
Meios de transporte de antigamente, por Carlos Bezerra Cavalcanti*
20/01/2024 - Jornal O Poder
O meio de transporte mais comum nos primórdios da vida urbana do Recife, tendo em vista, principalmente, às suas peculiaridades hidrográficas, foi o transporte fluvial.
A própria água potável, durante muito tempo, era conduzida de Olinda em canoas
Se verificarmos, ainda hoje, a localização dos antigos casarões ribeirinhos, veremos que as suas fachadas são voltadas para o rio.
Nas gravuras do Recife do Século XIX, podemos vislumbrar grande quantidade e diversidade de meios de locomoção fluvial, não apenas de pessoas, como também de móveis e outras (cositas mais)
A primeira carruagem
Segundo o incansável Francisco Augusto Pereira da Costa: (Anais Pernambucanos Vol.VI. pag.448) foi no ano de 1785 que apareceu, em Pernambuco, a primeira carruagem, embora esse meio de locomoção tenha sido idealizado na França, já no século XVII.
As cadeirinhas de arruar
Como informa o autor dos Diálogos das Grandezas do Brasil: "Por volta de 1616, as mulheres de classe social mais elevada, quando iam às ruas, eram conduzidas nos ombros dos escravos, metidas dentro de uma rede, pois ainda não se usava cadeira ou palanquim, como na Índia, e a rede é excelente para se andar nela por caminhos"
Como se deslocavam os "homens bons"
Já o sexo masculino, como disse Varnhagen, descrevendo as altas classes, trajavam veludos, damasco, sedas e desfilavam, briosamente,
em cavalos de alto preço, com selas e gibões das mesmas sedas das roupas e ricamente ajaezadas, só faltando, para o completo luxo de hoje, as carruagens, que, em Olinda e outras terras do Brasil, nem tinham entrado, ainda.
Andando na contramão
Contrariando a lógica e a coerência, o transporte rodoviário é cada vez mais mais utilizado, enquanto o fluvial, continua tergiversado. Atualmente, nosso trânsito está "engarrafado" e os rios cheios de garrafas e outros entulhos, além do flagrante esquecimento das autoridades.
As berlindas
Há não muito pouco tempo, se brincava: fulano está na berlinda, quem tem, pelo menos sessenta anos, deve se lembrar.
Por quê fulano está na berlinda?
E, cada um dizia: ele está na berlinda por isso, ou por aquilo, e assim era a inocente bricadeira que hoje, logicamente, não existe mais.
Também chamadas de Berlindas, ou cadeirinhas de arruar, mas isso é outra estória, que fica para o próximo sábado.
Imagens
Estampas de Luiz Schallapes - Passagem da Madalena-1871
* Carlos Bezerra Cavalcanti é historiador e integrante do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano.
