Sarita Tabatchnik
Artista plástica, ceramista e cronista do dia-a-dia feminino
Ela é pernambucana e vive em Israel
https://www.instagram.com/saritatabatchnick/


Eu penso que algumas amigas minhas são ovelhas negras, no significado elevado da palavra, pois muitas vezes são as pessoas mais sadias e sábias da família.

OVELHAS DESGARRADAS
Esta denominação, meio pejorativa, porém quando usada no bom sentido, só nos mostra pessoas maravilhosas, muito diferentes, que tem propostas de vida incomuns, sem estarem apegadas a dogmas ou doutrinas a serem cumpridas. E assim, libertas, ousam mais e chegam aos objetivos.
Pessoas deste jeito, não se enquadram nos padrões estabelecidos pela sociedade como um todo ou no grupo social a que pertencem, apenas por pensar e agir diferente.

A ORIGEM DA PALAVRA
Segundo contam as estórias dos pastoreios, a ovelha que nascia negra, por uma mutação genética, não costumava acompanhar as outras e era mais difícil de cuidar e tratar delas, mesmo que fizessem de tudo muito bem, era difícil, não tinha como domestica-las.

OVELHA NEGRA DA FAMÍLIA
Na família, quando personalidade e comportamento de uma das pessoas, não reflete os valores e costumes impostos pelo grupo familiar, ela é a ovelha negra e simplesmente porque esta família não partilha sua maneira de estar na vida, a diferente está errada.
O ambiente da família é como uma pequena "igreja" ou "templo", cheia de costumes, regrinhas e doutrinas a serem obedecidas. Qual "ovelha negra" aguenta isto!

É UM ELOGIO SER TIDA COMO OVELHA NEGRA
Sim, para mim significa que o meu agir, meu jeito de ser, minhas decisões e meus objetivos são só meus, eu não ando imitando o comportamento do rebanho, que no final das contas, muitas vezes sem perceber, gosta de ser manipulado, afinal é muito mais cômodo e confortável ter um conjunto de regrinhas, basta segui-las e está de bom tamanho.
A família fica sossegada quando todos os membros "rezam na mesma cartilha", mas nem sempre isso acontece.

NÃO SE ESCOLHE SER DIFERENTE
Garanto que não escolhemos como propósito de vida, divergir de nosso meio, que não é só família, também a cidade ou até mesmo o país em que nascemos, que de alguma maneira não combinam conosco.
Eu desde muito novinha, sempre me vi fora do Brasil, não que não ache um país lindo, maravilhoso, mas como nasci e cresci no Nordeste, o Sul do país me encantava e embora um pouco tarde, eu saí do Recife para São Paulo, minha primeira empreitada, após os filhos casados. Daí em diante eu nunca mais voltei para ficar, só temporadas.
Meu pai me chamava ET da família, mas de uma forma engraçada e carinhosa. Minha mãe me enxergava diferente, um pouco além de meu tempo, mas nunca me designou um nome especial.

ASSUMIR E SAIR FORA
Como a música da grande saudosa Rita Lee: "Levava minha vida sossegada, gostava de sombra e água fresca. Foi quando meu pai me disse, filha você é a "ovelha negra" da família, agora é Assumir e Sumir".
Ora Rita Lee assumiu e se tornou a maior roqueira do Brasil, músicas lindas, letras inteligentes e inspiradoras e uma carreira de grande sucesso. Ser diferente no caso dela foi um grande benefício.

NÃO ESCONDA SEU PELO NEGRO
Se você se sente assim, perdida, diferente dos que te rodeiam, não necessariamente você está errada. Na maioria das vezes, está no lugar errado do planeta, convivendo com pessoas boas, mas que não te fazem crescer em ideias, artes, pensamentos e objetivos, portanto não se restrinja, pegue sua mochila e procure seu lugar no mundo.
É fácil? Não, nadinha, mas ovelhinha que nasce diferente precisa respirar outros ares, procurar sua tribo e construir para si o ideal de felicidade.
Quando fraquejar lembre da estória do "Patinho Feio", que só por estar no lugar errado não percebeu que era um cisne, belo e majestoso, que finalmente foi mostrar sua beleza e imponência nas águas tranquilas dos lagos azuis do planeta.

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