Edição de N° 916

BRASIL

Sexta-feria, 23 de Fevereiro de 2024
Edição de N° 916

Fim da reeleição

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Congresso começa a discutir a PEC do fim da reeleição para o Executivo e a extensão do mandato para cinco anos. A proposta estabelece ainda a coincidência de eleições na mesma data para todos os cargos em disputa e proíbe candidaturas coletivas.

NOSSO TIME
Diretor Geral: José Nivaldo Junior. Dir. de Redação: Antônio Magalhães. Editora Nacional: Hylda Cavalcanti. Editor Regional NE: Severino Lopes .
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Censo aponta que 50 milhões de brasileiros que não têm esgoto

Quase 50 milhões de brasileiros não conseguem descartar o esgoto de maneira adequada. Desse total, 39 milhões despejam seus dejetos em fossas rudimentares ou buracos, e mais de 4 milhões têm rios, lagos ou o mar como destino de seu esgoto. É o que revela o mais novo recorte do Censo 2022, divulgado hoje pelo IBGE.

EM PRIMEIRA MÃO

Coluna Diária

‘Crime organizado alcança todo o País’

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O alerta foi feito hoje pelo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, há pouco tempo no cargo. Ele conclamou todo o aparato do Estado a agir e enfatizou: ‘O crime não conhece competências jurídicas nem espaços das instituições públicas’

Cães e gatos nos presídios

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Uma resolução do Ministério da Justiça determina a instalação de canil e gatil no sistema prisional, com o objetivo de capacitar pessoas privadas de liberdade, por meio da oferta de cursos técnicos de cuidados e treinamento de animais, como ferramenta de ressocialização. A medida, publicada no D.O.U. desta sexta-feira (23/02), reúne orientações para implantar a medida em todo o país.

Risco de cassação de Moro em 1º de abril

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O julgamento que pode resultar na cassação do mandato do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) já tem data para começar. O presidente do TRE do Paraná, Sigurd Roberto Bengtsson, marcou a sessão para 1º de abril. Ele é acusado de abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação durante a campanha eleitoral de 2022.

Mais mulheres na disputa por cargos

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Dos mais de 2,1 milhões de candidatos com inscrições confirmadas no Concurso Público Nacional Unificado, 56% são do sexo feminino, o equivalente a 1,2 milhão de pessoas. O dado faz parte das informações consolidadas divulgadas nesta sexta-feira (23) pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.

Código eleitoral

Reforma acaba com reeleição e estabelece mandato de 5 anos

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O relatório do novo Código Eleitoral, que unifica toda a legislação e resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deve ser entregue na próxima semana no Senado. A expectativa é de que o Projeto de Lei Complementar (PLP), que institui a minirreforma, seja votado ainda no primeiro semestre deste ano, como já havia anunciado o senador e relator da matéria, Marcelo Castro (MDB-PI).

Coincidência de datas das eleições

Duas Propostas de Emenda Constitucional (PECs) devem ser apresentadas pelo parlamentar. A primeira prevê a coincidência de eleições na mesma data para todos os cargos em disputa: vereadores, prefeitos, deputados estaduais, governadores, deputados federais, senadores e presidente da República. Já a segunda mantém a regra atual, com eleições municipais separadas das demais.

‘Reeleição no Executivo foi um malefício’

O projeto prevê também o fim da reeleição, além de estabelecer mandatos de cinco anos para prefeitos, governadores e presidente da República. Para Marcelo Castro, é “um malefício a reeleição para cargos executivos no Brasil”. A PEC estabelece que, sem a reeleição, um mandato de quatro anos seria insuficiente para os chefes do Executivo executarem seus projetos.

Fim das candidaturas coletivas

Outra mudança que deve vir com a lei complementar é proibir as chamadas “candidaturas coletivas” ou “mandatos coletivos”, quando é feita a divisão de um mandato parlamentar entre várias pessoas. Além de estabelecer a necessidade de desligamento definitivo do cargo de juízes, integrantes do Ministério Público e policiais quatro anos antes das eleições para serem candidatos.

Sobras eleitorais

O cálculo das chamadas “sobras eleitorais”, isto é, assentos não preenchidos na distribuição de vagas nas eleições proporcionais também devem sofrer alteração. Atualmente, podem participar da divisão as siglas que tiverem 80% do quociente eleitoral. Se aprovada a proposta, apenas as legendas que alcançarem 100% desse desempenho poderão participar.

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Crise com Israel

Deputados protocolam pedido de impeachment de Lula por declarações antissemitas

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A oposição ao governo protocolou o pedido de impeachment do presidente Lula na Câmara. O requerimento, com 139 assinaturas, está na mesa de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Casa, desde a noite de quinta-feira, 22. Encabeçado pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), o requerimento deve passar por um aditamento para inclusão de mais cinco nomes.

139 parlamentares já assinaram

O requerimento possui 49 páginas e afirma que o presidente da República cometeu “ato de hostilidade contra Israel” por meio de “declarações de cunho antissemita”. No último domingo, (18/02), Lula comparou a incursão de Israel na Faixa de Gaza com o extermínio de judeus promovido pela Alemanha nazista.

Crime de responsabilidade

A declaração de Lula gerou uma crise diplomática, fator elencado pelos autores do pedido. Segundo os parlamentares, o chefe do Executivo teria comprometido as relações comerciais entre Brasil e Israel e a neutralidade brasileira, crimes de responsabilidade tipificados pela Lei do Impeachment.

Manifestação do dia 25

Saiba quem vai falar no ato pró Bolsonaro

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A lista de pessoas autorizadas a discursar no ato pró-Bolsonaro na Avenida Paulista, na tarde de domingo (25/02), está reduzida a alguns parlamentares. Além do próprio ex-presidente, foram escolhidos os deputados Nikolas Ferreira, Gustavo Gayer e os senadores Magno Malta e Rogerio Marinho, apurou a CNN.

Governadores no palanque

Os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás), Jorginho Mello (Santa Catarina), Romeu Zema (Minas Gerais) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, poderão falar se desejarem. Os filhos do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também terão direito a fala se demostrarem interesse.

Michelle abre com oração

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, atual presidente do PL Mulher, inicia o ato com uma oração. Caberá a ela decidir se vai discursar ou não. Michelle é vista como uma aposta eleitoral do partido, principalmente diante da inelegibilidade do ex-presidente.

Discursos curtos

O objetivo dos organizadores é evitar discursos alongados e, principalmente, perder o controle sobre o que é dito. São esperados no evento cerca de 100 parlamentares. Serão dois trios elétricos e foram distribuídas 143 pulseiras para parlamentares. Também haverá um espaço reservado para até 500 pessoas na frente do trio para parentes e pessoas próximas.

Últimos detalhes

Os últimos detalhes serão fechados numa reunião neste sábado entre o pastor Silas Malafaia, organizador do ato, além de Bolsonaro e Michelle. A ideia é que o evento não dure mais que uma hora e meia para não “cansar as pessoas” e “reduzir a possibilidade de conflito com as autoridades”.

Sem faixas e cartazes

Os organizadores estão pedindo aos participantes para “não levar faixas, cartazes e bandeiras” e dizem não acreditar em “provocações fúteis ao Supremo”, mas dizem que “ninguém pode ter cerceado seu direito à fala”. Juristas afirmam que o direito à manifestação não inclui apologia ao crime.

Manifestação pacífica

Segundo a equipe de Bolsonaro, o ato é espontâneo, mas o ex-presidente divulgou nesta sexta-feira (23/02) um vídeo convidando as pessoas para a manifestação e enfatizando que é pacífica.

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Mudança no passado

Toffoli quer rever Lei da Anistia de 1979

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A revisão da Lei da Anistia ganhou força no Supremo Tribunal Federal (STF), a partir do posicionamento do ministro Dias Toffoli. Ele indicou disposição de iniciar amplo debate sobre o assunto no segundo semestre de 2024, por meio de audiências públicas.

Luta armada volta à discussão

Promulgada em 1979, durante a ditadura militar, a Lei da Anistia perdoa todos os envolvidos em “crimes políticos ou conexos”. Ela deixou impunes agentes da repressão que cometeram torturas, assassinatos e desaparecimentos de presos políticos entre 1969 e 1979. Como também militantes de esquerda que se envolveram em ações de terrorismo gerando mortes.

Virar a página

A disposição em desengavetar a matéria foi revelada durante reunião com representantes do Instituto Vladimir Herzog no dia 7 de fevereiro, em Brasília. “A sinalização do relator da ação no STF é mais um passo para que possamos, definitivamente, virar mais essa página da história”, afirma Rogério Sottili, diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog.

MERCADO

Coluna Diária

Antônio Magalhães
Autor

Consignados com juros acima do teto

A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou falhas em controles internos do INSS na gestão de empréstimos consignados, incluindo autorizações de empréstimos pessoais sem cumprimentos dos critérios legais. Cerca de 20% de empréstimos identificados (em uma amostra de mais de 3 milhões de empréstimos) feitos com taxas acima do teto permitido.

Revisão da vida toda é para poucos

A conclusão do julgamento da “Revisão da Vida Toda” pelo STF pode contemplar 380 mil aposentados. A Corte adiou a continuidade da discussão sobre o tema para a próxima semana, com expectativa do julgamento para o dia 28 de fevereiro – cenário que desagrada juristas e aposentados. A discussão sobre o benefício, que visa incluir os salários de contribuição anteriores ao ano de 1994 em suas aposentadorias, deveria ter acontecido no início do mês, mas foi adiada pela terceira vez.

Tristeza de muitos

Segundo Murilo Aith, sócio da ABL Advogados, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) argumenta que, com o reconhecimento do tema, 56 milhões de benefícios seriam revisados. Contudo, ele explica que o número é bem menor: “É um número reduzido, uma ação de exceção e que cabe para poucos”, acredita Aith para a tristeza de muitos.

Paz no Congresso por R$ 20 bi

O governo federal publicou, na noite desta quinta-feira (22/2), decreto que cria cronograma para o pagamento de emendas parlamentares para o ano de 2024. De acordo com o texto editado, o Planalto deverá pagar R$ 20,5 bilhões em emendas individuais, de bancada e de comissão até o mês de junho. A publicação atende às demandas de parlamentares que pressionaram o governo após os vetos do presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Uniformizar decisão contra vínculo

O STF começou a julgar hoje um recurso da Uber que discute se o vínculo de trabalho entre motoristas e a plataforma tem repercussão geral — ou seja, se o julgamento servirá de norte para ações que envolvem outras plataformas, como iFood e Rappi. O relator é o ministro Edson Fachin, que já votou contra o vínculo empregatício e pela uniformização da jurisprudência no tema. A análise ocorre no plenário virtual que vai até a próxima sexta-feira, 1º.

Autor

*Antonio Magalhães é diretor de redação de O PODER


Censo de 2022

Falta sistema de esgoto para 49 milhões de brasileiros

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Ainda que o País venha melhorando seus números no que diz respeito ao esgotamento sanitário, 49,03 milhões de brasileiros ainda não conseguem descartar o esgoto de maneira adequada. É o que revela o mais novo recorte do Censo 2022, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Fossas rudimentares

Desse total, 39 milhões despejam seus dejetos em fossas rudimentares ou buracos, e mais de 4 milhões têm rios, lagos ou o mar como destino de seu esgoto. O restante vai para valas ou outros tipos de locais de descarte não especificados no levantamento.

Quase 2 milhões sem banheiro

Além disso, 1,18 milhão de brasileiros não têm banheiro nem sequer um sanitário. Em 3.505 municípios do País, de um total de 5.570, menos da metade da população mora em domicílios com coleta de esgoto.

Favorece doenças e desequilibra meio ambiente

Problemas de saneamento básico estão ligados à transmissão de doenças, como esquistossomose e cólera. Também agravam desequilíbrios ambientais, com a contaminação de mananciais, rios e efeitos negativos na biodiversidade.

Situação crítica no Norte

A situação mais crítica está na Região Norte, onde menos de 1/4 da população consegue fazer a destinação correta de seu esgoto. O Amapá apresenta o pior índice: por lá, apenas 10,9% dos habitantes têm acesso à rede geral de esgoto, fossa séptica ou fossa filtro, que são os sistemas de esgotamento considerados adequados pelo Plano Nacional de Saneamento Básico (Plan-Sab).

JOSUÉ SENA

Autor

O poeta de toga sextou com a gente.

Recordações No branco crepúsculo da idade, O verso chama-se recordação, Com marcos alegres de emoção E feridas de infelicidade. Há rugas de angústia e de riso, Na face refletida no espelho, No rumo do tempo, sinais verde e vermelho E inferno, purgatório e paraíso. Serve, certamente, de consolo A consecução de tais momentos. Do muro do destino o tijolo E por guiar-se pelo sentimento, Sendo por isso audaz ou tolo, Não cabe agora arrependimento.


ANA POTTES

Autor

Ana Pottes sextou com a gente

Nas margens do Velho Chico Em dezembro último eu e meu companheiro nos largamos, com um grupo de amigos, para um final de semana nas Alagoas com o intuito de conhecer Penedo. A cidade é linda. Possui histórias a nos deixar pensativos em toda tradição que desfila pelas ruas e pelos soberbos casarios, cuidados e iluminados. De uma religiosidade transbordante e de um tempo de senhores poderosos, da nobreza de Portugal; de mulheres guerreiras que, de armas em punho, defenderam crenças e, porque não dizer, sonhos. Mártires, ganharam eternização.

Uma história

Ouvi o relato sobre a Igreja das Correntes e sobre Nossa Senhora das Correntes. O espaço antes, era tomado pelas cheias do rio e as pessoas costumavam rezar, em um local mais alto, pedindo para as águas não subirem. Exatamente ali os ricos e poderosos Lemos mandaram erguer uma igreja para a santa das correntezas. Em seu altar, dividindo o espaço com a Santa das Correntes, São Manoel da Paciência que, segundo contam, é o santo protetor dos professores. Difícil entender os porquês! Soube que eram mandatários de fachada. Contam que, em pequeno esconderijo camuflado no altar, um vão tão diminuto que me perguntei se ali cabia uma pessoa, escondia escravos fujões. Não sei como servia de abrigo, mas assim era.

Uma senhora

Dona Cecilia Lemos cumpria com o papel feminino do seu tempo. Cuidava das orações, mantinha a igreja limpa e os santos ornados. Mulher religiosa e caridosa aos olhos dos soldados que a noitinha recebia a cesta com pães, bolos e cachacinha, na cadeia quase em frente da igreja. Cestinhas providenciais, pois, enquanto eles dormiam, o negro seguia para a liberdade em uma canoa conduzida pelas correntezas do rio. Bendita Nossa Senhora das Correntes. Imensidão de Francisco. Libertário rio.

Um administrador

Duarte Coelho foi um administrador perspicaz no convencimento. Em suas negociações conseguia trazer as novidades dominadas pelos holandeses e pelos judeus. Todos juntos trabalhando para desenvolver sua capitania. E o crescimento ocorreu. Entretanto precisou se ausentar. Deixou as terras levando os filhos para estudar em Portugal, precisavam aprender bons estilos da nobreza e esquecer os modos daquele povo cujas mulheres expunham suas vergonhas sem nenhum pudor. Foi a última viagem. Não retornou a sua Lusitânia, nem conheceu o carnaval. Tempos mais tarde, Duarte Coelho, o filho, fundou Penedo. Dom Pedro II, viajante contumaz, por ali passou. Foi um navegador ciente, fazendo histórias aqui e em Portugal, admirado com o que se erguia nos rochedos sob a permissão do rio disse: “O local é muito bonito e creio que deveria estar aqui a capital da província.” Não profetizou. Mas Penedo é rochedo. Essa é a história que ouvi, aquela contada pelo povo.

Ainda pela boca do povo

Na praça minha atenção foi capturada por um oratório, encravado nas paredes de pedra. Ao lado uma indicação. Ali, o condenado deveria passar sua última noite, em orações, aguardando a hora de ser encaminhado para o Alto da Forca. Ouvi o caso de um pobre sentenciado que buscou clemência, por alegar inocência, mas não obteve. Seguiu para o oratório pensando em amargar sua última noite, entretanto, quando o dia levantou e o sol dourou as águas do rio, ele não estava lá. Dizem que veio para as bandas de Olinda atraído pelas ladeiras e pelo casario na intenção de recordar Penedo. Não ficou muito claro, apenas ouvi falar que para não ser reconhecido se transvestiu de Calunga Gigante, cartola, sorriso nos lábios e terno verde brilhante. Aqui repito o que ouvi. Sei direito não. Com o tempo livre tivemos a sorte de assistir apresentações de Coros, no teatro, casa que me trouxe a lembrança o nosso Santa Isabel. Foi um presente dos deuses. Entre tantos corais compostos por muitas vozes, um do Recife foi anunciado. Vi entrar no palco apenas sete componentes e gelei. Aguardei ansiosa o início e eles nos conduziram aos céus, pois a soprano deveria se fazer presente nas grandes óperas. Aliás, um canto coral perfeito. Fizeram bonito e foram reconhecidos. Acho que Santa Cecília esteve conosco.

Um reviver

O rio São Francisco, silencioso e atento aos visitantes, mostrou sua beleza em entardeceres guardados, não nos cliques, mas nas nossas memórias. Junto às crianças penedenses entramos na fila para contemplar o rio lá do alto de uma roda gigante. A euforia não permitiu uma boa análise da fragilidade da estrutura, identificada já no alto, mas a beleza alcançada pelo olhar acalmou o coração e embalou a mente. Valeu a pena, um reviver a infância nas festas de rua. Penedo é bela com a brisa do rio a indicar mais histórias, algumas encantadas que só ele dá conta. Sei mesmo é que voltamos gratificados e reenergizados com os presentes recebidos e alegrias despertadas em nós.


ÂNGELA SIMÕES DE FARIAS

Autor

A jurista pós poeta sextou com a gente.

Tem sido desesperador. Viver de sobressaltos, um terror. Tem golpe, vem golpe? Prá já? A galope? Paz! Paz na democracia. Sem interromper a alegria, porém ….. Mais um golpe na democracia? Conciliar! Apaziguar? Bem realista: nenhuma conciliação com golpista. O diabo a quatro, 64 não é 2024.


CARLOS BEZERRA CAVALCANTI

Autor

O historiador sextou com a gente.

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Os ônibus A estrada do tempo deixou para trás vários tipos de transportes urbanos. Vimos, na semana passada, os saudosos e aprazíveis bondes. Hoje falaremos sobre os ônibus, agora não mais daqueles puxados a burros, mais sim dos mais contemporâneos, os movidos a motor e, por que não? dos elétricos.

A II Guerra Mundial

Foi responsável por uma verdadeira metamorfose nas vidas e costumes sociais, do mundo ocidental e principalmente do Brasil, assim como de todo o Nordeste, (Recife e Natal) quando passamos a viver, e conviver, com um verdadeiro contingente de americanos de todas as origens e classes, e, no trato social, as mocinhas começaram a frequentar as calçadas do centro da cidade, principalmente as da Rua Nova, sem o imperioso acompanhamento dos pais, era o concorrido "footing" e, então, com tudo isso, as novidades chegaram: a radiola de ficha, a coca cola, o óculos ray ban, o chiclete, e a frequência nas festas dançantes, como aquelas que aconteciam no USO da Rua do Sol, em que às mocinhas, a entrada era franqueada, e até ansiada, enquanto aos rapazes, o acesso ao recinto era dificultado e até penoso, só com muita recomendação.

Por isso

Eles comentavam que USO, na realidade, queria dizer União das Senhorinhas Oferecidas... mas tínhamos, também, aqueles famosos "encontros" no Pina, na Base Aérea, que depois, ficariam conhecidos, justamente por esse motivo, de Encanta Moça, onde os encontros eram mais aconchegantes...e onde muitas vezes, o "fato se consumava" se é que vocês me entendem. Foi sobre esses encontros que se referiu Mauro Mota, no seu Boletim Sentimental do Recife, em que ele trata de jovens meninas, daquelas que se jogavam aos garbosos militares, no afã de dias melhores, com um galã "hollywoodiano", mas que suas realidades mudaram com o armistício.

Doce amargo

"Meninas doces meninas De mãos em mãos hoje andais Fostes grandes heroínas de guerras sem ter rivais." O poema é longo e assim vamos perder o nosso transporte.

O Ônibus

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Ele foi responsável pela introdução de substanciais mudanças, em nossos costumes, como, por exemplo, as filas. Elas, às vezes, davam a volta no quarteirão. Mas logo surgiram os chamados "papa filas" que, na verdade, acabavam com uma quantidade enorme de passageiros à espera de seu transporte. Cronologicamente, tivemos os primeiros e raros ônibus, como dissemos, após à II Guerra, depois, a coisa mudou, e os ônibus foram diminuindo em qualidade e quantidade, de tal forma que, em 1953, o Recife tinha, atuando, 128 empresas responsáveis por 501 ônibus. Mas nesse mesmo ano foi feita uma grande reforma, na estrutura administrativa municipal, surgindo, com ela, a Inspetoria de Serviços Públicos.

Por essa época

Começaram a aparecer os exploradores dos particulares nas chamadas lotações. Logo apelidadas pelo povo de "Sputniks" pois trafegavam em velocidade espacial, me lembro que (1959) elas eram novas e vistosas, amarelas e branca, ou vermelha, realmente muito vistosas, mas aí, no final do ano, fui morar fora do Brasil e não tive mais conhecimento delas. Porém, pela velocidade que desenvolviam, acho que acompanharam Gagarin e foram para o espaço sideral.

Quanto aos ônibus

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Tivemos grandes mudanças, com Companhia de Transportes Urbanos, implantando os ônibus elétricos. Até a próxima, leitor, quando voltaremos para as minhas saudosas ruas do Recife antigo.


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XICO BIZERRA

Autor

O compositor, poeta e cronista sextou com a gente.

Cinquenta e tantas polegadas de listas Minha TV pifou. Na sala, aquele monstrengo de cinquenta e tantas polegadas, apenas com som, sem imagem, feito igreja de crente. Uma listinha fina, várias listinhas, evoluindo para listas grandes, horizontais e verticais, e mais nada além do som.

Pensei consertar

Fui desaconselhado por gente experiente por conta dos altos valores cobrados pelos especialistas. Desisti. Preferi doá-la a um sobrinho que está fazendo um curso de ‘consertador de televisão’. Iniciei nova batalha: compra de uma nova TV, tarefa 'facilitada' pela Internet na busca de preço, não fosse a Rede um campo minado de golpes. O jeito é ir ao shopping pesquisar, in loco, como nos velhos tempos.

Uma novela

Quem será campeão na Mauritânia? A bem da verdade, a não ser pelo futebol, não me faz tanta falta a TV. Lateja a violência nos Datenas da vida, são muitas Ludmilas para meus já cansados ouvidos, sobra a mesmice dos coloridos Hucks e Mions: sou do tempo dos Trapalhões em preto e branco. Mas um PSG x BAYERN pela Champions League ou um SERVETTE x LUDO pela Conference League, eu curto.

A violência

Afastou-me dos estádios e fez-me aderir ao futebol pela TV. Na telinha, além de mais confortável, é mais barato e menos perigoso. Aliás, com a TV quebrada, ainda estou por saber quem ganhou o clássico do Azerbaijão, neste domingo, entre NEFTÇI BAKU x ZIRA FUTBOL. Alguém sabe? Ainda bem que há o celular: vi o SUMGAYT empatar com o TURAN em 0x0.


Maria de Fatima Gaspar Pinheiro

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A famosa Mitafá sextou com a gente.

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A lenda de São Longuinho Em Braga, Portugal, depois de se percorrer uma longa subida, afastada do centro, chega-se ao Santuário do Bom Jesus do Monte, Patrimônio Mundial da UNESCO, na freguesia de Tenões. O Santuário, na área externa da igreja, oferece uma vista encantadora da região, um bondinho que se locomove à pressão da água e vários monumentos. Um em particular chama a atenção: a de um soldado montado a cavalo – Era a representação de São Longuinho.

Como assim?

São Longuinho não é uma lenda? Um soldado romano, de nome Cassio, no século I, servia à alta corte de Roma, e como possuía baixa estatura lhe era fácil achar os pertences das pessoas em baixo das mesas, não obstante problemas de visão, os quais devolvia de imediato. Levava fama de bom soldado e de sempre encontrar coisas perdidas. Destacado para servir na Judéia, no ato da crucificação de Jesus, se encontrava muito próximo, e há quem diga até que, foi quem enfiou a lança no coração dele. No espirrar sangue e água os olhos desse soldado foram atingidos e ele curado.

Conversão

Converte-se ao cristianismo no reconhecer que Jesus era mesmo o filho de Deus, e abandona o exército. Foge para Cesárea e depois para a Capadócia. Encontrado e denunciado a Pôncio Pilatos não renunciou à fé em Jesus e terminou por ser decapitado. São Longuinho, longuinho vindo do termo romano “longinus”, que significa uma lança, teve a trajetória de milagres referendada ao fato de enxergar coisas desaparecidas.

Santo

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O processo de canonização se arrastou por séculos, os documentos para sua finalização não eram encontrados. O Papa Silvestre II, à frente dos trâmites exigidos, na ocasião pede ao próprio Longuinho a interseção dele. Pouco tempo depois, no ano 900, os procedimentos foram concluídos.

Pula pula

No intuito de completar os esclarecimentos, os três pulinhos relacionados ao santo, seriam em agradecimentos aos integrante da Santíssima Trindade, um pulo para cada qual, pelo pedido atendido.


VALÉRIA BARBALHO

Autor

A médica e cronista sextou com a gente

No desfile das Escolas de Samba do Rio, uma agremiação desconhecida, para mim, me emocionou muito por conta do enredo. Foi a Arranco do Engenho de Dentro, com o tema "Nise: reimaginaçao da loucura". Linda, colorida, com belos quadros, cavaletes, tintas, pinceis e "pacientes" pintando a avenida, a Arranco homenageou a grande médica brasileira, pioneira na humanização, através da arte, dos hospitais psiquiátricos do Brasil, Nise da Silveira.

Essa extraordinária mulher

Conhecida mundialmente, revolucionou o tratamento da saúde mental. Adoro o tema Humanização da Medicina. Participei dos grupos do Hospital Universitário Osvaldo Cruz/UPE (A Arte na Medicina às vezes cura, de vez em quando alivia, mas sempre consola) e do Hospital das Clinicas/UFPE (Programa MAIS - Manifestações de Arte Integrada à Saúde). Como acho o assunto importantíssimo, decidi sextar falando sobre um médico humanizado da minha cidade.

Um médico humanizado do País de Caruaru

Recebi do advogado caruaruense Giovanni Mastroiani um áudio engraçadíssimo. Nele, profissionais da saúde cubanos, que vieram trabalhar no Nordeste, dizem que estavam desistindo dos seus cargos no programa “Mais Médicos” pois não entendem o que é dor nos quartos, espinhela caída, gastura, empachamento, escurecimento nos óios, íngua, passamento, bicheira, entojo, pereba, etc. Consequentemente, não conseguem tratar tais “doenças”. Morri de rir com essa gravação e me lembrei das histórias de um grande médico que trabalhou no País de Caruaru, na década de 50: o Dr. Mário Medeiros, um especialista em gente nordestina.

“Dotô Amaro”

Como a clientela o chamava, cuidava com carinho, atenção e respeito do povo simples que vinha dos brejos, principalmente nos dias de feira, para se consultar com ele. Não se embatucava com as queixas relatadas por esses pacientes no seu linguajar característico. Era um expert em nordestinidades. Se deliciava, contando aos amigos e mantendo a ética, as “ocorrências” mais pitorescas do seu concorrido consultório. Para homenageá-lo, meu pai, um desses amigos, registrou em artigos alguns desses “causos clínicos”, como os que seguem.

Certa vez

Atendendo a um velhinho, Dr. Mario perguntou: "o que o senhor tem?". Inocentemente, o senhorzinho respondeu: “eu tinha uma rocinha, mas, porém, a mofina deu nela, fez um estrago da brucuta e agora eu num tenho nem o sumago de nada”. De outra feita, o marido de uma paciente retorna, pós consulta, para dar notícias da sua mulher. Indagado pelo médico de como ela estava, o homem respondeu: “a muié tá tá e quá!”.

Noutra ocasião

Perguntando a um rapaz se ele tinha prisão de ventre, de imediato ouviu a resposta: “não sinhô, inté que eu sorto muito”.

Aí só eu

O caso mais conhecido do Dr. Mário, que virou lenda na cidade, foi a consulta de um casal de meia idade. Ao entrar na sala, o homem foi logo dizendo: “dotô, minha muié ta? sentindo muita dor na barriga”. O médico, depois de fazer as perguntas de praxe, disse que precisava examiná-la. Para tanto, orientou que a mesma tirasse a roupa, deitasse na maca e se cobrisse com o lençol. Para deixá-los mais à vontade, saiu da sala durante alguns minutos. Ao retornar encontrou a paciente deitada, coberta e o marido, em pé, ao seu lado. Dr. Mário começou, então, o exame. Quando foi palpar o abdome, avisou a mulher que se ela sentisse dor avisasse. Palpando a parte superior dessa região, perguntou: "dói aqui?". A mulher não respondeu nada. Ele continuou palpando, próximo a região do umbigo e, novamente, perguntou: "e aqui dói?". A mulher não deu nem um pio. Quando ia apalpar a regia?o abaixo do umbigo, o marido segurou firme a mão do me?dico e avisou: “Dotô Amaro, o senhor me adisculpe, mas daqui pra baixo deixe que eu incarco e o senhor pergunta se dói”.

Maravilha!

Salve Dr. Mário Medeiros!


WALMIR CHAGAS

Autor

Também conhecido como Veio Mangaba ou Mané Chinês sextou com a gente

Ele é irreverente. Politicamente incorreto. Rei dos triplos sentidos. Gênio da raça. Greia com magros, gordos, bonitos feios, azuis e encarnados. Nesse almoço com Geraldo Freire, o Comissário Melo e Paulo Abou Hana, bem, Mangaba no papel de Walmir, quebrou a coitada da velhinha escada. Ouça.


ROMERO FALCÃO

Autor

O cronista dos detalhes sextou com a gente.

Era uma vez um viajante urbano. A coberta da parada de ônibus não protege da chuva. A chuva é caridosa, cai como pluma. A calçada torna-se mais estreita porque abriga muitos " passageiros da agonia", vendedores de pipoca e um fiteiro que vende água, biscoito e cigarro. Na falta de espaço os coletivos passam tirando fino nos trabalhadores que aguardam a vez de virar prensa. Será que eles pensam o que eu penso agora? Parecem alheios a qualquer desconforto mental sobre sua condição precária de viajante urbano. Uma moça estende a mão, o Busão para. Ela entra, esquece a sombrinha molhada num pequeno banco do ponto. Um homem apanha, entrega ao dono do fiteiro.

Pobreza educacional

Um pedinte se arrasta sobre um carrinho de madeira. Agora é a mão da miséria estendida. A pressa, o preço da passagem, do café. A fé que sustenta um raio de esperança no dia seguinte. O céu escurece. Reflito, nublo por dentro. A pobreza educacional me rodeia numa rota de colisão. Até quando suportar essa indigna existência? Resignados, eles seguem viagem, sacolejando, tremendo, rastejando como lagartas que não conhecem a borboleta. Uma senhora sobe os degraus com dificuldade. Na mão, o livro preto. Lembro do gênio crítico de Gilberto Gil: "Olha lá vai passando a procissão se arrastando que nem cobra pelo chão".


FELIPE BEZERRA

Autor

O advogado poeta reapareceu e sextou com a gente.

Duradouro O abstrato habita o concreto./ Ninguém labuta no primeiro,/ nem o poeta, nem o pedreiro.


NELSON NUNES FARIAS

Autor

O Rei da Glosa sextou com a gente

O mosquito assassino O bichim é pequenino/ Mas faz medo a todo mundo/ Te ferroa num segundo/ Injeta um vírus ferino/ Homem, mulher e menino/ O povo tá todo aflito/ Pede socorro no grito/ Valei-me Frei Damião/ Nunca temi um leão/ Hoje temo até mosquito Mote: Raimundo Nonato


MARCELO MÁRIO DE MELO

Autor

O poeta militante sextou com a gente.

O LUGAR INCERTO Pensou poder dispor/ dos restos do banquete/ bandejas fartas/ rastros de requinte./ Mas soube que seriam só/ as sobras dessas sobras/ após servidos/ os criados na cozinha./ Então ficou pensando/ em sobrarem só/ restos nos pratos./ E congelou-se/ no facão da imagem/ na rua disputando restos/ entre vira-latas e mendigos.


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