "O problema do Náutico é o próprio Náutico."
Contudo, a cada reunião democrática do Conselho, essa visão encontra um contraponto. O voto nominal, a exposição e a decisão por ampla maioria provam que a solução do Náutico está, sim, no próprio Náutico. As urnas agora dirão a palavra final.

*Médico, cronista, torcedor do Náutico.