Edição de N° 908

BRASIL

Segunda-feira, 29 de Janeiro de 2024
Edição de N° 908

O escândalo do dia

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O ex-presidente da República Jair Bolsonaro afirmou há pouco que o filho 02, Carlos Bolsonaro, vai prestar depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira (30/1). Carlos foi um dos alvos da operação de hoje da Polícia federal que investiga o suposto monitoramento ilegal feito pela Abin. Leia mais nesta edição.

NOSSO TIME
Diretor Geral: José Nivaldo Junior. Dir. de Redação: Antônio Magalhães. Editora Nacional: Hylda Cavalcanti. Editor Regional NE: Severino Lopes .
UM EMPREENDIMENTO GLOBALZ CONSULTORIA


APERTE O CINTO. A GOL VAI CONTINUAR A VOAR

O juiz-chefe da corte de falências de Nova York, Martin Glenn, aceitou hoje o pedido da Gol para fazer um empréstimo Debtor-in-Possession (DIP), uma modalidade de crédito específica para empresas em situação financeira difícil, de 950 milhões de dólares. Vão entrar imediatamente na conta da Gol 350 milhões de dólares. Mais detalhes nesta edição.

EM PRIMEIRA MÃO

Coluna Diária

PT se divide sobre demissões na Abin

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Integrantes do PT divergem sobre a necessidade de afastamento da atual administração da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Na cúpula do partido, há petistas que defendem que é preciso dar uma resposta à suposta participação da gestão da Abin em atos para tentar impedir a investigação. Já uma ala da bancada petista defende que é preciso esperar a conclusão das apurações.

Lira volta à Câmara para garantir emendas

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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), entra em campo nesta semana para discutir o veto do governo federal de R$ 5,6 bilhões a emendas de comissão que estavam previstas no Orçamento de 2024. O valor foi vetado pelo presidente Lula em 22 de janeiro. Lira retorna a Brasília uma semana antes do início dos trabalhos legislativos de 2024. O presidente da Câmara antecipou a volta para reunir líderes e decidir se os parlamentares vão derrubar o veto de Lula em sessão do Congresso Nacional.

Corrida pelo Simples

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As micro e pequenas empresas de todo o país têm até esta quarta-feira (31/01) para optar pelo Simples Nacional, o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições. Para participar é necessário que o empreendimento esteja regular com as obrigações previstas em lei, como estar em dia com pagamentos do programa e ter cumpridas as normas trabalhistas e previdenciárias.

Perigo com o copo da moda

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Uma trend no TikTok desencadeou uma denúncia sobre o famoso copo Stanley, fabricado pela Pacific Market International. Vários infuenciadores testaram a composição química do produto para a presença de chumbo, e foi descoberto que a substância está presente no fundo do produto. Em nota enviada à CNN Internacional, a empresa admitiu que seus copos contêm chumbo, mas garantiu que o metal não entra em contato com o líquido.

Venezuela

Maduro torna inelegível opositora favorita na eleição presidencial

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O regime de Nicolás Maduro impôs a sua solução final para varrer a oposição das eleições presidenciais deste ano, ratificando que María Corina Machado, a franca favorita para derrotar o presidente, não poderá concorrer ao pleito, previsto para o segundo semestre.

Cassados por 15 anos

Ela e o ex-governador Henrique Capriles foram inabilitados para ocupar cargos públicos por 15 anos, numa decisão do Supremo Tribunal de Justiça, alinhado ao governo venezuelano. A sentença não surpreende, por ter sido aplicada anteriormente para afastar opositores do caminho do chavismo, mas desta vez as circunstâncias são diferentes.

Rompe acordo com os EUA

A participação da oposição nas eleições era o fio condutor do Acordo de Barbados, assinado em outubro passado entre governo e a Plataforma Unitária, sob a mediação da Noruega e observação de outros países como EUA e Brasil.

Libertado aliado de Maduro

Etapas como a libertação de prisioneiros foram cumpridas, entre eles o empresário colombiano Alex Saab, aliado do presidente e detido em 2020 nos EUA por suspeita de lavagem de dinheiro.

Americanos vão revisar política de sanções

Numa primeira reação à sentença de inabilitação da candidata, o governo americano prometeu revisar a política de sanções contra a Venezuela, sinalizando claramente que o mecanismo que resultou em alívio econômico para o país será revertido. María Corina Machado, que lidera com vantagem a disputa contra Maduro, assegurou que continuará a campanha até o final.

Igreja

Bispos africanos resistem em obedecer ao Papa Francisco

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O Papa Francisco disse, em entrevista publicada hoje, que os africanos são um “caso especial” na oposição dos bispos e de outras pessoas no continente à homossexualidade. Ele afirmou que está confiante de que, com exceção dos africanos, os críticos de sua decisão de permitir bênçãos para casais do mesmo sexo acabarão entendendo.

Resistência à homossexualidade

As bênçãos foram permitidas no mês passado, no documento chamado Fiducia Supplicans (Confiança Suplicante), que envolveu o debate generalizado na Igreja Católica, com uma resistência particularmente forte dos bispos africanos. “Aqueles que protestam veementemente pertencem a pequenos grupos ideológicos”, disse Francisco ao jornal italiano La Stampa. “Para os africanos, a homossexualidade é algo 'ruim' do ponto de vista cultural, eles não a toleram”.

Papa não vê risco de divisão

Na entrevista ao La Stampa, Francisco disse que não está preocupado com o risco de os conservadores se afastarem da Igreja Católica devido às suas reformas, dizendo que uma conversa sobre um cisma é sempre liderado por “pequenos grupos”.

Visita a Argentina de Milei

Francisco confirmou que está programado encontro com o presidente de seu país natal, a Argentina, Javier Milei, em 11 de fevereiro, e há possibilidade de finalmente visitar o país — para onde ele não voltou desde que se tornou Papa em 2013. Durante a campanha eleitoral para a Presidência o então candidato Milei fez severas críticas ao Papa sobre a sua condução da Igreja.

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MERCADO

Coluna Diária

Antônio Magalhães
Autor

Hora da Vingança

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Na sexta-feira passada, 26/01, foi finalmente descartada pelo governo federal a possibilidade de colocar o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma, Guido Mantega, como presidente da poderosa mineradora Vale de capital aberto. O que seria, na verdade, uma reestatização da empresa. Os acionistas temiam, em caso de negativa sobre Mantega, uma represália do governo do PT. E ela aconteceu.

Cobrança de R$ 25,7 bilhões

O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse hoje que o governo não descarta judicializar a cobrança de R$ 25,7 bilhões adicionais em outorga da Vale pelas novas concessões da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM).

O caso vai para o TCU e Ministério Público

O caso vai para o TCU e Ministério Público Se a mineradora não responder em até 15 dias à notificação enviada na sexta-feira (26/01), o ministério pretende levar o caso ao Tribunal de Contas da União (TCU), mas também admite fazer uma representação ao Ministério Público Federal (MPF) e iniciar uma ação na Justiça, afirmou Renan Filho.

Anulação do contrato

“As duas possibilidades estão sobre a mesa”, ressaltou o ministro, garantindo que a iniciativa não guarda nenhuma relação sobre a troca de comando na Vale. De acordo com Renan Filho, se a Vale não ceder e rejeitar o pagamento adicional, a postura pode resultar até na caducidade do contrato e na licitação das ferrovias.

Chineses e árabes interessados em assumir as ferrovias

“Se houver uma licitação, não teremos dificuldades em atrair árabes ou chineses, que certamente vão pagar R$ 30 bilhões ou R$ 40 bilhões. Nesse caso, não deixaríamos de indenizar a Vale pelo que ela tem a receber”, afirmou.

As contas de Haddad não batem com a realidade

No primeiro ano do terceiro mandato do governo Lula, as contas públicas registraram um rombo de R$ 230,5 bilhões, o pior desde a pandemia de Covid-19, e o segundo pior da série história, mostram os dados divulgados hoje pela Secretaria do Tesouro Nacional. O valor está acima das projeções do Orçamento de 2023, que previa déficit de até R$ 228,1 bilhões, e da “meta informal” do governo, a qual o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia estimado, em janeiro do ano anterior, que o resultado negativo ficaria abaixo de R$ 100 bilhões, o que representaria 1% do Produto Interno Bruto.

Bilhões trocam de bolso para turbinar PIB

Os bilhões que o governo liberou para pagamento de precatórios no fim de 2023 devem representar um fôlego adicional à atividade econômica em 2024, fazendo com que o Brasil cresça mais do que o esperado neste ano eleitoral. É o governo tirando dinheiro de um bolso para colocar em outro da mesma calça e se achar mais rico.

Pior do que 2023

O estímulo via pagamento de dívidas judiciais da União tem capacidade de turbinar o consumo das famílias em mais de R$ 40 bilhões e ampliar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 0,2 e 0,3 ponto porcentual. Esse impulso ainda não provocou uma revisão das projeções por parte de bancos e consultorias; mas, se confirmado, ajuda a sinalizar um crescimento mais próximo de 2%. Trata-se de um cenário de desaceleração ante 2023, quando o PIB deve crescer 3%, mas um número melhor do que as estimativas atual, de alta de 1,6%, segundo o Boletim Focus, do Banco Central.

Carnaval bilionário

O carnaval de 2024 deve movimentar R$ 9 bilhões de reais representando 10% acima do que foi registrado no ano passado. A estimativa foi divulgada hoje pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). “O efeito do carnaval, como um evento isolado, contribui para a recuperação econômica do segmento de maneira geral e expressiva”, afirmou o presidente da CNC Roberto Tadros na nota divulgada pela CNC.


Combustível para voar

Justiça dos EUA autoriza empréstimo 950 milhões de dólares para a Gol.

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O juiz-chefe da corte de falências de Nova York, Martin Glenn, aceitou interinamente na tarde desta segunda-feira, 29, o pedido da Gol para fazer um empréstimo Debtor-in-Possession (DIP), uma modalidade de crédito específica para empresas em situação financeira difícil, de US$ 950 milhões.

Entrada imediata de 350 milhões de dólares

A autorização provisória permite a entrada imediata de US$ 350 milhões na companhia assim que o juiz americano autorizasse provisoriamente a transação. O restante do DIP Financing pode ser repassado a companhia após a aprovação final do financiamento pela Corte de Nova York.

Em operação normal

“A obtenção da autorização do Tribunal dos Estados Unidos para acesso a novos financiamentos permitirá à Gol continuar operando normalmente, conforme prevíamos”, afirmou o CEO da Gol, Celso Ferrer, em nota.

Credores

O DIP foi conseguido com os detentores de títulos de dívida da Abra, empresa que controla da Gol e a Avianca. Pela decisão judicial, os financiadores do DIP terão preferência de pagamento, à frente de todos os outros credores da Gol, como é usual neste tipo de financiamento. Os financiadores também não ficam obrigados a fazer novos empréstimos à Gol, nem a monitorar o uso feito pela empresa do valor emprestado.

Caça aos Bolsonaros

STF foi ágil. Na madrugada de hoje autorizou operação da Polícia Federal

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Menos de 12 horas depois da ‘live’ na Internet apresentada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e filhos, em Angra dos Reis, a Polícia Federal realizou uma operação de busca e apreensão contra o vereador Carlos Bolsonaro. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) afirmou na tarde de hoje que a ordem judicial que autorizou a operação da Polícia Federal é “ilegal” e “imoral”. Segundo o parlamentar, o mandado de busca e apreensão autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, é “genérico” e visava atingir todos os membros do clã Bolsonaro que estavam na casa de férias da família em Angra dos Reis, no Rio.

Programa de formação de candidatos

O clã promoveu uma live neste domingo, 28, para lançar um programa de formação para candidatos a vereador e reforçar a polarização com o PT nas eleições municipais deste ano.

Mandado para atingir toda família

Pelo X (antigo Twitter), Eduardo diz que o mandado foi assinado por Moraes nesta segunda-feira, pouco antes da operação, e que o objetivo seria atingir, além de Carlos Bolsonaro, o ex-presidente Jair Bolsonaro e os irmãos do vereador carioca. “O mandado de apreensão era datado de hoje, 29/JAN. Ou seja, durante o recesso, logo após a super live que pela 1º vez reuniu Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Carlos Bolsonaro e eu, Alexandre de Moraes escreveu os mandados. Tudo confeccionado entre meia-noite e 06:00h de hoje. Ao que tudo indica, para que todos fossem objeto de busca com base em investigação direcionado ao Carlos”, afirmou. A publicação foi compartilhada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na rede social. Carlos ainda não se pronunciou.

PF queria apreender celulares do senador e do deputado

Eduardo afirmou que os agentes cogitaram apreender o celular dele, do pai e de Flávio Bolsonaro, que não são alvos da operação. “Esse estado de coisas não pode permanecer, não pode uma ordem judicial ter uma ampliação dessa forma. Isso é ato ilegal, além de imoral”, afirmou.

Operação investiga o suposto uso ilegal da Abin

A operação é um desdobramento da Operação Vigilância Aproximada, que vasculhou 21 endereços no último dia 25. O principal alvo da ofensiva foi o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão Bolsonaro e hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A investigação se debruça sobre a suspeita de que a Abin teria sido usada ilegalmente para atender a interesses políticos e pessoais do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua família.

Armas de uso restrito

Exército recua da decisão de permitir fuzis para acervo pessoal de PMs

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O Exército recuou e suspendeu os efeitos da portaria que permitiria policiais militares terem até cinco fuzis como armas do acervo particular, em casa. O que daria grande poder de fogo aos policiais-militares, com contingente maior do que as forças federais e com treinamento de combate em zonas urbanas.

General assinou a portaria

Não caiu bem na cúpula do Exército, portanto, a Portaria 167, do Comando Logístico, assinada pelo general de Exército Flavio Marcus Lancia Barbosa, que autorizava policiais e bombeiros militares a terem em casa até seis armas de fogo, sendo até cinco de uso restrito. Entre estas, alguns tipos de fuzil – equipamentos não recomendados para defesa pessoal. Ele comandou a área de Educação e com a chegada de Lula, em 2023, ele foi removido para a Logística da Arma, um cargo de menor importância.

Menos armas com Bolsonaro

A nova regra representaria um afrouxamento das normas que vigoraram antes e durante o governo de Jair Bolsonaro. Até então, os militares estaduais podiam comprar duas armas de uso restrito para ter em casa.

Deferência com o recuo

Com o recuo, a cúpula do Exército quis fazer uma “deferência” ao novo ministro, segundo autoridades ligadas à área. A portaria foi publicada no último dia 23 e entraria em vigor a partir de 1° de fevereiro, data da posse de Ricardo Lewandowski na pasta.

Militares acham que ministério vai impor mais restrições

Oficialmente, o Exército informou que o objetivo da suspensão era “permitir tratativas junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública”. No STF, Lewandowski votou contra decretos do ex-presidente Jair Bolsonaro que ampliaram o acesso a armas por civis. A tendência, no ministério, é a de que ele incentive uma restrição da portaria que trata de armas em acervos privados de policiais militares.

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Artigo

A crise migratória nos Estados Unidos e o impasse no Texas é analisada por Ricardo Rodrigues*

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Não é recente a insatisfação dos Estados situados na fronteira dos Estados Unidos com o México com a política migratória permissiva do governo Biden. Esses Estados vêm sofrendo com a entrada caótica de imigrantes ilegais em seus respectivos territórios. Afinal, apenas no mês de dezembro de 2023, mais de 300 mil imigrantes foram observados entrando ilegalmente no país por esses Estados e ali permanecendo.
São esses Estados que acabam arcando diretamente com os custos e as consequências da crise migratória nos Estados Unidos. Ali se registra o aumento contínuo da criminalidade, inclusive do tráfico de drogas, e o esgotamento rápido dos serviços públicos prestados pelos Estados, sobretudo em hospitais e agências de assistência social.

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Texas dá um basta

Na semana passada um desses Estados, o Texas, resolveu dar um basta a tal situação. Na última quarta-feira, o governador Greg Abbott declarou que a entrada de multidões de imigrantes em seu Estado equivalia a uma “invasão”, da qual o Texas tinha o direito constitucional de se defender. E, não ficando apenas na retórica, Abbott mobilizou sua Guarda Nacional, enviando-a à fronteira do Estado com o México para erguer obstáculos com arame farpados e prender migrantes que tentassem entrar ilegalmente. As imagens dos batalhões da Guarda Nacional a caminho da fronteira e das prisões rapidamente viralizaram na internet.

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A decisão da Suprema Corte

Provocada pelo Governo Federal a se pronunciar, a Suprema Corte decidiu a favor de Biden. Não poderia ser diferente. Afinal, nos Estados Unidos como no Brasil, a defesa das fronteiras é da competência federal. O artigo IV da Constituição norte-americana dispõe que cabe ao governo federal proteger cada Estado da União contra invasões. Respaldado por essa decisão, o Presidente Biden deu ao governador do Texas um ultimato de 24 horas para remover as barreiras erguidas com arame farpado e retirar as forças militares enviadas para a região da fronteira. Como Greg Abbott vem se negando a obedecer, constituiu-se um impasse político que há muito não se via nos Estados Unidos.

História se repete?

Esse imbróglio lembra uma situação semelhante que ocorreu nos Estados Unidos nos anos 1960. Um pouco antes, precisamente em 1954, a Suprema Corte decidira, no famoso processo Brown v. Board of Education, ser inconstitucional qualquer lei estadual que amparasse a segregação racial em escolas, mesmo que as escolas fossem iguais em termos de qualidade da educação.
Apesar da decisão unânime dos ministros da Suprema Corte, o então governador do Alabama, George Wallace, em 1963, decidiu não a acatar. O governador havia se comprometido com seus eleitores, em seu discurso de posse, a lutar pela continuidade da política de segregação racial.
Ele próprio prostou-se diante da porta do auditório da Universidade do Alabama, juntamente com pelotões da Guarda Nacional (estadual) para impedir a entrada de dois estudantes negros. E, com esse gesto, deu início a um impasse de graves proporções.

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Kennedy jogou pesado contra Wallace

O então Presidente John Kennedy despachou seu irmão e Procurador Geral da República, Robert Kennedy, para negociar com o governador uma solução para o impasse. Relatos históricos registram que as tratativas diplomáticas não evoluíram. Por fim, o Presidente Kennedy assinou um decreto federalizando a Guarda Nacional do Alabama que prontamente acatou a ordem presidencial permitindo, assim, a matrícula dos alunos negros.

Separação dos poderes

Na política norte-americana, tais impasses podem acontecer porque a separação dos poderes naquele país é para valer. Cabe ao Poder Legislativo legislar, cabe ao Poder Executivo, executar “fielmente” as leis, e cabe ao Poder Judiciário, tomar decisões. Ao contrário do que acontece no Brasil, as polícias nos Estados Unidos não são polícias judiciárias e não obedecem a ordens do Poder Judiciário. Como elas integram a estrutura do Poder Executivo, elas acatam ordens apenas do Executivo. No caso da integração racial das escolas, a decisão da Suprema Corte terminou sendo acatada porque o Executivo Federal concordava com seu teor e podia fazer frente à resistência interposta pelo Estado do Alabama.

País dividido

Embora a solução que vem sendo contemplada pelo Governo Biden para o impasse no Texas seja idêntica à que foi empregada por John Kennedy, isto é, a federalização da Guarda Nacional do Texas, a conjuntura política nos Estados Unidos é hoje muito diferente daquela dos anos sessenta. Em primeiro lugar, o país sofre com uma polarização sem precedentes. O que as primárias realizadas até aqui demonstram é que há pouco ou nenhum espaço para políticos de centro nas eleições do final do ano. Em segundo lugar, a política migratória do Governo Biden conseguiu dividir o país praticamente ao meio. Nada menos do que 25 Estados da federação declararam seu apoio ao governador Greg Abbott, do Texas. É por conta desse apoio que as redes sociais têm divulgado o impasse como o possível início de uma guerra civil.

Relação Executivo e Legislativo

No mínimo, o atual impasse levará o governo a rever sua posição nas negociações em curso relativa ao orçamento da União. Se, a maioria republicana na Câmara dos Deputados já vinha transformando essas negociações numa dor de cabeça perene para o governo federal, com o impasse no Texas, a confusão nas relações entre Executivo e Legislativo tenderá a se consolidar. Dificilmente se aprovará o envio de recursos para a Ucrânia e Israel sem que o governo Biden ceda integralmente no que se refere à política migratória, fechando as fronteiras.

Repercussões políticas

Caso o governo opte pelo confronto, a federalização da Guarda Nacional do Texas poderá resolver o problema das cercas de arame farpado e da reabertura das fronteiras no Texas. Não será, contudo, uma solução simples e duradoura para o impasse. Haverá repercussões políticas, dentro e fora do Congresso. O assunto não tem como ficar de fora da campanha eleitoral que está apenas começando.

*Ricardo Rodrigues é jornalista e cientista político

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GOL DE LETRA

Médico e Cronista

Roberto Vieira
Autor

O último carnaval da ditadura, 1984

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O Carnaval de 1984 foi o último Carnaval da ditadura militar. O empresário e folião Enéas Freire anuncia o maior desfile da história com dez mil pessoas fantasiadas no Galo da Madrugada saindo da Rua Floriano Peixoto. O Galo parece que vem para ficar. Em Boa Viagem, a Frevioca arrasta uma multidão de frente pro mar trazendo dor de cabeça infinita para os moradores da orla. Dezenas de carros comprados em sucatas servem de ponto de encontro para a rapaziada. Enquanto isso, dois bancos são assaltados na capital pernambucana: o Banco Real da Encruzilhada e o Banco Industrial na Madalena. O presidente Figueiredo propõe diretas para a presidência - mas em 1988. José Sarney, ainda presidente do PDS, partido da ditadura, acha que seria legal uma Constituinte antes da volta da democracia. Evoé!

TV Manchete e Capiba

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A TV Manchete estreia suas transmissões no Recife no sábado de Carnaval com o ‘Especial Capiba’. Eram cinco da tarde, quando o programa trazendo Gilberto Freyre, Expedito Baracho, Claudionor Germano, Luiz Bandeira e Quinteto Violado apresenta a nova emissora brasileira de Adolfo Bloch ao público pernambucano. O programa sobre Capiba é produzido pelo cineasta Nelson Pereira dos Santos. Com 84 horas de programação carnavalesca ininterruptas no Carnaval 84, a Manchete balança Roberto Marinho e a Globo do pedestal nas telinhas.

Faltou leite

Embora a bebida principal do carnavalesco pernambucano seja cachaça, cerveja, chopp e batidas mil, outra bebida foi quem ganhou as manchetes do Carnaval 84. O diretor-presidente da CILPE, estatal do leite, empolgou-se com a folia e liberou os funcionários durante três dias de folia. Quando o governador Roberto Magalhães descobriu que sobrava cerveja e faltava leite pasteurizado no Estado, mandou demitir sem pestanejar o diretor folião. Evoé!

Tristeza no Homem da Meia Noite

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Foi o desfile mais triste na história do Homem da Meia Noite. O presidente do Clube da Alegoria e Crítica, Iran Marcelino Veiga, deixou em lagrimas os foliões da Marim dos Caetés. O Homem da Meia Noite e a Mulher do Meio Dia acompanharam em silêncio o enterro do seu patrono, mas no instante seguinte ao derradeiro adeus, o frevo voltou a ganhar as ladeiras de Olinda, melhor maneira de homenagear Mestre Veiga. Evoé!

FMI

O Brasil bate recordes na balança comercial em fevereiro de 1984 com o montante de 856 milhões de dólares. Apesar do saldo positivo, o Brasil que deveria receber 1 bilhão de dólares como parte de um empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI), fica sem ver um centavo do empréstimo. Tudo porque precisa pagar juros atrasados da dívida externa no valor de quase 2 bilhões de dólares. Quem viveu, viu! Evoé!

Carnaval da Vitória

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Como novidade do Carnaval 1984, o desfile com as agremiações vitoriosas acontece no sábado pós Carnaval na Avenida Dantas Barreto. O prefeito Joaquim Francisco entrega os prêmios aos campeões. Entre eles, Pás Douradas, Toureiros de Santo Antônio, o fabuloso Madeiras do Rosarinho, Lira da Noite e a Escola de Samba Galeria do Ritmo fazem a festa. Também tem lugar para as troças Abanadores do Arruda, Estrela da Tarde, Domadores da Mangabeira, além dos maracatus Porto Rico do Oriente e Cruzeiro do Forte, assim como os caboclinhos Canindés. No suspiro final dos festejos de Momo, o governo anuncia Diretas Já para o dia 25 de abril de 1984. O presidente do Brasil no Carnaval de 1985? Ele mesmo. José Sarney. Evoé! *Roberto Vieira é médico e cronista


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