O prefeito do Recife, João Henrique de Andrade Lima Campos, tem dois avós ilustres: pelo lado materno, o médico Cyro de Andrade Lima, morto em julho de 2022, pai de sua mãe, Renata Campos, cujas qualidades, trabalho desenvolvido e contribuição para a medicina de Pernambuco estão a merecer um reconhecimento mais expressivo. Pelo lado paterno, o escritor e poeta Maximiano Campos, falecido em 2008, pai de Eduardo Campos e um dos nomes mais expressivos da intelectualidade da sua geração.
Durante a gestão de Eduardo Campos como governador, o prefeito do Recife, João da Costa, deu o nome de Maximiano ao Parque de Apipucos. Sábado, o parque, requalificado, foi entregue à população. A novidade é que o nome do avô do prefeito não foi mencionado nos releases da prefeitura e não consta das placas mais visíveis do parque. Está nas placas de parede, mas é necessário um binóculo para enxergar.
A esse respeito, o Instituto Maximiano Campos emitiu a nota a seguir

PARQUE APIPUCOS MAXIMIANO CAMPOS

Sábado foi entregue à população do Recife o Parque Apipucos Maximiano Campos, que é um importante equipamento de lazer da cidade.
O Instituto Maximiano Campos e Antônio Campos, gestor do nome cultural e da obra de Maximiano, por força do inventário do escritor, havia alertado, por mais de uma vez, formalmente, a Prefeitura do Recife, para que fosse cumprida a Lei Municipal, sancionada pelo prefeito João da Costa, que dava nome ao Parque , uma vez que em todas as placas da obra de revitalização, na atual gestão, somente constava Parque Apipucos.

RECORDANDO

A inauguração na época contou com a presença do ex-governador Eduardo Campos, que assim se pronunciou: ‘’Muitas lembranças boas e muita emoção vem à minha cabeça neste momento. Agradeço a esse gesto de dar a esse parque o nome de um grande artista, que foi meu pai. Um homem de coragem, que fez sempre a opção da justiça na sua caminhada, rompendo conceitos e preconceitos, e viveu além do seu tempo. E é também com grande alegria que vemos a Prefeitura legar às pessoas um espaço de lazer às margens do Rio Capibaribe, que é marca desta cidade e símbolo de integração do Recife. Isso é parte de um esforço dessa gestão de dar à cidade espaços de convivência que propiciam qualidade de vida aos recifenses’’, palavras de Eduardo Campos, na inauguração, que seu filho tenta diminuir no seu gesto em querer praticamente tirar de fato o nome do escritor do parque para apenas Parque Apipucos.

ESCONDENDO

Sábado, na inauguração, restou demonstrado que a Prefeitura do Recife, na atual gestão, diminuiu a homenagem, colocando apenas uma diminuta placa de quase nenhuma visibilidade, o que contrasta com as homenagens, em outros parques do Recife, a outros escritores ou personalidades. No release da imprensa também só citou o nome Parque Apipucos.
A União Brasileira de Escritores emitiu sábado uma nota que reivindica que a homenagem se dê na proporção devida e justa à importância do homenageado. Já foi solicitado à OAB/PE, através da Comissão de Cultura, que a mesma se pronuncie sobre o assunto, já que o escritor era também advogado.

HISTÓRIA

O legado de Maximiano Campos é algo que engrandece as melhores tradições literárias e de resistência democrática na história de Pernambuco, tendo casado com a filha de Miguel Arraes, Ana Arraes, logo após o golpe militar de 1964. Seu casamento foi realizado na Base Militar da Aeronáutica, no Recife, cercado por forças militares, o que foi objeto de registro na série de livros sobre a ditadura, de Elio Gaspari, ante a singularidade na forma da realização da cerimônia.

REAÇÃO

O Instituto Maximiano Campos e o seu filho, Antônio Campos, lutarão pela justa homenagem, ora diminuída, o que não aconteceu em outros monumentos ou museus em outras cidades do Estado de Pernambuco, como Goiana, que possui o Museu de Arte Sacra Maximiano Campos, com o devido destaque do nome e também, a Escola Técnica Maximiano Campos, em Jaboatão dos Guararapes.
Estaremos entrando com um mandado de segurança no Tribunal de Justiça contra ato do Prefeito do Recife para o cumprimento da lei municipal.

Instituto Maximiano Campos/ Antônio Campos,
Recife, 18 de setembro de 2023