
Como ser mulher em Israel, um país em guerra - Coluna Semanal 'Gosto de ser Mulher', por Sarita Tabatcnik*
31/01/2024 - Jornal O Poder
Bem, não tem fórmula mágica para isto. Cada um tem formas próprias de adaptação à situações perigosas. Para quem nunca esteve num país em guerra, como eu, é um pouco mais complicado, mas nos viramos. Marido israelense, já conheceu muitos atentados e guerras. Eu sou uma marinheira de 1° viagem, de guerra, espero que seja última.

O dia 7
Neste caso bem específico estou falando de minha própria vida desde o dia 7 de Outubro, quando toda nossa vida ficou impactada com uma terrível e selvagem invasão dos terroristas do Hamas. Um ataque a homens, mulheres, idosos, crianças e bebês, todos civis, muitos estavam numa festa ao ar livre e outros dentro de suas próprias casas. Tudo feito por centenas de terroristas sádicos, ruins e extremamente cruéis que mataram neste dia mais de 1.200 inocentes e fizeram mais de 230 reféns, metade até hoje está prisioneira. Em simultâneo, um ataque de mais de 70 mísseis em todo país.
Ficamos uma semana dentro de nossa casa apavorados, tristes, confusos, realmente não sabíamos o que fazer da vida.

Cotidiano
Quase tudo fechou no país na primeira semana, mas tínhamos que abastecer a casa, comprar remédios e estas pequenas coisas funcionavam nas cidades fora da zona de guerra, então fizemos isto no raio de no máximo 1 km de casa, porque ainda havia um grande número de terroristas espalhados no país, que foi literalmente invadido.
Era perigoso as pessoas ficarem nas ruas, nós estávamos todos muito atordoados, sem rumo, pois vivíamos nossas vidas tranquilas, na normalidade de nosso país. Como a guerra continuou e infelizmente continua, nós fomos nos adaptando a conviver com esta nova realidade.
Nós passeávamos muito nos finais de semana, por todo país que é pequeno, muito perto uma cidade da outra, uma delícia passear por Israel, mas agora tudo isto "está proibido", ou seja, é perigoso.
Há casamentos, Bar Mitzvah e outras tradições, mas tudo sem festa, realmente sem celebrações, que são características de nosso povo, festejar a vida com alegria e sempre gratidão ao Deus de Israel. É complicado, é triste, mas temos que continuar na vida.

Riscos do dia-a-dia
Continuando, nossa vida diária foi modificada mas fomos seguindo, não esquecendo que diariamente somos atacados por no mínimo 20 mísseis nas principais cidades do norte e do sul do país, que inclusive estão evacuadas. Portanto existem milhares de famílias israelenses morando em hotéis ou imóveis pagos pelo nosso governo. Estes não podem trabalhar, nem estudar, ou ter suas vidas normais. Até bem pouco tempo, eram mais de 50 mísseis por dia, sem dia nem hora para aparecerem, além dos atentados terroristas aqui dentro. Todas as semanas as pessoas sofrem ataques terroristas, nas ruas das cidades mais importantes.
As exposições de arte
O mercado de arte é muito forte em Israel. Há muitos artistas de todas as áreas por aqui. O movimento artístico é quase que diário nas galerias.
Agora, aos poucos, este movimento está voltando, inclusive tive um quadro numa exposição que festejava o Outono que só agora foi realizada, na Galeria de Arte da Casa Sionista da América, que fica em Tel Aviv. Mas não fomos porque a noite é a hora preferida de lançamento de mísseis e não nos arriscamos com isto.
Finalmente nós só esperamos que os reféns sejam devolvidos, porque só por este motivo, esta guerra ainda segue. Se nós não tivéssemos este compromisso com nossos cidadãos civis inocentes tudo isto já teria acabado. Esperando que dias melhores, iluminem os céus de Israel.
*Sarita Tabatchnik é artista plástica, ceramista e cronista do dia-a-dia feminino
Ela é pernambucana e vive em Israel
https://www.instagram.com/saritatabatchnick/