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Gol de Letra – Coluna Semanal por Roberto Vieira* - Segurança máxima em Pernambuco

19/02/2024 - Jornal O Poder

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Não havia presídios de segurança máxima espalhados pelo Brasil. Não havia Mossoró. Talvez porque todo o país fosse um presídio, segundo a oposição. Lúcio Flávio Vilar Lírio tem um Q.I. de 131, recorde nas penitenciárias brasileiras. Boa pinta, irônico, ele denuncia as mazelas do sistema prisional nacional aos jornais, contando todas as minúcias de suas fugas. E olhe que Lúcio Flávio é recordista de fugas no Brasil. Foram mais de trinta em trinta anos de vida. Quando chega no Recife para cumprir sua pena na Casa de Detenção, o inteligente Lúcio Flávio não pode deixar de pensar. Aquela é a prisão com a visão mais bela do mundo. Juntamente com Alcatraz.

Exército

Lúcio Flávio foi expulso do Exército por um motivo sui generis. Roubava automóveis que estacionava tranquilamente nos pátios do quartel até ser descoberto. Preso, Lúcio foi conduzido à antiga Casa de Detenção do Recife, prédio com resquícios do tempo do Império com vista para as belas águas do Capibaribe. Sem pestanejar, Lúcio fez amizade com os detentos, bancou um motim e saiu tranquilamente para a liberdade, um tanto saudoso do visual local. A liberdade durou pouco. Ele foi preso novamente no Rio de Janeiro, assistindo a um clássico nas tribunas especiais do Maracanã. Detido, escapou cinematograficamente a caminho do foro. Vestido de padre.

Hospital Pedro II e Casa de Detenção

O engenheiro Mamede Alves Ferreira era uma espécie de faz-tudo na Província de Pernambuco em meados do século XIX. De uma tirada só, Mamede fez o projeto de três marcos da arquitetura recifense: o Ginásio Pernambucano, o Hospital Pedro II e a Casa de Detenção do Recife. O insólito presídio defronte do Rio Capibaribe foi erguido com mais de 8 mil metros quadrados de área construída, sendo entregue em 1867 ao povo com um custo de 800 mil contos de réis. Com o passar dos anos, foi testemunha de rebeliões, assassinatos políticos – João Dantas e seu cunhado Augusto Caldas – além de servir como recado para os delinquentes locais de como o Estado pode ser onipresente. Quando quer.

Brennand

O arquiteto Francisco Brennand vivia chateado com aquela casa de Detenção no seio do Recife. Quando era chefe da Casa Civil do governador Miguel Arraes, ele acordava e dormia com a ideia de transformar o presídio em unidade de educação e cultura. Pena que o golpe militar levou Arraes, Brennand e a tal ideia para o submundo da história. Até que o governador Eraldo Gueiros se cansou também daquele arcabouço medieval de visão insólita perto de si e mandou os detentos para Itamaracá.

Alcatraz

Alcatraz era uma ilha famosa por seus pelicanos (alcatrazes). O governo norte-americano arrematou a ilha por 5 mil dólares em 1846 e a transformou em base militar e depois em presídio. As fugas de Alcatraz sempre foram consideradas impossíveis. A temperatura das águas e a força das marés na ilha são lendárias. De qualquer forma, sempre foi difícil compreender o presídio situado numa das vistas mais belas do planeta entre as cidades de San Francisco e Oakland, com a Golden Gate emoldurando o pôr do sol. Curiosamente, Alcatraz foi designada Marco Histórico Nacional e local turístico em 1976. Mesmo ano em que a Casa de Detenção do Recife se tornava Casa da Cultura.

Fugas cinematográficas

Lúcio Flávio foi assassinado enquanto dormia no Complexo Penitenciário Frei Caneca, no dia 30 de janeiro de 1975. Em 1977, o cineasta Hector Babenco filmou LÚCIO FLÁVIO: O PASSAGEIRO DA AGONIA, com o ator Reginaldo Faria. Em 1979, Clint Eastwood estrela o célebre FUGA DE ALCATRAZ. Ambos se tornaram campeões de bilheteria em Recife e no Brasil.

Nota: Interessante observar que a transferência de presos da Casa de Detenção do Recife foi feita majoritariamente para a Penitenciária Agrícola de Itamaracá. Paraíso turístico belo como Alcatraz.

*Roberto Vieira é médico e cronista

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