
Acidente ou atentado? Parte da população comemora morte do impopular presidente do Irã
20/05/2024 -
A queda do helicóptero dom o presidente do Irã Ebraim Raisi tem a versão mais plausível de um acidente diante das péssimas condições climáticas e visibilidade da área. Mas, segundo a revista inglesa The Economist, Raisi tem uma longa lista de inimigos internos, desde os moderados relativos que ele marginalizou até os colegas conservadores que o consideram um presidente inepto. Não é pouco razoável imaginar se os inimigos domésticos conspiraram para matá-lo.
Dúvidas sobre Israel
Sem surpresas, alguns iranianos também se perguntaram se Israel teve um papel no acidente. Os dois inimigos de longa data entraram em confronto no mês passado: após Israel assassinar um general iraniano em Damasco, o Irã retaliou com uma saraivada de mais de 300 mísseis e drones visando Israel. O Mossad, serviço de espionagem de Israel, tem uma longa história de assassinar seus inimigos, incluindo no Irã, onde matou cientistas nucleares proeminentes.
Tolice matar presidente
Mas há fortes razões para duvidar do envolvimento de Israel. Primeiro, o país nunca chegou ao ponto de assassinar um chefe de Estado, um ato de guerra inequívoco que convidaria a uma feroz resposta iraniana. Seria tolice arriscar tais consequências para matar Raisi, um político profundamente impopular que não tem a última palavra em muitas das decisões políticas mais importantes do Irã. Quem manda no final é o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.
Juiz da forca
Poucos iranianos lamentarão sua morte. Eles vão lembrar de Raisi como o “juiz da forca”, um promotor em Teerã que ajudou a enviar milhares de prisioneiros políticos para a forca em 1988. Atualmente controlava a Patrulha Religiosa que obrigava as moças a cobrirem a cabeça com o véu islâmico. Por a falta do véu, foram presas algumas e uma delas morreu. E lembrarão dele por sua incompetência no manejo da economia — o presidente que encheu seu gabinete com militares e clérigos que assistiram enquanto o rial, a moeda iraniana, perdia 55% de seu valor em menos de três anos.
Eleição dentro de 50 dias
A constituição estabelece um processo claro para a sucessão. Uma nova eleição deve ser realizada dentro de 50 dias, com o vice-presidente, Muhammad Mokhber, assumindo a presidência até então. Ele é conhecido como um burocrata, e não é um operador político poderoso.
Regime impopular
O Conselho de Guardiães, um grupo de proeminentes clérigos e advogados, decide quem pode estar na cédula eleitoral. Antes da última eleição presidencial, em 2021, desqualificaram centenas de potenciais candidatos; dos sete permitidos para concorrer, apenas Raisi tinha uma chance plausível de vencer. Embora o regime seja impopular entre muitos iranianos, é provável que a teocracia possa suprimir quaisquer protestos públicos que surjam em torno de uma eleição, como fez no passado.
