
PARAÍBA – SÃO BENTO SE TORNA PARAÍSO DAS REDES
20/10/2023 - Jornal O Poder
Severino Lopes
Editor Regional O PODER
Um lugar que trabalha para gerar descanso. E que chama a atenção por sua vocação para fazer redes de dormir, que aliada a revolução tecnológica, e boas parcerias, transformam a vida dos pequenos e microempresários. E impulsionam negócios. Em São Bento, bem no coração do Sertão da Paraíba, a produção de redes levou a cidade a herdar o título de capital mundial das redes de dormir.

EMPREGO E RENDA
Terra que trabalha para gerar descanso, São Bento é uma das poucas cidades do Brasil, se não for a única, em que praticamente não tem ninguém desempregado. E a receita parece ser simples: coragem e ousadia. As mãos das mulheres rendeiras, o cultivo do algodão colorido por produtores da região, e a adesão aos recursos tecnológicos, trouxeram um novo boom econômico para o município.

AS RENDEIRAS
Na cidade, onde a seca é escaldante e o inverno demora a chegar, o mundo encontra refúgio e descansa sob as mãos “mágicas” das rendeiras, e ao som que ecoa das máquinas de tecelagem, que dão forma ao produto que no Brasil, ou em outro lado do planeta, nos lugares mais longínquos possíveis, alguém vai repousar e refazer as forças para tocar a vida adiante. Uma terra de gente empreendedora que mantém as raízes fincadas no passado, mas que ao mesmo tempo está conectada com o futuro.
POLO TEXTIL
As redes de dormir made in São Bento estão em todo canto do mundo. A cidade que ostenta o título de “Capital mundial das Redes” não para de se reinventar e de se render a ideais novas, revolucionárias e transformadoras que impulsionaram os negócios e o desenvolvimento da região.
FALA DO PREFEITO
Em contato com o Jornal O PODER, na manhã de hoje, sexta-feira (20/10), o prefeito de São Bento, Jarques Lúcio destacou o potencial da cidade na produção de redes, e garantiu que a gestão tem realizado ações para impulsionar ainda mais essa vocação do município. Também destacou as parcerias que a gestão tem feita para fomentar novos negócios, a exemplo da Feira de Negócios e Empreendedorismo da Paraíba (Fenemp) e a Expotêxtil.
“Sempre procuramos incentivar às parceria com o Governo do Estado, juntamente com o Sebrae, para valorizar e fortalecer o rendeiro, a feiteira, o nosso artesão de São Bento. Acreditamos no nosso potencial local e na importância das parcerias firmadas. Todo esse material nós produzimos juntos com o Empreender Paraíba e outros parceiros” afirmou ao PODER, o prefeito Jaques Lúcio.
FIOS
Os fios de algodão que fazem movimentar a economia local se conectam com novas tecnologias e transformam a pequenina cidade, com mais de 35 mil habitantes, localizada há pouco mais de 370 quilômetros da Capital, João Pessoa, em um gigante pólo têxtil gerador de empregos, negócios e oportunidades.
BONS NEGÓCIOS
O empresário Armando Dantas, um dos pioneiros deste ofício, contou que há muito tempo, quando a cidade ainda era um povoado, a produção de redes era vendida nas feiras livres e de porta em porta, a domicílio, e nas praias nordestinas. Em média, eles levavam até uma semana para fabricar uma rede de dormir.
COMÉRCIO ELETRÔNICO
O sistema de mascate ficou para trás quando os empreendedores perceberam que precisavam inovar para escoar a produção de forma mais eficiente. E mudaram as estratégias de venda a partir do advento da tecnologia.
A ERA DIGITAL
A saída foi aderir a era digital; partir para a automação e investir em tecnologias. Criatividade, ousadia e parceria compuseram a fórmula do sucesso. E evitaram a falência de muitos negócios. A automação permitiu a produção em larga escala e o investimento na qualidade dos produtos para atrair e conquistar mercados exigentes e concorridos como o europeu.
PARCERIAS
Um dos parceiros fortes que apresentou as condições para impulsionar o desenvolvimento da região, e manter a vocação dos empreendedores da cidade, foi o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PB), juntamente com a Prefeitura Municipal, conforme destacou o prefeito Jaques Lúcio.
A ADESÃO
O gerente regional da agência Sebrae em Pombal, Lúcio Magno Almeida Wolmer, que os microempresários acolheram a ideia de mudar a forma de produção, distribuição e venda de seus produtos e passaram a explorar mercados antes inimagináveis.
POTENCIAL
O gerente destacou o potencial têxtil de decoração e designer de São Bento, que possui atualmente mais de 2 mil negócios formalizados. A participação dos pequenos negócios, conforme relatou Lucio Magno, é de 94,5%, sendo que das Empresas de Pequeno Porte, 7,1% é EPP, 3,7 Micro e Pequenas Empresas (MPE) e 55,8% Microempreendedor Individual (MEI).
EVENTOS
Um dos eventos que ajudou a impulsionar os negócios foi a Expotêxtil Digital, cuja edição deste ano foi realizada no mês passado. Antes da pandemia existia toda uma estrutura física. No pós pandemia, a partir da Expotêxtil Digital, as empresas passaram a ser híbridas, com lojas físicas e, ao mesmo tempo, o comércio online via redes sociais.
“Hoje nós temos empresas que se tornaram campeãs de vendas dentro do Instagram. É um mundo totalmente novo, que surgiu com o advento da era digital. E sinto que podemos estar sempre à frente, na vanguarda, ajudando a todos os empresários” afirmou o gerente.
OS NÚMEROS
Os números refletem esse novo boom econômico que foi registrado na cidade. Um “milagre” que nasceu pós pandemia, gerando lucros, investimentos e oportunidades.
A PRODUÇÃO
Antes, a cidade produzia e comercializava por ano mais de 12 milhões de redes de dormir, vendidas para todo o Brasil. Após a intervenção do Sebrae, com as consultorias, feiras e capacitações que mudaram a mentalidade dos empresários, esse número cresceu significativamente. Hoje a cidade produz mais de 20 milhões de redes de dormir por ano, o que garante o título de uma das maiores produtoras de redes do Brasil, e um dos maiores polos têxteis do País.
PRIMEIRA LOJA VIRTUAL
Inovação, ousadia e transformação social. O som que ecoa das fábricas de tecelagem de São Bento produziu desenvolvimento. A automação proporcionou a produção em larga escala, sem abdicar do processo artesanal, mas foi a era digital e a revolução tecnológica que mudaram a vida e os negócios dos pequenos empresários de São Bento.
MIGROU
O empresário Francisco Nadjan Vieira, dono do grupo Redes de Dormir atua no segmento têxtil desde os 10 anos de idade. Cresceu em meio a produção de redes, sob o barulho das fábricas de tecelagem e se tornou o dono de uma das maiores empresas de redes de São Bento.
“Eu sou filho de redeiro. Meu pai, Seu Geraldo, foi redeiro durante muitos anos, viajou o Brasil inteiro, até o Paraguai, vendendo redes de forma ambulante, colocava uma rede no ombro e vendia de casa em casa, vendia nas praias”, conta Francisco Nadjan Vieira.
AS VENDAS
O empresário revelou ainda que desde que enveredou pelo comércio eletrônico não parou de inovar e recorrer às novas tecnologias, para que o produto chegasse ao maior número de pessoas possível.
O SUCESSO
Uma explosão de vendas. Quando começou com a loja virtual, Francisco Nadjan Vieira recebia em média 1 pedido por semana. Hoje a loja tem um portfólio de 100 pedidos por dia só nas vendas online. Essa performance chamou a atenção da Amazon, de quem a loja se tornou oficial. E de outas empresas virtuais de venda em todo o Brasil, a exemplo do “Mercado livre”.
VISÃO FUTURISTA
Essa visão futurista, de olho no exigente e competitivo mercado europeu, foi fundamental para o sucesso da Santa Luzia Redes e Decoração. O diretor da empresa, Armando Dantas, garantiu que o uso das novas tecnologias impulsionou de vez os negócios.
SIMPLICIDADE
Homem simples, com grande sabedoria e visão de mercado, o empresário apontou alguns dos fatores que ele acredita ter sido fundamental para o sucesso da empresa.
“Primeiro Deus. A nossa perseverança e os nossos esforços. E com quem nós somamos? Com o Sebrae, que foi quem nos deu a maior oportunidade no momento que nós precisávamos” reconheceu Armando Adonias Dantas Filho.

A REDE
O grupo é a única rede do mundo a conquistar o Prêmio de Reconhecimento pela Excelência Artesanal validado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
A ESTRUTURA
Hoje, a Santa Luzia possui uma capacidade de produção de aproximadamente 160 mil metros de tecidos mensais, que são utilizados como base para a fabricação dos mais diversos produtos, desde redes, mantas, almofadas, cortinas a tapetes.
AS LOJAS
A estrutura comercial da empresa é composta por quatro lojas próprias nas cidades de Natal (RN), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), e duas franqueadas em Brasília (DF), e Valparaíso em Goiás, na Chapada dos Veadeiros que colaboram para que os produtos estejam presentes nas principais redes varejistas do país, levando as redes de São Bento a conhecimento nacional.
FIOS
Fios que tecem história, que mantêm a tradução, geram negócios e garantem a sobrevivência de muitas famílias. Artesãs, que com os seus dons agregam arte e sentimento aos produtos que encantam os clientes, fazendo varandas, mamucabo, entre outros adornos.
SUSTENTABILIDADE
Sustentabilidade ambiental, inovação e uso adequado dos recursos naturais. Muitos empreendedores de São Bento, a exemplo da Santa Luzia Redes e Decoração, alia a sustentabilidade ambiental com inovação, por meio de suas produções baseadas na reciclagem de fios e na cultura do algodão colorido sem uso de aditivos ou corantes. Tudo ecologicamente correto.
O ALGODÃO
Como o cultivo não é irrigado e o tecido não é tingido, gera economia de 87,5% de água na cadeia produtiva do campo ao produto acabado. A produção de algodão orgânico do grupo Santa Luzia se concentra nos municípios de Brejo do Cruz, Belém do Brejo do Cruz, São Bento e São José do Brejo do Cruz, cultivados em sua maioria por comunidades quilombolas, em sistema de agricultura familiar, com uma produtividade média de 1.200 quilos de algodão por hectare.
A CIDADE
A relação de São Bento com as redes começou antes mesmo da emancipação da cidade, em 1959. As famílias estabelecidas na região já trabalhavam com fabricação de redes em teares manuais, e vendiam a produção como ambulantes. A profissão foi passada de geração em geração, e, com o surgimento da Internet e das vendas on-line, o comércio cresceu.
O PRIMEIRO VENDEDOR
O primeiro vendedor de sede saiu da cidade em uma camionete em 1964 e se deu bem. Depois dele, muitos outros vendedores romperam fronteiras, expandiram o negócio e conquistaram novos mercados.
Hoje São Bento é exemplo de uma cidade com um povo obstinado, que planejou e mostrou ser possível mudar a realidade através do desenvolvimento regional.
Esse é o prefeito

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