
Tendencias do mundo - Marrocos, a nova rota da prosperidade, artigo por Marcelo S. Tognozzi* com o Poder360.
23/04/2024 - Jornal O Poder
Sebastião tinha 24 anos quando liderou a descarga de cavalaria que custaria sua vida contra as tropas de Mulei Maluco, na batalha de Alcácer Quibir, em 1578. Já se vão quase 500 anos. Sebastião, rei de Portugal, desapareceu em meio ao combate, muito sangue, muita pólvora, surpreendido pela astúcia e a superioridade bélica do inimigo, cujo exército de 60 mil homens era quase 3 vezes maior que o seu.
Sebastião
Encontrou a morte perto da cidade de Tanger, onde funciona um dos mais importantes complexos portuários do mundo. Seu corpo jamais foi encontrado e ele se tornou um mito. Durante longos anos os portugueses nutriram a expectativa de que Sebastião retornaria vivo, pronto para reassumir seu trono.

O Marrocos
Sempre fascinou os europeus. Dono de uma posição geográfica estratégica, foi a partir das praias marroquinas que os árabes chegaram à Europa nos anos 700, cruzando o estreito de Gibraltar, a porta de entrada do Mediterrâneo, lá permancendo por 800 anos até serem expulsos pelas tropas dos reis católicos no fim do século 15. Franceses e espanhóis dominaram o Marrocos e até hoje as cidades de Celta e Melilla são posessões.

Hoje
O Marrocos continua fascinando não apenas a Europa, mas países emergentes como o Brasil. Governado por uma monarquia constitucional, modelo semelhante ao da Espanha, Holanda e Suécia, o país tem no rei Mohamed VI um estadista. Ele transformou seu país numa democracia com uma constituição liberal. Há 25 anos no trono, Mohamed VI investiu em tecnologia e infraestrutura, fez o Marrocos líder na produção de fertilizantes com a OCP, empresa que fatura mais de US$ 11 bilhões por
Também
É líder em tecnologia agrícola em regiões semiáridas e tem o principal porto do Norte da África em Tânger, cujo grande diferencial são as águas profundas, capazes de receber navios de grande porte. Uma das atribuições do rei é cuidar da política externa. Sua estratégia de valorizar a posição geográfica privilegiada do Marrocos no Norte da África, o aproximou do Brasil.

O rei
Nomeou Nabil Adghoghi embaixador no Brasil. Diplomata habilidoso tem colhido frutos importantes. Aproveitou oportunidades criadas pelos conflitos na Europa e Oriente Médio e negocia a instlação de uma fábrica da OCP no Brasil, a qual terá capacidade de suprir grande parte da demanda da nossa agricultura, atualmente dependente dos fertilizantes russos. O embaixador também está engajado em abrir frentes na produção de energia limpa, inclusive hodrogênio verde, pela empresa marroquina Green Energy Park (GEP). O esforço vem dando resultado. O comércio bilateral começou a decolar e já ultrapassa dos US$ 3 bilhoes.
Foram firmados
Tratados importantes, sendo o principal deles o que garante tratamento igualitário e segurança jurídica para marroquinos e brasileiros. Há outros tratados importantes de cooperação militar e de desburocratização na área aduaneira. Até a Polícia Federal fechou com sua homóloga marroquina cooperação operacional.
Em breve
A Embrapa terá um escritório no Marrocos voltado para o desenovolvimento de pesquisa agropecuária. De olho nestas oportunidades, a senadora Daniela Ribeiro (PP-PB) e o governador da Paraíba João Azevedo irão ao Marrocos em busca de intercâmbio para melhorar o desempenho da agricultura do semiárido nordestino. E ainda este ano deve ser reativada pela Royal Air Maroc a ponte aérea entre São Paulo e Casablanca.
O Brasil
Sempre privilegiou as relações com os países subsaarianos, especialmente nos governos do PT. O problema é que hoje estes países sofrem forte influência chinesa. O governo Xi Jinping tem investido pesado nesta região e competir com a China não é algo simples. O Magreb no Norte da África, tem grandes oportunidades, especialmente para o Brasil que poderá usufruir da posição estratégica do porto de Tanger para acessar mercados tanto da Europa quanto da África e Oriente.
Em campo
Depois de encantar o mundo com seu futebol na copa de 2022, conquistando um honroso 4º lugar, o Marrocos sediará o campeonato mundial de futebol de 2030 junto com Portugal e Espanha. Será um dos eventos mais importantes pela riqueza cultural e diversidade, unido pela primeira vez africanos e europeus.
Imaginário
O Marrocos das aventuras do sheik de Agadir, do Rick’s Bar do Casablanca de Humphey Bogart e Ingrid Bergman e da batalha de Alcácer Quibir ainda percorre o imaginário do Ocidente, com seus mistérios. Naquele 4 de agosto de 1578, quando d. Sebatião enfrentou o sultão Mulei Maluco, a batalha que manchou de sangue o chão de Alcácer Quibir, matou os 2 comandantes, num jogo com perdas para ambos os lados.
Hoje
Passados quase 5 séculos, a inteligência e a sabedoria prevaleceram sobre a violência e a barbárie. Guiado por seu rei estadista, o Marrocos caminha para se tornar a nova rota da prosperidade.
*Marcelo Tognozzi, referência no jornalismo brasileiro contemporâneo, também é consultor e profissional pioneiro em Relações Inter Governamentais.

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