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"A Proclamação da República: episódio melancólico que deu fim a Monarquia" - Por Jarbas Beltrão*

17/11/2025 -

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'Um velho senhor de cabelos e barbas brancas'

Era a passagem do 2° aniversário da Proclamação da República, em novembro de 1891. Podia ser visto um senhor de barbas e cabelos longos e brancos, segurando uma bengala, circulando pelas ruas de Paris, a bela capital francesa e admirado centro cultural do mundo burguês da época.

Pedro de Alcântara, assim gostava de ser chamado, caminhava sempre ao lado de seu médico e amigo. Impressionava pela seu tamanho de aproximadamente 1,90 cm de altura, olhos azuis e aspecto bonachão. Cabelos lisinhos, quando tirava a cartola que lhe cobria a cabeça, seus cabelos brancos de fios longos, esvoaçavam quando lhes batiam aquele vento frio da bela cidade européia.

A cidade de fundação do século XI, capital do primogênito Reino Católico, que comandou o nascimento da Europa Católica e Ocidental, assistiu também o início, daquela Europa sede da Cristandade do Ocidente, e de sua decadência, com o movimento revolucionário de 1789, narrado por alguns historiadores como o alvorecer da Ordem Burguesa.

'Pedro de Alcântara'

Aquele senhor, Pedro de Alcântara, era não menos que o ex-Imperador da única Monarquia Americana, que governou um país, que enfrentou muitas dificuldades, mas manteve-se equilibrado por 49 anos, era ele D Pecro II. Justamente, quando o Império do Brasil, vivia momentos de prosperidade e que se permitiu realizar o único evento luxuoso - que quebrava a tradição de austeridade - o Baile da Ilha Fiscal.

'Adeus Brasil'

O governante, sua família e sua Corte na madrugada de 15 de novembro de 1889, embarcara às pressas no vapor "Alagoas", em fuga, com destino à Europa. Antes da partida o senhor Imperador receberia a mensagem em Carta, que afirmava, "não mais deveria voltar ao Brasil", terra que ocupará até à sua morte, um lugar mais que especial no seu coração. De fato o Imperador só retornou ao Brasil nos anos 1930, quando seu corpo fora transladado para o Rio de Janeiro, com autorização dos donos da República.

'Corpo em Petrópolis'

Seu corpo jaz, ao lado de sua esposa, a Imperatriz Tereza Cristina, numa lápide na Capela Imperial na cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro. Quase sem visitantes.

Petrópolis, a cidade de descanso do Imperador, e que Pedro II se recolherá depois do estressante Baile da Ilha Fiscal. A cidade foi testemunha da notícia, o Brasil não era mais monarquia, sim uma República. Hoje acolhe o corpo do casal Imperial (Pedro II e Tereza Cristina)





Uma República de " um bando de irresponsáveis", como diria o monarca, e segundo e último de nossos monarcas. A Proclamação Republicana que teve seus ideais formados por professores da Academia Militar contando com apoio de uma elite econômica insatisfeita com perdas pela abolição da escravatura negra e militares descontentes com desprestígio e baixos salários.

A República não irradiou sua voz prá todo o país. Passados dois à três anos, em territórios mais distantes da Capital Federal, a população ainda acreditava que o Brasil era uma Monarquia.

A República com dois anos de proclamada, com a promulgação da sua primeira Constituição republicana, vivia uma profunda crise institucional, que levou o líder do movimento e primeiro presidente republicano; Marechal Deodoro da Fonseca, à renunciar; vivendo uma profunda crise de depressão, não só pela idade, mas pelos desencontros com os Políticos no Congresso Nacional.

'República de incertezas e interesses privados'

A algazarra Congressual promovida por grupo que misturavam interesses públicos (republicanos) com interesse privados, esses conflitos ainda hoje perseguem a República, que tornam o regime completamente dominado por incertezas. Incertezas recheadas com novos itens, sobretudo por influências de idéias européias que desestabilazaram o clima daquele continente ao longo do Século XX, levando-o à mergulhar em dois grandes conflitos: 1914-1918 e 1939-1945.

A República Brasileira, não fugiu a regra das Revoluções; pós Revolução Francesa, esta última através de seu comitê revolucionário tratou pela via de uma legitimidade duvidosa, levar os representantes da Monarquia para a guilhotina. Prosseguindo o exemplo francês a República de Deodoro, procurou eliminar os sinais da Monarquia que fez nascer o Brasil. Guilhotinou a voz de seu ex-monarca.





O exemplo de destruição de todos os sinais das Monarquias, prosseguiu no Século XX, com a Revolução Bolchevique que trucidou e escondeu os corpos da última Família Czarista (Nicolau Romanov II). Monarquia dos Habsburgos do Império Austro-hungaro, este último, esfacelado em Repúblicas e territórios sem donos após a 1a. GM.

São episódios que marcaram o mundo historicamente distante da Ordem Ocidental, formada com a desagregação do Imperio Romano Ocidental, e raiz germinadora das monarquias, substituídas ao longo do Século XX pelas Repúblicas que culminaram em casos das "tiranias das massas".

No Brasil a trajetória da República foi dos governos das oligarquias agrárias até chegar aos governos populistas de origem urbana que ainda nos dias de hoje comandam a nação, com a lacuna do período dos governos militares de 1964/1985.


Fica dito.


*Jarbas Beltrão é Historiador, professor de História da UPE. Mestre em Educação pela UFPB, MBA em Política, Estratégia, Defesa e Segurança pela Adesg (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra) e Faculdade Metropolitana de São Carlos/SP.


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