
As onças contra-atacam - Com o habitat destruído humanos passam a ser alvos
22/01/2024 - Jornal O Poder
Por Severino Lopes
Editor Regional O PODER
Rápidas, ferozes, perigosas e com as garras afiadas. Destruir o habitat natural dos felinos, é comprar briga com a natureza. E com consequências dolorosas. Os ataques de onça-parda a humanos são muito raros. Em geral os ataques ocorrem em situações onde o animal está acuado, sem possibilidade de fuga, em defesa de uma presa que ela conseguiu ou dos filhotes.
Comportamento
Segundo os biólogos, ela normalmente adota um comportamento de intimidação seguido de fuga. No entanto, o principal motivo que leva os felinos a contra atacar com seus dentes afiados, é a depredação de seu ambiente natural como a derrubada de árvores e outras depredações ao meio ambiente. É o que tem acontecido no Sertão de Pernambuco.
Os casos
Somente este ano, dois casos de ataque envolvendo uma onça-parda foram registrados no estado pernambucano. O mais recente e que acendeu um alerta, ocorreu na cidade de Belém de São Francisco, a cerca de 90 quilômetros de distância do município de Carnaubeira da Penha. Uma agricultora foi atacada por uma onça.

Em 13 de janeiro, uma outra agricultora, de 58 anos, levou mordidas e arranhões também de uma onça. A vítima, identificada como Maria Inez Freire Barros de Sá, de 58 anos, foi mordida nas pernas e braços, no momento em que trabalhava em uma roça.
Outro ataque
No ano passado, o homem fraturou pernas, braço e foi encaminhado às pressas para a Santa Casa de Corumbá. O homem de 40 anos, que foi atacado por uma onça-pintada na região do Paiaguás, no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
Após tomar conhecimento dos dois ataques no Sertão de Pernambuco, o médico veterinário, sanitarista do Governo de Pernambuco João Teobaldo, alertou que muitos ataques semelhantes poderão ocorrer com a soltura dessas onças e outras espécies.
As solturas
O especialista que coordena o Projeto Bosques de Pernambuco, desenvolvido pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, destacou em recente entrevista que as solturas desses animais por Órgãos de Defesa do Meio Ambiente, Federal e Estadual, resultariam em ataques à população humana e animais de todas as espécies.
“Então deixei essa pergunta que nenhum dirigente ou instituição a respondeu. De quem será a responsabilidade do pagamento das indenizações aos agredidos, suas famílias em caso de morte e também suas despesas hospitalares, com medicação e afins? Por enquanto já aconteceram esses dois e tantos animais quantos já morreram, principalmente Caprinos e Ovinos. Que eu saiba, nenhum proprietário foi indenizado e muito menos essas duas pessoas agredidas”, afirmou João Teobaldo.

Quatro espécies
Após uma agricultora de 58 anos ter afirmado que foi atacada por uma onça-parda, na cidade de Carnaubeira da Penha, Sertão de Pernambuco, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) confirmou a existência de quatro espécies no estado.
Destaque
Segundo o Ibama, em Pernambuco destaca-se a existência de quatro espécies de felinos que são as onça parda, jaguatirica, gato-do-mato ou gato-macambira e gato -maracajá. O órgão também reforça que os animais silvestres são protegidos por lei e que matar, perseguir, caçar ou maltratá-los é crime ambiental.
A relação com filhotes
Ainda segundo o Ibama, o caso ocorrido em Carnaubeira da Penha pode estar relacionado com um filhote de onça parda que ainda está em processo de aprendizagem de captura de presas ou uma fêmea com filhotes que estaria defendendo as crias.
Vida livre
A Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), destaca que o animal estava em vida livre, em seu habitat natural, e que, normalmente, a onça parda, bodeira ou suçuarana (puma concolor) evita a interação com humanos.
Protegido por Lei
A CPRH também destaca que a onça-parda é um animal silvestre, protegido pela Lei 9.605, que prevê que é crime matar ou caçar qualquer tipo de animal silvestre. As pessoas que cometem esses crimes, devem responder criminalmente e administrativamente.
