Dentro do artefato, válvulas, tubo de imagem. Fora, um quadrado de madeira, escuro, pesado, um botão enorme pra mudar os canais da programação preto e branco para poucos brasileiros. Já a cores, nas pouquíssimas salas privilegiadas. Era assim que eu assistia, numa TV preto e branco, o seriado "Perdidos no Espaço", início dos anos 70.

Espaço da Imaginação

A sensação da garotada era o robô B-9, cujos braços em formato de mola e a mão em chave de boca faziam a interação homem-máquina. Viajávamos pelo espaço da imaginação. Aquele robô brincando com a gente no quintal, na rua.





Impossível até em Sonho

Sim, de fato, brincávamos de "Perdidos no Espaço". Eu me apressava, queria ser a engenhoca. Entre os meninos, ninguém desejava encarnar o personagem trapalhão, que deixava todos em perigo, doutor Smith. Cheguei a sonhar com a lata de sardinha - batizada por doutor Smith - jogando bola comigo. Impossível de acreditar até em sonho.

"Levar pratos e copos"

Abro a tela do computador. Leio. "Associação do setor fala em dificuldade para preencher vagas. "Virgulino é um robô de cerca de um metro e meio, 'contratado' há cerca de 45 dias como garçom numa padaria em São Paulo (SP). Sua função é levar pratos e copos de um lugar para o outro, com um mapa das mesas e cadeiras já programado em seu sistema. O pessoal adorou. Agora estamos vendo um robô para faxina".





Batendo Ponto na Indústria


Também li que diferentemente dos "robôs humanoides" há máquinas batendo ponto na indústria, armazéns, supermercados, hospitais. Certamente, há algum "Virgulino" carregando bandeja de Chope por aí. Resta saber, se este garçom "Já cansou de escutar centenas de casos de amor. E que matar a tristeza só mesa de bar". Robô, "se eu pegar no sono me deite no chão".


*Romero Falcão é um cronista que se arrisca a fazer poema torto.


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