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INDEPENDÊNCIA FAKE - O SETE DE SETEMBRO TEVE OUTRO SIGNIFICADO

06/09/2023 - Jornal O Poder

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José Nivaldo Junior*

Fulminei hoje no debate de Geraldo Freire na CBN: "O 7 de setembro foi uma independência fake". Em síntese, a independência não aconteceu em um dia. Muito menos no 7 de setembro de 1822. Foi um processo, que durou de 1808 a 1831. Vejamos.

FIM DO MONOPÓLIO
Em 1808, aconteceu a independência econômica do Brasil. Com a chegada da família real, os portos foram abertos às "nações amigas". Acabou o monopolio, eixo econômico do sistema colonial. Liberdade para vender e comprar. Logo, repetindo, a independência econômica ocorreu em 1808.

REINO UNIDO
Desde 1815, o Brasil era "Reino Unido a Portugal e Algarves". Isso, em decorrência das deliberações do Congresso de Viena, que redefiniu o mundo após o terremoto provocado por Napoleão. Reino Unido é Unido. Independente. Igual. Integrado ao Reino português no concerto das nações, não mais dependente de Portugal. Logo, não há porque falar em independencia em 1822. Esta já existia. Desde 1815. Ponto.

RETROCESSO
Também com o 7 de setembro não houve mudança do status social. O país continuou com o mesmo perfil de atraso. Sequer a escravidão foi abolida, como aconteceu em quase todos os países da América Latina. Latifúndio, monocultura escravidão, isso tudo continuou como dantes.

E NA POLÍTICA?
É duro até dizer, mas houve marcha a ré. O governante continuou o mesmo Pedro, que era regente, na época. Portugues de nascimento, filho de D. Joao VI, logo, herdeiro do trono português. Continuou assim. E piorou. Com o 7 de setembro, saímos do Constitucionalismo, que já então estava vigente, após a Revolução do Porto, para o Absolutismo, já abolido na Europa. A frase de Pedro no Ipiranga foi: "Camaradas, as Cortes querem nos escravizar... de agora em diante, nosso lema é Independência ou Morte". Está nos livros da escola. Só que quase ninguém explica. A frase dizia respeito às Cortes, que era o nome dado à Assembleia Constituinte, e não ao governo do seu pai. Muito menos ao país Portugal. A Constituinte, que contava inclusive com deputados brasileiros, começou na cidade do Porto mas funcionava em Lisboa. O 7 de setembro rompeu com o constitucionalismo e resultou numa monarquia absolutista. Retrocesso total, que vai se configurando com o tempo. Contra o qual se insurge a Confederação do Equador, em 1824, em Pernambuco. Independência fake, no 7 de setembro.

VALE NADA?
É preciso reconhecer que o 7 de setembro teve seu papel no processo. Não o que lhe é atribuído. Houve retrocesso por um lado. Mudança por outro. Os governos que eram unidos se separaram. A palavra adequada nao é Independencia, que repito, já havia. É separação. A importância da data está na separação dos governos e da política externa. D. João VI continuou rei de Portugal. Seu herdeiro, Pedro, virou o Imperador Pedro I, do Brasil. Os governos, no entanto, se apartaram. O Brasil se separou, virou um país, como tal foi reconhecido internacionalmente. E isso seria irreversível. Tem o seu valor.

DE PAI PARA FILHO
De fato, aconteceu em 1922 um negócio de pai para filho. Recomendado por D João quando, em 1820, voltou a Portugal intimado pelas Cortes. Lembram-se da frase: "Pedro, bota a coroa do Brasil sobre tua cabeça antes que algum aventureiro o faça". Aventureiro significa brasileiro. Pai lá, filho cá. A data jamais poderia ser comemorada como "a Independencia". Aliás, só foi oficializada desse modo e como data nacional um dia desses, em 1946. Nem sempre teve o peso e o valor irreal que é dado hoje.

FORA TIRANO
Em tempo: o tirano Pedro I foi expulso em 07 de abril de 1831, data que completa o processo da independência. Com a expulsão, D Pedro foi para Portugal. Lutou contra o irmão, Miguel. Que tomou o trono dele, com a bandeira do absolutismo. Absolutista no Brasil, restou a D Pedro lutar pelo constitucionalismo. Converteu-se 100%. Venceu a luta contra o irmão. Assumiu o trono como D. Pedro IV e é herói lá. Que o heroísmo fique por lá. Nós, brasileiros, devemos muito pouco a esse que, aqui, foi um tirano cruel, da pior espécie. Assassino de patriotas, torturador, perseguidor e malvado. Pessoa do mal. Em Portugal, sua terra, lutou pela bandeira do bem. A vida é irônica.

INDEPENDÊNCIA TOTAL, ENFIM
D. Pedro II, tinha 05 anos quando o pai foi expulso. Assumiu o trono com 15 anos. Esse, era brasileiro e patriota. Com ele, o Brasil continuou com problemas mas ficou plenamente independente. Hoje, a grande luta no País não é pela independência. É pela defesa da democracia e da liberdade. E pela ampliação das conquistas da cidadania, que estão longe de serem plenas e distribuídas com justiça geográfica, social e política.
Essa é a vitória que queremos. Nos livrar da segregação, das injustiças, das discriminações.
Mais do que nunca, Cidadania plena para todos ou Morte.
Repetindo, essa independência social é a missao que a História exige da nossa e das proximas gerações.

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