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Diversidade Religiosa – Coluna Semanal por Carlos André Cavalcanti* - Ciência como vocação

11/04/2024 - Jornal O Poder

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Foi Max Weber que cunhou este título acima há um século atrás. A conferência Ciência como Vocação tornou-se um clássico obrigatório nas Ciências Humanas. Lembrei muito deste texto quando uma pessoa que atua de alguma forma na vida acadêmica me pediu para deixar de usar os textos do mestre alemão porque, na concepção dela, um homem branco, europeu, heterossexual e cristão deve necessariamente ser substituído por outra pessoa que seja o oposto disso tudo. Eu já vinha notando uma certa dose de irracionalismo em alguns setores juvenis do vasto campo da luta identitária, mas confesso que fiquei muito mal impressionado com a proposta... Até notícia uma certa falta de vocação para a ciência.

Um preconceito por outro

A luta identitária LGBT+ é importantíssima para a implementação de direitos de segmentos sociais nunca antes respeitados. A Civilização Cristã, mesmo com suas fortes contradições, tem assistido ao avanço gradual de justas conquistas, mas é preciso muito mais. Nenhuma outra civilização fez nada parecido até agora. Entretanto, tentar banir pensadores que não pertencem à condição LGBT é uma mistura de inocência política com autoritarismo. Junto com Weber, teríamos que banir Marx, Durkheim, Conte, Delumeau, Bloch, Freyre, Florestan, Buarque de Holanda, etc e tal. E pior: arriscaríamos trocar um preconceito por outro.

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Perda de apoiadores

O jornalista Pedro Dória, do Canal Meio no YouTube, avaliou os danos para o próprio movimento identitário causados por alguns posicionamentos de exclusão e patrulhamento ideológico. Sugiro assistir! Nota-se que falta ainda o necessário apoio social para que as reivindicações LGBTs caminhem mais fortemente. Posicionamentos como este de tentar substituir a leitura de Weber, afastam apoiadores já conquistados e distanciam muito mais aqueles que ainda não o foram. É um tiro no pé! Enquanto isso, o fundamentalismo religioso acha graça e cresce, inclusive para cima da comunidade LGBT+...

Honrar o passado

As lutas das mulheres, dxs pretxs e de LGBTs não podem ser reduzidas ao uso do pronome neutro e à busca de pensadores brancos cristãos a serem banidos. Dos três grupos sociais citados, o LGBT é o menos reconhecido nas plenárias e nos poderes principais do Ocidente. Para crescer, sua ação precisa honrar as mulheres e homens que lutaram no passado por conquistas efetivas nas relações de poder do mundo capitalista, como, por exemplo, melhores salários, horários de trabalho, licenças maternas e de saúde, creches, conteúdos escolares, disciplinamentos dos espaços públicos (que são distintos dos espaços religiosos), etc... Ou seja, ter foco para ampliar os apoios já recebidos.

Autor

*Carlos André Cavalcanti é pós-doutor em Ciências das Religiões e professor da UFPB

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