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Teologia do domínio

07/03/2024 - Diversidade Religiosa- Coluna Semanal- Carlos André Cavalcanti

imagem noticia No Brasil, o debate sobre religião continua muito limitado. A bola da vez é uma espécie de descoberta sensacional pelo grande público da chamada Teologia do Domínio, estudada e analisada há anos e anos. Claro que é bom que todxs conheçam cada vez mais sobre religião, pois, parafraseando um assessor de Bill Clinton, se me perguntassem o que define melhor a mentalidade média atual, certamente poderia eu responder: “é a religião, seu tolo!”

O que preocupa?

Quando a “descoberta” de uma linha religiosa ultraconservadora é suficiente para explicar todo o contexto religioso, preocupo-me com a pobreza do debate. Simples assim: não é a vontade de “domínio” que explica a adesão das massas ao projeto neoconservador de governar o mundo pelos dogmas religiosos. O processo é bem mais amplo! O Domínio, por exemplo, só impera depois de a adesão do cidadão/ã ser conquistada através de subterfúgios de Reconhecimento que o/a prestigiam no meio social. O reacionarismo religioso oferece sensação de respeitabilidade a quem não a tinha.

Domínio ou dominionismo

A ideologia político-religiosa do Domínio centraliza no Antigo Testamento e em narrativas míticas como a do controverso Davi, a estratégia de ação da igreja para governar o mundo como “senhora dos exércitos”. É a teonomia, um direito alegado, mas não constatado, que teria a igreja cristã de governar o mundo numa espécie de teocracia. Os teonomistas defendem que o mundo contemporâneo deve ser governado pelas leis existentes no Velho Testamento ao pé da letra (sic).... O assim chamado povo de Deus embarca no projeto sem saber muito bem aonde ele leva, mas segue com ele em troca do reconhecimento social que a igreja oferece. Até aceita renunciar ao mundo do direito laico da República contemporânea...

Prosperidade em declínio

O dominianismo enfrenta e, às vezes, até alia-se, mas sempre supera, a antiga Teologia da Prosperidade, que agora está em lento declínio. Nela, Jesus Cristo era o núcleo da mentalidade, o que dificultava a adesão a ideias políticas fascistas ou protofascistas. (Isto explica, aliás, o fascínio de setores pentecostais e neopentecostais por um certo país do “oriente médio” que não se pode dizer o nome). Também explica a adesão dos seguidores do Domínio a forças políticas da extrema-direita populista. Porém, reafirmo: para se compreender a adesão das massas a estes postulados é preciso estudar/debater antes o Reconhecimento social que elas alcançam em tais instituições. Fora isso, seremos tragados pelo vagalhão...

Autor

*Carlos André Cavalcanti é pós doutor em Ciências das Religiões e professor da UFPB

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