Comemorar os 90 anos de Ives Gandra da Silva Martins é exaltar a trajetória de um dos mais brilhantes juristas, humanistas e pensadores do Brasil contemporâneo. Sua vida intelectual, marcada pela disciplina, pela profundidade e pela devoção ao estudo do Direito e das humanidades, tornou-o uma referência incontornável para várias gerações de operadores do Direito, professores e estudiosos.






Convivência

Tive a honra de conhecê-lo graças à minha amizade com seu irmão, o maestro e pianista João Carlos Martins, outro gigante da cultura brasileira. Foi através dessa ponte afetiva e artística que pude me aproximar do mestre Ives Gandra, descobrindo não apenas o jurista consagrado, mas o homem sensível, o intelectual generoso e o pensador que valoriza, acima de tudo, a grandeza da condição humana.
Entre sua vasta obra, destaco dois livros que guardo com especial carinho, ambos dedicados a mim e que muito me honram: Uma Breve Introdução ao Direito, texto fundamental para jovens juristas e porta de entrada lúcida e elegante para os estudos jurídicos; e Cem Sonetos, livro que revela o poeta por trás do jurista, capaz de traduzir sentimentos com rara beleza e precisão literária. Essas dedicatórias são mais que homenagens pessoais — são símbolos da generosidade intelectual e afetiva de um mestre que reconhece no outro a vontade sincera de aprender e de dialogar.






Respeito

Aos 90 anos, Ives Gandra permanece como uma das vozes mais respeitadas do pensamento jurídico brasileiro, sem jamais deixar de ser, também, um humanista que enxerga no Direito um instrumento de elevação moral e de construção de justiça.
Homenagear o professor Ives Gandra da Silva Martins é celebrar o legado de uma vida inteira dedicada ao conhecimento, à cultura e ao Brasil. É reconhecer que seu exemplo continuará iluminando caminhos por muitas décadas, inspirando jovens juristas e todos aqueles que, como eu, tiveram o privilégio de conviver com sua inteligência e sua humanidade.

*Antônio Campos.
Advogado e escritor.