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ESPECIAL CANGAÇO - MEMÓRIAS DE UM CAÇADOR DE CANGACEIROS

30/10/2023 - Jornal O Poder

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O cel Manoel de Souza Ferraz, mais conhecido como Manoel Flor, não apenas caçou Lampião. Foi o comandante Geral das "volantes", contingentes formados por militares e civis que perseguiram implacavelmente o famoso cangaceiro até dar cabo dele. No livro " O Canto do Acauã", de Marilourdes Ferraz, publicado pela Bagaço e em 4a edição, diz Manoel Flor:
"Nasci em 20 de fevereiro de 1901, no lugar denominado Catarina, encravado na fazenda Ema, município de Floresta. A casa onde nasci era situada quase à extremidade da divisão fronteiriça entre o predito município e o da antiga Vila Bela, de modo que os meus primeiros passos foram palmilhados nos territórios das duas comunidades.




CAMPO DA EMA
A fazenda Ema, cujo primitivo nome era Campo da Ema, teve essa denominação caída no esquecimento; hoje só se conhece pela denominação 'Ema', integrante da propriedade Algodões, adquirida através de arrendamento por Manoel de Souza Ferraz, meu tetravô, no ano de 1819. Hoje, da casa onde nasci restam vagos sinais. Ali residi até a idade de nove anos."
Manoel de Souza Ferraz (Manoel Flor) guardava com carinho as melhores recordações do lugar onde passou sua primeira infância, na divisa dos dois municípios. Era ali que brincava com os irmãos e primos residentes nas propriedades vizinhas (Jericó, Jaburu e tantas outras), todas integradas à Ema, onde construíam currais de pedras que o tempo não destruiu de todo.





LIÇÕES DA INFÂNCIA
Um dos filhos mais velhos de João Flor, Manoel ajudava o pai nos trabalhos agrícolas e pecuários (João Flor possuía uma grande criação de caprinos). A responsabilidade, o amor ao trabalho e à família em tão tenra idade brotavam como traços marcantes de sua personalidade. "O senso de responsabilidade que julgo imprescindível ao homem ascendeu ao meu espírito quando ainda criança. Em toda a minha vida tive a concepção, no âmago da mente, de levar a incumbência, por mais simples que pudesse parecer, para o plano da seriedade", escreveria ele muitos anos depois.

CANGACEIROS E FANÁTICOS
Muito moço, já se tornara num dos homens de maior destaque nas lutas em defesa da gente sertaneja. Cangaceiros e pistoleiros, ao lado de fanáticos e revoltosos, fariam com que a sua vida transcorresse acidentada e perigosa, numa época em que se tornar soldado era mais do que nunca um grande risco. O nome de Manoel Flor veio a se tornar uma legenda no Estado de Pernambuco, sempre lembrado para desempenhar as missões mais difíceis numa época cheia de dificuldades.




PROSA E VERSO
Em todas as cidades em que exerceu sua profissão foi admirado e até cantado em versos pelos companheiros, amigos e vaqueiros:

"Mandei fazer uma corda
De couro de jacaré
Pra botar no meu cavalo
E fazer um rapapé
Puxar touro para o mourão
E botar laço em Manué”
Assim dizendo, o mais antigo e um dos mais bravos vaqueiros de Floresta do Navio, Manuel Nonato, tirava o seu chapéu de forma respeitosa para cumprimentar alegremente o velho amigo Manoel Flor.

CONQUISTAS
Esse assentou praça a 26 de fevereiro de 1925, mas já havia iniciado sua luta contra o cangaceirismo alguns anos antes. O coronel Manoel de Souza Ferraz exerceu, entre outras, as seguintes atividades:
Comandante do 1º, 2º e 3º Batalhão da Policia Militar de Pernambuco;
Comandante do Esquadrão de Cavalaria "Dias Cardoso";
Prefeito eleito do município de Floresta durante o quadriênio 1959/1963, período em que recebeu diploma como um dos prefeitos mais atuantes de Pernambuco, em solenidade realizada no Teatro Santa Isabel, em Recife;
Um dos idealizadores e fundadores da vila de Nazaré, aos 16 anos (1917);
Um dos sócios fundadores do Clube de Oficiais da Polícia Militar de Pernambuco, em Recife.
Em 1969, gravou depoimento no Museu da Imagem e Som da EMPETUR (Empresa Pernambucana de Turismo) sobre Ciclo do Cangaço. Neste ano, a Empetur e a TV Universitária realizaram documentário (Super 8) com o militar sobre o Ciclo do Cangaço, dirigido por Rucker Vieira.
Recebeu o diploma e a Medalha de Honra ao Mérito, Classe Ouro, post-mortem, pelos relevantes serviços prestados ao Estado de Pernambuco.
Na campanha contra Lampião exerceu o comando geral das forças volantes. Foi, ainda, comandante Geral das Forças em Operação no Interior do Estado – FOIE e também, Comandante Geral das FCCB-Forças de Combate Contra o Banditismo, atuando em todo o nordeste.

MATAR OU MORRER
Entre tiroteios e combates dos quais participou, podemos mencionar os seguintes: Enforcado (dois combates) Baixas, Xiquexique, caatinga de Pedra Ferrada, Abóboras (todos no município de Serra Talhada). Nazaré (Carqueja), Caraíbas, Serra Uman (Floresta), Pelo-Sinal e mais quatro combates no município de Princesa Isabel (Paraíba), Cachoeira do Galdino (Custódia), Fazenda Açude de Dona Rosa (Flores), Poço do Cosmo (Bom Conselho), Serra do Ermitão (Garanhuns), Gangorra, no ano de 1928, e Serra da Canabrava, Olho d'Água do Chico e Raso da Catarina, em 1932 (todos estes no município de Gló¬ria, Estado da Bahia), Pouso Alegre (município de Campo Formoso, também na Bahia).
Foi Delegado Regional em Limoeiro, em Pesqueira (por duas vezes), quando extinguiu o maior Sindicato do Crime daqueles tempos, também denominado de "Sindicato da Morte". Foi ainda Delegado Regional de Garanhuns, de Ouricuri e exerceu o cargo de delegado de polícia em Águas Belas, em Limoeiro (depois de ter sido ali Delegado Regional), a pedido dos próprios habitantes do município devido à sua atuação sensata e elogiada. Continuou como delegado de polícia em Vitória de Santo Antão, em Serra Talhada e por último em Flores, onde procedeu a pacificação política no município convulsionado pelas ferrenhas disputas político-partidárias

O bravo Nazareno é o patrono do 140o Batalhão da Polícia Militar, localizado no município de Serra Talhada.
Registramos aqui versos da canção do maestro, compositor e capitão da Aeronáutica, Moisés da Paixão,: Ode ao 14o Batalhão da PMPE:

"Tua origem te fez altaneiro
Acauã, guardião do Sertão
No combate ao atroz cangaceiro
Teus heróis consagraram teu chão
Pernambuco orgulhoso contempla
Teu passado repleto de glória
A bravura que hoje ostentas
Foi legada através da História...
...
Na caatinga teus bravos lutaram
Na conquista de um ideal
Defender nosso solo sagrado
Garantindo a paz social
Sobre os céus desta Serra Talhada
Paira sempre altivo condor
conduzindo os feitos sagrados
Do Patrono, Coronel Manoel Flor."

VIDA PRIVADA
Manoel de Souza Ferraz era casado com Maria de Lourdes Ferraz e faleceu no dia 19 de fevereiro de 1975, em Recife. Foi sepultado no
dia 20, data do seu aniversário, sendo levado por uma multidão de amigos, parentes e admiradores à sepultura em Nazaré.
Um homem que simbolizou um compromisso e uma época.

FOTOS
- Manoel Flor.
- Marilourdes Ferraz, sua filha, jornalista e escritora cujos textos fundamentaram essa matéria.
- Chefes de volantes.
- Um irmão de Manoel Flor, também volante.
E Manoel nos seus primeiros anos como volante.
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