
ENTENDA A GUERRA - JUDEUS CONTRA PALESTINOS UM CONFLITO QUE DURA 3.500 ANOS
08/10/2023 - José Nivaldo Junior

A guerra atual de Israel contra os palestinos, começou exatos 50 anos e um dia após o início da chamada guerra do Yom Kippur.
Esse conflito durou entre os dias 6 a 25 de outubro de 1973, recebeu esse nome devido ao feriado judaico em que se iniciou: o Yom Kippur, considerado o dia mais sagrado do ano para o judaísmo. Como a guerra atual, a do Yom Kippur foi apenas mais um capítulo do mais duradouro conflito do Ocidente.
A GUERRA VEM DE LONGE
Começou mais ou menos em 1.250 a.C., quando os israelenses, após a saída do Egito sob a liderança de Moisés, entenderam que a Palestina seria a sua "Terra Prometida". Só que a região já era ocupada por alguns povos, entre os quais os Filisteus. O termo "filisteu" tem origem no vocábulo hebraico "plishtim". Tal comunidade é largamente citada no Antigo Testamento, onde aparece em passagens importantes da Bíblia, em meio às histórias de personagens como Abraão, Sansão e Davi.
Suas principais cidades eram Asdode, Ascalão, Ecrom, Gaza e Gate, hoje regiões do sul de Israel e Faixa de Gaza. Os palestinos atuais são descendentes diretos dos Filisteus. Olha aí. A Bíblia descreve muitas batalhas entre judeus e palestinos.

DAVI E GOLIAS
A mais famosa é a suposta disputa Davi X Goiás. Uma metáfora adequada. Os palestinos na época verá mais desenvolvidos tecnologicamente que os judeus. Os mais fracos conseguiram uma vitória parcial e estabeleceram o Estado de Israel, capital Jerusalém. Os filisteus/palestinos nunca se conformaram.
A guerra começou milênios atrás, e ainda não terminou, como se viu neste sábado, 07/10/2023.
GUERRAS E DIÁSPORAS
Depois de estabelecidos, por volta do ano 1.000 a.c., durante muitos anos os judeus de Israel brigaram entre si e com adversários diversos como babilônicos, assírios. Os babilônicos, no seculo VI a.C, destruiram o templo de jerusalem e levaram cerca de 10 mil judeus como cativos para a Mesopotâmia. Foram libertados pelo persa Ciro. Retornaram para a Palestina, sofreram diversos domínios. O principal foi o do romanos.
Estes ocuparam a região e enfrentaram diversas revoltas. Interessante é que os judeus utilizavam grupos "terroristas", a exemplo dos zelotes, o mais famoso deles. Supostamente, Judas era zelote, assim como Barrabás.

A GRANDE DIÁSPORA
Após a maior das revoltas, sufocada por Tito, que viria a ser Imperador de Roma, o Templo, reconstrução por Herodes, o Grande, foi destruído e a cidade transformada em cinzas. Como consequência, em 70 d.C. aconteceu a grande Diáspora e os judeus foram espalhados pelo mundo. Os que ficaram continuaram causando problemas ao Império até que os romanos tomaram medidas que inviabilizaram a permanência e a maioria preferiu mesmo se dispersar.
MANUTENÇÃO DA CULTURA
Durante dois milênios os judeus, espalhados pela Europa, África e depois América, conseguiram manter sua identidade étnica , cultural e religiosa. No Ocidente, é o único caso de um povo da antiguidade que mantém o mesmo calendário, língua, costumes e religião. Isso sem ter um territorio para chamar de seu, é impressionante.
ISRAELENSES X ÁRABES
O Estado de Israel foi criado em maio de 1948, como parte de um plano proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU). Seria um refúgio para os judeus depois da Segunda Guerra Mundial e o Holocausto. A ideia era boa, mas os Filisteus, ou seja, os atuais Palestinos, continuavam na região. E não concordaram em ceder suas terras para um povo que tinha abandonado a área quase dois mil anos. Acrescente-se que nesse meio tempo o cristianismo cresceu. Surgiu o islamismo. Religioes que também adotaram Jerusalém. A capital do Rei Davi tornou-se cidade sagrada para três religiões.
REJEIÇÃO
Se fosse um transplante demográfico, poderíamos falar em rejeição.
Desde sua criação, os países árabes da região não acataramn a presença israelense, devido principalmente às diferenças religiosas, mas também às disputas econômicas, territoriais e pelo domínio da cidade de Jerusalém, sagrada para ambos os lados.
TERRORISMO
Surgiram grupos radicais que atacaram os "invasores". Em legítima defesa, essa é a visão predominante no mundo árabe. Basta ler as notas dos principais países árabes, emitidas ontem. Todas reafirmam essa posição.
As ações desses grupos radicais, eventualmente, se tornaram conflitos armados completos. Um dos mais importantes foi a Guerra dos Seis Dias (1967), iniciada por Israel.
Os judeus conseguiram rápida vitória, com apoio militar e financeiro dos Estados Unidos. Assim, o novo Estado ampliou sua presença no Oriente Médio, anexando territórios que, outrora, pertenciam ao Egito e à Síria.
50 ANOS ATRÁS
A guerra do Yom Kippur, iniciada por países árabes, à frente o Egito e a Síria, terminou com a completa vitória de Israel, com forte apoio dos Estados Unidos. A União Soviética, neutralizada pelas ameaças de um conflito atômico mundial, não interveio em apoio aos árabes, como era esperado.
PAZ DE CAMP DAVID
Cinco anos depois da vitória de Israel na Guerra do Yom Kippur, em 1978, israelenses e árabes discutiram um acordo de paz em Camp David, retiro rural do presidente norte-americano, nos Estados Unidos. Na ocasião, o Egito reconheceu a derrota e o Estado de Israel.
TEVE TROCO
Em retaliação ao apoio do Ocidente a Israel, os árabes, na época os maiores produtores de petróleo do mundo, aumentaram o preço do barril do produto, levando a uma necessidade de se buscar novas fontes de energia.
PAZ
A rigor nunca houve. O Hamas, surgido pelos anos 1970, congregou os palestinos mais radicais. Sempre exercendo ações "terroristas", algumas vezes comandando revoltas abertas, como as denominadas Intifadas. Curioso que nas imagens de tv sobre as intifadas, os palestinos aparecem em plena era da modernidade, atirando pedras nos judeus usando fundas semelhantes à que Davi usou contra Golias. Ironia da História.
INTERESSES
Há uma enorme convergência de interesses pelas riquezas e posição estratégica milenar do Oriente Médio. Há uma guerra mundial em curso, ainda não generalizada, mas acontecendo. Há uma nova geopolítica, com a ascensão da China. Há uma nova concepção política entre os países árabes. Anotem esse nome.
Mohammed bin Salman (MBS). Era um jovem desconhecido por muitos fora da Arábia Saudita, até ser nomeado príncipe herdeiro. É o homem mais rico do mundo. Patrimônio avaliado em US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 5,8 trilhões). Solenemente desdenhado pela patética lista de bilionários da revista Forbes. Salman tem a pretensão de ser o novo Saladino, o sultão medieval que uniu os árabes contra as cruzadas, expulsou Ricardo Coração de Leão e ocupou Jerusalém como a capital do seu Império. Isso por volta de 1.209 d.C.
CONFLITO ANUNCIADO
Adicione a tudo isso os interesses do Irã, da Síria. Some o Hezbollah, uma organização política e paramilitar fundamentalista islâmica xiita, transnacional. Com forte base na Síria. E que já está dando o ar da graça nos ataques de ontem e hoje a israel. Adicione tambem os tradicionais interesses dos Estados Unidos e seus aliados. Está desenhado o quadro do capítulo atual desse conflito milenar.
" SURPRESA"
Hoje, o mundo parece perplexo. Ataque de surpresa, dizem. Perpetrado numa data religiosa, se escandalizam. Desconhecimento da História. Vem sendo assim há milênios. A estratégia já está no Antigo Testamento. Atacar de surpresa o inimigo foi estratégia muito usada pelos judeus antigos. Para os verdadeiros conhecedores da situação, não houve surpresa. Inclusive o governo de Netanyahu foi avisados pela inteligência das forças Armadas. Informação solenemente desprezada não apenas pelo governo ( que provavelmente queria a guerra) como por 999 em cada 1.000 análises que se ouve por aí. Essas, na quase totalidade, não estão preocupadas em explicar de modo imparcial e sim fazer militância para um dos lados.
MOSSAD
O mais eficiente serviço de inteligência do mundo. Monitora tudo o que acontece na Faixa de Gaza. Escuta todas as ligações telefônicas. Nada se move sem ser acompanhado por satélites ou drones. Mantém centenas de informantes infiltrados. Não existe nada perfeito. Porém o Mossad não detectar a preparação para um ataque dessa magnitude é simplesmente impossível. Aí, tem.
CAUSA IMEDIATA
Também ninguém fala que em abril deste ano, durante o Ramadã, mês sagrado muçulmano, aconteceu a intervenção da tropa de choque israelense dentro de Al Aqsa, mesquita sagrada muçulmana, que terminou com 350 detidos, segundo a polícia, e 37 feridos. Uma ofensa inominável.
NINGUÉM FALA TAMBÉM
Nos frequentes insultos e constrangimentos físicos e morais sofridos por homens e principalmente mulheres palestinas de todas as idades. Silêncio completo, da mesma forma, sobre o cerco econômico e as restrições ao direito de ir e vir dos palestinos em seu próprio território.
NADA CONTRA OS JUDEUS
Absolutamente nada, pelo contrário. Um povo diferenciado. Que não se confunde com a política militar do governo de Israel. Discordamos sobre a prática de violência, principalmente a praticada pelos governos do Likud, partido que abriga a centro-direita e a extrema direita israelense. Em alguns momentos, verdadeiro terrorismo de Estado. Que estimula a rivalidade milenar. E mantém a região como um depósito de pólvora com um bêbado fumando dentro.
AGORA
Começou mais uma fase anunciada da guerra. Só amadores ficam surpresos. Há exceções, claro. Ainda ha pouco um analista explicou calmamente na GloboNews a escalada do e contra o Hamas e os palestinos. Clareza total. Que não permite nenhuma autoridade se dizer "surpresa". Estava escrito. Não nas estrelas. Nos relatórios, mesmo.
Não leu quem não quis ou, quem sabe, contribuiu com a omissão voluntaria para o conflito eclodir em nova etapa.
* Diretor-geral de O PODER. Historiador. Profissional de marketing político. Da Academia Pernambucana de Letras.

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